Grupo Armani é multado em US$ 4 milhões por greenwashing e práticas trabalhistas irregulares

A Autoridade Antitruste da Itália aplicou uma multa de 4 milhões de dólares ao Grupo Armani por supostas práticas comerciais desleais e declarações enganosas relacionadas à sustentabilidade. Segundo a investigação, a marca divulgou mensagens que exaltavam sua responsabilidade ética e ambiental, mas que não condizem com a realidade identificada em parte de sua cadeia produtiva.

A penalidade chega em um momento simbólico para a grife italiana, que se prepara para celebrar seu 50º aniversário durante a próxima edição da Milan Fashion Week, na temporada Spring/Summer 2026. A empresa, que nega as acusações, anunciou que irá recorrer da decisão e afirmou, em comunicado oficial, que sempre agiu “com máxima transparência e retidão”.

Grupo Armani é multado em US$ 4 milhões por greenwashing e práticas trabalhistas irregulares
Foto: Reprodução

Produção terceirizada e irregularidades no “Made in Italy”

A investigação apontou que parte da produção de artigos de couro da Armani estaria sendo realizada por empresas terceirizadas que não cumprem normas trabalhistas básicas. Foram encontrados casos de violações de segurança no trabalho e uso de mão de obra ilegal, comprometendo a integridade da cadeia produtiva associada ao prestigiado selo “Made in Italy”.

Não é a primeira vez que o grupo enfrenta esse tipo de acusação. Em meados de 2024, a Justiça italiana já havia imposto uma intervenção de 12 meses na empresa por motivos semelhantes, medida que foi revogada apenas em fevereiro de 2025. Os recorrentes episódios levantam questionamentos sobre a real responsabilidade das marcas de luxo no monitoramento de seus fornecedores.

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Greenwashing em foco: entre marketing e realidade

O termo greenwashing define a prática de comunicar um compromisso ambiental ou social que, na prática, não é respeitado. No caso da Armani, o regulador italiano considerou que as ações publicitárias da marca promoviam uma imagem de sustentabilidade sem respaldo concreto em auditorias de produção.

Nos últimos anos, o setor da moda tem sido amplamente criticado por estratégias que romantizam a sustentabilidade sem comprovação real. Essa abordagem tem se tornado alvo de regulamentações mais rígidas, especialmente na Europa, onde há uma crescente pressão por transparência e rastreabilidade na indústria.

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O luxo italiano na mira das autoridades

A multa imposta à Armani reflete um movimento mais amplo das autoridades italianas em fiscalizar o uso do selo “Made in Italy”. Considerado sinônimo de excelência, exclusividade e artesanato de alta qualidade, o rótulo agora está sendo minuciosamente avaliado para garantir que represente, de fato, práticas legais, humanas e sustentáveis.

Outras marcas de prestígio, como Valentino, Dior e Loro Piana, também já enfrentaram investigações similares, mostrando que o foco não está restrito ao fast fashion internacional. A atenção se volta, cada vez mais, ao próprio setor de luxo doméstico, responsável por parte significativa da reputação e economia do país.

Veja também: Giorgio Armani e Kith lançam segunda colaboração.

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O futuro da sustentabilidade no setor de moda

Enquanto a França impõe novas regulamentações ao ultra fast fashion, atingindo principalmente empresas como Shein e Temu, a Itália começa a reavaliar seus próprios ícones de luxo. A punição à Armani reacende o debate sobre os limites entre marketing e responsabilidade real, destacando a urgência de práticas éticas em todas as etapas da cadeia produtiva.

Com o mercado e os consumidores mais atentos do que nunca, a pressão por autenticidade nas promessas sustentáveis se torna central para o futuro da moda. Marcas que não conseguirem alinhar discurso e prática correm o risco de perder credibilidade, mesmo quando possuem décadas de história e prestígio internacional.

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