Novo modelo mistura trail, ballet e corrida retrô e se firma como o tênis mais experimental da marca italiana até agora.

A Bottega Veneta Orbit Flash surge como o capítulo mais ousado da trajetória recente da maison italiana no universo dos sneakers. Depois do sucesso imediato do modelo Orbit original, lançado há dois anos e rapidamente adotado por nomes como Lil Yachty e Hailey Bieber, a marca decidiu levar a silhueta a um território ainda mais experimental.
Agora, a Bottega Veneta Orbit Flash abandona qualquer compromisso com o óbvio. O novo tênis mistura referências improváveis e reflete um momento claro da moda contemporânea: a ascensão dos sneakers finos, leves e visualmente estranhos, que desafiam expectativas e códigos tradicionais de luxo.

A evolução do Orbit e a virada criativa da Bottega Veneta
Quando a Bottega Veneta apresentou o Orbit original, o modelo se destacou como uma leitura sofisticada do chamado “dad shoe”, com acabamento metálico e referências ao universo da ASICS. O sucesso foi imediato.
A partir daí, o design começou a se transformar. O Orbit Flash levou as proporções a um extremo mais esguio, mais rápido e menos robusto. Essa mutação culmina agora na Bottega Veneta Orbit Flash em sua versão mais radical, que abandona o conforto previsível e aposta em conceito.
O novo modelo não tenta agradar a todos. Ele se posiciona como um experimento de linguagem, algo que foge do repertório clássico da marca, historicamente associada a sapatos de couro refinados e silhuetas tradicionais.
Bottega Veneta Orbit Flash e o híbrido entre trail e ballet
O que torna a Bottega Veneta Orbit Flash tão singular é a combinação de referências aparentemente incompatíveis. A base do tênis dialoga com o universo dos trail shoes, trazendo sobreposições em nylon ripstop resistente e cadarços com sistema de ajuste por toggle, típicos de calçados técnicos para terrenos irregulares.
Ao mesmo tempo, a sola extremamente fina remete aos tênis de corrida dos anos 1970, como o icônico Nike Moon Shoe. Essa unidade se estende levemente para trás, criando uma sensação de continuidade e leveza visual.
O elemento mais inesperado, porém, é o colarinho elástico. Inspirado diretamente nas sapatilhas de ballet, ele comprime o cabedal e força a sola a assumir uma curvatura quase orgânica, em formato de banana. Na Bottega Veneta Orbit Flash, esse detalhe transforma o sneaker em algo próximo de um objeto de design.

Nota da redação
O uso de colarinho elástico em sneakers de luxo acompanha uma tendência crescente, vista também em modelos recentes da Prada e de Dries Van Noten, que exploram conforto e forma como conceitos centrais.
Entre o retrô e o pós-trail de luxo
O resultado final da Bottega Veneta Orbit Flash é difícil de classificar. O modelo funciona simultaneamente como um runner retrô, um calçado pós-trail de luxo e mais um capítulo da onda “ballerina sneaker” que vem ganhando força nas passarelas e no street style.
Esse hibridismo é um reflexo direto do momento atual da moda, em que categorias rígidas perdem espaço para propostas mais fluidas. A Bottega Veneta Orbit Flash não se prende a função específica. Ela existe como conceito, como experiência estética e como comentário sobre o futuro do calçado de luxo.
Disponível por cerca de US$ 990, o modelo está distante do Orbit Y2K que deu origem à linha. Mas essa distância é intencional. Ela sinaliza como a marca prefere evoluir por meio do risco, não da repetição.
O Orbit Flash no cenário dos sneakers contemporâneos
A Bottega Veneta Orbit Flash chega em um momento em que o mercado se afasta dos sneakers volumosos e abraça silhuetas mais delicadas. Modelos de sola fina dominam as coleções recentes, substituindo o maximalismo por linhas mais sutis e afiadas.
Nesse cenário, o sneaker da Bottega dialoga com propostas como o runner elástico da Prada e o modelo pós-Samba extremamente enxuto da Dries Van Noten. Ainda assim, ele se destaca como um ponto fora da curva dentro do próprio portfólio da marca.
Enquanto a Bottega Veneta segue oferecendo calçados clássicos e tênis de quadra tradicionais, a Bottega Veneta Orbit Flash surge como um manifesto experimental. Um produto que assume o estranhamento como valor estético.

Bottega Veneta Orbit Flash e a nova lógica do desejo
Mais do que um lançamento curioso, a Bottega Veneta Orbit Flash ajuda a explicar como o desejo no mercado de luxo está mudando. O foco não está apenas na beleza convencional, mas na singularidade. No impacto visual. Na sensação de novidade real.
Ao abraçar uma estética que flerta com o desconforto visual, a marca reforça sua posição como laboratório criativo. A Bottega Veneta Orbit Flash não quer ser universal. Quer ser memorável.
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