Nesta sexta-feira, 20 de junho, começou a aguardada Semana de Moda Masculina de Milão (MFW), abrindo o calendário internacional com as coleções Primavera/Verão 2026. Reconhecida por ditar tendências e apresentar algumas das mais influentes casas de moda do mundo, a MFW retorna este ano com uma programação mais compacta — mas ainda assim repleta de novidades.
Serão 15 desfiles físicos, 41 apresentações e 17 eventos paralelos, em um formato que reflete a transição da indústria para modelos mais dinâmicos e híbridos. Muitas marcas continuam apostando em apresentações digitais ou experiências multimídia, reinventando a forma de exibir suas coleções e ampliando o alcance para públicos ao redor do mundo.
Com Milão abrindo a temporada, os holofotes da moda masculina se voltam novamente à capital italiana e a promessa é de inovação, estilo e criatividade em cada look apresentado.
milan fashion week mens: fiorucci
A Fiorucci trouxe à passarela uma coleção vibrante, divertida e cheia de personalidade. Um dos grandes destaques foi o uso criativo do body paint, que simulava tops estampados e até interferia nos cabelos dos modelos, criando um efeito visual curioso e cheio de charme.
Sob a direção de Francesca Murri, a marca apostou em uma estética que mistura romantismo adolescente, referências pin-up e um toque irresistível dos anos 80. A passarela foi tomada por poás, babados, balonês, listras gráficas e hotpants, tudo em uma cartela dominada pelo vermelho intenso.
A alfaiataria leve e descontraída apareceu para todos os gêneros, com peças que equilibram elegância e frescor. Para os homens, destaque para os suéteres delicados, smokings repaginados e mini cardigãs com franjas, enquanto o feminino flerta com o sportwear e o navy, sempre com bom humor e um toque lúdico.
O ponto alto? Os looks pintados, que confundiam o olhar e flertavam com a ilusão de ótica — um aceno ao espírito irreverente da marca, quase como se tudo tivesse saído de uma comédia romântica estilosa e colorida.
milan fashion week mens: dolce & gabbana
A Dolce & Gabbana apresentou sua nova coleção intitulada “Pyjama Boys”, uma proposta ousada e bem-humorada que eleva o pijama ao status de peça fashion. Com uma estética leve, escapista e despretensiosamente sofisticada, a marca apostou em conjuntos de duas peças com modelagens amplas e bem construídas — exaltando o conforto com elegância e personalidade.
A coleção equilibra habilmente alfaiataria desconstruída, tricôs artesanais e tecidos suaves, em uma paleta suave e aconchegante. Listras verticais, poás e animal prints se misturam em sobreposições inusitadas, criando combinações ousadas e contemporâneas. Detalhes como debruns típicos de sleepwear e recortes estratégicos em moletons reforçam o espírito cool e despreocupado da temporada.
Entre cardigãs, bermudas fluidas e casacos de crochê com ar artesanal, o desfile constrói uma narrativa de liberdade e frescor — em que o vestir se torna quase um gesto de autocuidado estilizado. E, como não poderia faltar, o toque final vem com os pijamas bordados, que encerram a apresentação com brilho e irreverência. Uma coleção que prova que, para a Dolce & Gabbana, o conforto nunca é sinônimo de simplicidade — mas de atitude, charme e refinamento.
milan fashion week mens: empório armani
A Emporio Armani apresentou uma coleção que reafirma com maestria a elegância atemporal da marca — mesmo sem a tradicional aparição final de Giorgio Armani, cuja assinatura segue evidente em cada detalhe. Nesta temporada, a inspiração veio de Taznakht, região nas montanhas do Atlas, no Marrocos, conhecida por sua rica tradição têxtil e artesanal.
As referências orientais foram incorporadas de forma sutil e refinada: padronagens que remetem a azulejos, acabamentos acetinados e tecidos elaborados dialogaram com o universo de Armani de maneira discreta e contemporânea. A cartela de cores foi suave e harmoniosa, com tons de areia, rosa antigo e cinza, reforçando a proposta de um luxo calmo e sensorial.
O desfile teve início com uma energia esportiva, marcada por peças em náilon com recortes e debruns, que lembravam o clima de uma maratona estilizada. Aos poucos, a coleção evoluiu para um visual mais relaxado, porém extremamente preciso, com calças amplas, batas soltas, túnicas longas, coletes com franjas e alfaiataria leve — peças que unem conforto e sofisticação sem esforço.
O resultado foi uma ode à constância criativa de Armani, que continua traduzindo a estética do Oriente com respeito e inteligência visual, oferecendo uma moda que se mantém sólida e relevante, mesmo em um cenário em constante transformação.
milan fashion week mens: prada
A Prada apresentou sua coleção Primavera/Verão 2026 com uma proposta mais leve e despretensiosa, afastando-se de um conceito central rígido — algo incomum na narrativa provocativa de Miuccia Prada, mas ainda assim fiel ao seu olhar sofisticado e instigante.
Com uma elegância contida e discreta, a coleção revisita a estética dos anos 60 por meio de silhuetas ajustadas, cortes retos e conjuntos que remetem a agasalhos esportivos vintage, reinterpretados com frescor e charme nostálgico. A cartela de cores é majoritariamente neutra, mas ganha energia com tons vibrantes pontuais, que quebram a sobriedade com leveza.
Miuccia brinca com proporções de forma inteligente: casacos alongados contrastam com calças encurtadas, criando uma composição visual moderna e bem equilibrada. Os acessórios — práticos, coloridos e funcionais — reforçam o apelo utilitário da coleção.
O único ponto dissonante são as estampas florais gráficas inspiradas nos anos 70, que destoam do restante da proposta e parecem deslocadas dentro do conjunto. Ainda assim, a coleção reafirma a capacidade da Prada de unir simplicidade e sofisticação com uma assinatura inconfundível.
milan fashion week mens: vivienne westwood
Após oito anos longe das passarelas milanesas, a Vivienne Westwood fez um retorno impactante com a coleção “Colazione da Andreas”, apresentada em um ambiente intimista e carregada do espírito irreverente que é marca registrada da casa. Guiada pelo tema “Dandy Meets Granny”, a proposta funde a elegância clássica com um charme retrô inusitado, criando um jogo estético entre o refinado e o excêntrico.
Sob a direção criativa de Andreas Kronthaler, a coleção mergulha em referências do Renascimento europeu, reinterpretadas de forma contemporânea e livre de rótulos de gênero. Silhuetas fluidas, volumes esculturais e contrastes marcantes de textura construíram um desfile provocativo, que desafia os códigos tradicionais do vestir masculino.
Entre os destaques, um top de tule vermelho transparente bordado com flores e uma cueca boxer rosa-choque com estampa floral sobre xadrez preto sintetizam com perfeição o espírito ousado, sensual e provocador da coleção — um verdadeiro manifesto de moda livre, teatral e indomável, fiel ao legado de Vivienne.
milan fashion week mens: Giorgio armani
A nova coleção de Giorgio Armani reafirmou a elegância serena que define a marca, mesmo sem a tradicional aparição do estilista ao final do desfile. Com uma paleta de tons frios como azul e cinza, suavizada por toques de lilás e pink vibrante, a proposta trouxe frescor à sobriedade característica da casa.
A alfaiataria fluida e desestruturada, marca registrada de Armani, apareceu com cortes soltos, mas refinados — paletós amplos sem exagero, casacos alongados e jaquetas de linhas retas. O destaque ficou por conta do trabalho primoroso com os tecidos, incluindo texturas sofisticadas e efeitos lavados que adicionaram personalidade às peças.
A narrativa da coleção transitou do universo “corpcore” com ecos dos anos 80 para uma estética mais leve e despretensiosa, pontuada por acetinados e sutis referências orientais. Mesmo em sua ausência física, Armani mostrou que sua visão permanece firme: uma moda atemporal, coerente e sensível à passagem do tempo.
A única ressalva foi o excesso de looks, que diluiu levemente o impacto de uma proposta que, ainda assim, mantém o padrão de excelência que se espera do mestre italiano.
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