Arte e moda se encontram: a exposição de Eugene Kangawa com A-Poc Able Issey Miyake

A intersecção entre arte contemporânea e moda ganha novo capítulo com a colaboração entre o artista Eugene Kangawa e a equipe A-Poc Able Issey Miyake. A iniciativa será apresentada pela primeira vez durante a Art Basel Paris, que acontece entre os dias 24 e 26 de outubro de 2025, reunindo uma série de fotogramas do artista e novos tecidos inspirados por sua pesquisa visual.

O projeto, sediado no Lycée Turgot Paris, no terceiro distrito da capital francesa, reflete o compromisso da maison japonesa em transformar conceitos artísticos em experiências têxteis. Com curadoria arquitetônica de Tsuyoshi Tane, a exposição não apenas apresenta obras acabadas, mas também revela o processo criativo, incluindo peças de teste, ferramentas e a evolução dos experimentos.

Arte e moda se encontram: a exposição de Eugene Kangawa com A-Poc Able Issey Miyake
Foto: Divulgação

A origem do projeto e a série Light and Shadow Inside Me

A colaboração nasce da série “Light and shadow inside me (2022–)”, criada por Kangawa. Inicialmente composta por pinturas verdes feitas com luz solar, a obra evoluiu para fotogramas monocromáticos que utilizam apenas papel e luz. Essa investigação sobre efemeridade e existência conecta-se diretamente com a filosofia humanista de Issey Miyake, sempre voltada ao diálogo entre corpo, tecido e natureza.

Kangawa explica que o processo explora o ato de desaparecer e reaparecer como linguagem estética. O uso da luz como matéria-prima cria um jogo poético entre presença e ausência, capaz de provocar reflexões sobre memória e percepção. Essa abordagem se tornou a base para o trabalho conjunto com Yoshiyuki Miyamae e sua equipe.

Filosofia estética aplicada ao têxtil

O encontro entre arte e moda resultou em um tecido descrito como “bit-level textile”, fruto da desconstrução do fio em sua menor unidade. A equipe da A-Poc Able utilizou apenas linhas pretas e brancas, explorando variações de densidade e padrões de tecelagem para traduzir o fenômeno da luz e da sombra.

Segundo Miyamae, a estética minimalista de Kangawa inspirou a criação de um novo vocabulário têxtil, onde cada fio funciona como um pixel em uma tela de tecido. O resultado é uma matéria que une tecnologia, artes visuais e moda, reafirmando o conceito original da A-Poc: “a piece of cloth”, lançado por Issey Miyake em 1998 como proposta universal de repensar a construção do vestuário a partir do fio.

Exposição como experiência sensorial

Mais do que contemplar obras, o público terá a oportunidade de vivenciar o processo criativo por meio de visitas guiadas com Kangawa e Miyamae, além de workshops interativos. A exposição, portanto, torna-se um espaço educativo e sensorial, permitindo que os visitantes compreendam como a arte pode migrar para o tecido e como o design pode nascer da luz.

Essa abordagem reflete a convicção de que a moda não é apenas vestimenta, mas também narrativa cultural e experiência estética. Ao compartilhar bastidores e testes, o projeto amplia a percepção do público sobre a criação contemporânea e a integração entre arte e funcionalidade.

Arte e moda se encontram: a exposição de Eugene Kangawa com A-Poc Able Issey Miyake
Foto: Divulgação

Itinerância internacional e legado futuro

Após Paris, a mostra seguirá para Tóquio e Osaka, consolidando o alcance internacional da iniciativa. A partir de 2026, será exibida permanentemente no Eugene Museum em Bali, reforçando a ambição de transformar o projeto em um marco cultural duradouro.

Essa itinerância conecta três polos criativos, Europa, Ásia e Sudeste Asiático, em torno de uma mesma narrativa, expandindo a relevância da colaboração. O gesto reafirma a importância da parceria entre Kangawa e A-Poc Able como um exemplo de como moda e arte podem ultrapassar fronteiras e criar novos territórios de experimentação.

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Um encontro entre memória, luz e criação coletiva

No cerne do projeto está a convergência entre memória, matéria e imaginação. O diálogo entre os fotogramas de Kangawa e a pesquisa têxtil da A-Poc Able traduz-se em um convite a repensar o papel da moda e da arte no cotidiano.

Assim, a exposição mostra como um simples fio pode carregar significados profundos, transformando-se em linguagem para narrar histórias de existência, efemeridade e criação coletiva. Entre sombra e luz, o público é conduzido a um espaço em que a moda deixa de ser produto para se tornar experiência cultural.

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