Com uma abordagem livre de amarras e altamente emocional, o novo álbum de Tyler, The Creator rompe com estruturas rígidas e revela os bastidores da sua criação artística. No auge de sua carreira e criatividade, Tyler, The Creator surpreende o público mais uma vez com o lançamento de seu nono álbum de estúdio, DON’T TAP THE GLASS.
O disco foi revelado de forma inesperada durante um show da turnê CHROMAKOPIA no Brooklyn, marcando uma nova fase em sua trajetória. Fugindo das narrativas lineares e da estética conceitual que marcou projetos como IGOR e Call Me If You Get Lost, Tyler opta aqui por um registro visceral, espontâneo e quase cru, convidando o ouvinte para dentro de sua mente em ebulição.
Em uma publicação no Instagram, o artista explicou: “Não é sobre controle ou recepção. Sou só eu de novo. Um pouco mais alto, um pouco mais solto. Quis deixar a tinta escorrer dessa vez.” Com essa declaração, ele sintetiza o espírito de DON’T TAP THE GLASS: não é um manifesto, mas um vazamento emocional controlado, e esse paradoxo é exatamente o que torna o álbum tão magnético e memorável.

Caos e liberdade sonora desde o primeiro acorde
A faixa de abertura, “Big Poe”, estabelece imediatamente o clima do álbum. Com metais agressivos, ruídos estáticos e uma entrada vocal abrupta, a música dispensa introduções tradicionais. Tyler chega falando, quase interrompendo um pensamento, e é exatamente esse fluxo solto que permeia todo o disco. A energia é intensa, densa, mas ao mesmo tempo carregada de ironia e liberdade. Em vez de guiar o ouvinte, ele o arrasta para dentro do turbilhão.
Essa opção estética cria um ambiente em que a experiência sonora é mais importante que a narrativa. Há um sentimento de urgência, como se cada faixa fosse composta em um único fôlego. O resultado é um álbum que parece menos editado e mais instintivo, com texturas ricas e estruturas imprevisíveis que refletem o estado emocional do artista.
Vulnerabilidade e beleza em meio ao ruído
A segunda faixa em destaque, “I’ll Take Care of You”, representa uma mudança de tom. Com camadas de sintetizadores aveludados e vocais distorcidos, a música se aproxima da sensibilidade emocional de IGOR, mas com um toque mais íntimo e frágil. Tyler canta como quem tenta manter algo unido enquanto tudo desmorona, e essa tensão cria uma das faixas mais tocantes do álbum.
A produção é nebulosa, melancólica e protetora. Em vez de uma canção de amor tradicional, ela se apresenta como um gesto de cuidado em meio ao caos emocional. É um momento de pausa, onde a suavidade não é um alívio, mas parte da turbulência interna.
O silêncio como encerramento simbólico
O encerramento do álbum, com a faixa “Tell Me What It Is”, não entrega respostas. Em vez de uma conclusão redonda, temos um fade-out incômodo, cheio de incertezas. A voz de Tyler surge mais baixa, quase cansada, enquanto repete perguntas que ecoam sem resposta. É como se, pela primeira vez, ele parasse de se mover, e deixasse o pó assentar.
Esse fim abrupto e proposital reafirma que o álbum não pretende seguir expectativas. Ao contrário, ele se firma na ausência de resoluções, refletindo um artista mais interessado em expressar do que em concluir. Essa honestidade desconcertante é o que torna o disco tão autêntico.
Um álbum que desafia rótulos e abraça o processo
Com dez faixas que fogem de estruturas tradicionais, DON’T TAP THE GLASS não busca coesão ou perfeição. O que Tyler entrega aqui é um retrato fiel do seu processo criativo: em constante movimento, instável, cheio de riscos. Ao abandonar gêneros definidos e narrativas rígidas, ele cria uma obra que é, acima de tudo, dele.
Essa abordagem permite que o ouvinte entre em contato com a essência do artista, suas contradições, impulsos, silêncios e excessos. Tyler não quer ser compreendido totalmente. Ele apenas quer ser ouvido como é, naquele exato momento.
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tyler, The cReATOR: A imprevisibilidade como força criativa
O novo álbum marca mais um ponto de virada em uma carreira que se reinventa a cada passo. Tyler, The Creator não se acomoda, e DON’T TAP THE GLASS é prova disso. Ao rejeitar fórmulas e abraçar o inesperado, ele mantém sua voz artística relevante e imprevisível.
O disco não é sobre hits ou mensagens claras. É sobre processo, liberdade e ruptura. Para os fãs, é um convite a acompanhar o artista em tempo real. Para a crítica, é um desafio de análise. E para Tyler, talvez, seja apenas mais um passo em direção à sua liberdade plena de criação.
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