De 23 a 29 de setembro, Milão assume os holofotes da moda internacional, consolidando-se, ao lado de Paris, como uma das semanas mais aguardadas do calendário fashion.
A temporada chega marcada por mudanças históricas e estreias de peso. Versace apresenta sua primeira coleção sem Donatella, agora sob o olhar criativo de Dario Vitale, em um formato mais intimista. Já a Gucci, com Demna à frente, dá continuidade ao impacto do lançamento surpresa da SS26, reforçando sua nova linguagem com um fashion film estrelado por Demi Moore.
Outra novidade é a chegada de Simone Bellotti à direção criativa da Jil Sander, após 16 anos de trajetória na Gucci, trazendo frescor e expectativa para o futuro da maison.
Entre os desfiles mais aguardados, destaque absoluto para a Bottega Veneta, que apresenta a estreia de Louise Trotter, conhecida por sua passagem por Carven, Lacoste e Tommy Hilfiger. Sua missão é clara: reposicionar a marca com sofisticação e apelo global.
E, claro, a Armani ganha um tom de reverência e emoção. Após a recente morte de Giorgio Armani, o mestre eterno do clássico, a maison se apresenta em Milão em um momento de memória e homenagem.
Com tantas mudanças criativas, Milão chega intenso, renovado e cheio de promessas, consolidando uma temporada que já entrou para a história da moda.
Milão fashion week – alberta ferretti



Alberta Ferretti apresentou uma coleção leve, sofisticada e extremamente fiel ao DNA da maison, agora sob a direção de Lorenzo Serafini. A passarela foi marcada por uma atmosfera etérea, que equilibrou delicadeza e modernidade em peças que respiram atemporalidade.
Com cortes fluidos, tecidos que acompanham o movimento do corpo e uma alfaiataria confortável, a marca reafirmou sua vocação em traduzir elegância sem rigidez. Os tons claros dominaram a paleta, transmitindo frescor e leveza, enquanto detalhes sutis trouxeram brilho e sofisticação.
Entre os pontos altos da coleção, apareceram looks bicolores, conjuntos coordenados, além do retorno do animal print, aplicado de forma refinada. Plissados delicados, acabamentos impecáveis e toques de dourado estratégico reforçaram o ar minimalista da proposta, uma sofisticação silenciosa que se mantém fiel à essência de Alberta Ferretti: elegância sem exageros, sutileza como forma de luxo.
Milão fashion week – jil sander



A tão aguardada estreia de Simone Bellotti na direção criativa da Jil Sander marcou o início de uma nova fase para a maison alemã, conhecida por seu rigor minimalista e sofisticação silenciosa. A coleção apresentou um minimalismo atualizado, realçado por toques de cor inesperados, como laranja vibrante, azul cobalto intenso e roxo profundo — que trouxeram frescor à estética tradicional da marca.
A proposta foi construída sobre alfaiataria precisa e casacos acinturados, símbolos de uma silhueta elegante e funcional, mas sem rigidez. Os cortes inteligentes renovaram peças básicas do guarda-roupa contemporâneo, dando-lhes uma nova leitura. Havia também referências discretas aos anos 90, década marcada pelo auge da Jil Sander, que serviram como ponto de conexão entre passado e presente.
A estreia de Bellotti demonstrou não apenas respeito ao DNA minimalista que consolidou a maison como um ícone do design moderno, mas também uma habilidade em apontar caminhos para o futuro. Essa coleção inaugural equilibrou memória e inovação, sugerindo um novo começo promissor, capaz de ampliar o alcance da marca sem perder sua essência.
Com essa apresentação, a Jil Sander reafirma sua posição no calendário internacional como um espaço onde o minimalismo não é limitação, mas sim a base para reinvenções constantes.
Milão fashion week – fendi



Sob a direção criativa de Silvia Venturini Fendi, a maison apresentou uma coleção vibrante, impregnada pelo espírito leve e luminoso do verão.
O desfile misto trouxe uma paleta suave em tons pastéis, que se alternava com estampas florais delicadas, transparências sutis e texturas arejadas, evocando frescor e naturalidade.
Materiais artesanais como tricô e crochê ganharam protagonismo, reafirmando o valor do feito à mão, enquanto as cores neutras, clássicas do repertório da marca, foram reinterpretadas com modernidade, transmitindo uma elegância descontraída, sem abrir mão da sofisticação.
A coleção reforçou a identidade da Fendi, equilibrando tradição e inovação, e traduzindo o verão em sua forma mais refinada.
Milão Fashion Week – max mara



Nesta temporada, a Max Mara trouxe uma leitura inesperada e sofisticada ao reinterpretar a estética Rococó sob uma lente contemporânea, na coleção intitulada “Rococó Modern”.
A maison manteve sua assinatura de elegância atemporal, explorando uma cartela de tons sóbrios que dialogam com a modernidade, mas sem abrir mão da delicadeza. A passarela revelou desde alfaiataria refinada e conjuntos de verão bem estruturados até vestidos minimalistas, contrapostos por modelos mais volumosos, enriquecidos por detalhes sutis em organza.
O resultado foi uma proposta que equilibra com maestria o clássico e o moderno, traduzindo a opulência do Rococó em uma versão urbana, sofisticada e perfeitamente alinhada ao espírito contemporâneo da Max Mara.
Milão Fashion Week – Prada



Miuccia Prada e Raf Simons apresentaram uma coleção que celebrou os contrastes, reafirmando a ideia de que o simples, quando trabalhado com inteligência criativa, pode alcançar um nível de sofisticação profunda.
A dupla explorou o universo do utilitarismo com peças como macacões de estética uniforme, que ganharam novo sentido ao serem contrapostos a elementos de delicadeza e luxo, como luvas de cetim alongadas, casacos refinados e saias plissadas. O resultado foi um diálogo equilibrado entre o funcional e o elegante, entre a praticidade do dia a dia e a poesia da alta moda.
O ponto alto da apresentação ficou por conta das combinações de cores inesperadas, que adicionaram frescor e dinamismo à coleção, reforçando a vocação da Prada em transformar o ordinário em extraordinário.
Milan fashion week – empório armani



A Emporio Armani emocionou o público ao apresentar um desfile em tributo a Giorgio Armani, que faleceu recentemente.
Foi o primeiro show da marca sem a presença de seu fundador, e a homenagem esteve à altura de sua trajetória e influência na moda.
A coleção trouxe silhuetas fluidas, paleta delicada em tons de azul e rosa, além de uma alfaiataria leve e descomplicada. Para arrematar, óculos de sol sofisticados e headpieces discretos deram o toque final aos looks, mantendo o equilíbrio entre modernidade e elegância atemporal.
O momento mais marcante aconteceu no encerramento: as modelos aplaudiram em uníssono em memória do estilista, transformando o desfile em uma celebração emocionante de seu legado.
Milan fashion week – moschino



O diretor criativo da Moschino, Adrian Appiolaza, buscou inspiração no movimento Arte Povera para dar vida à sua nova coleção, explorando uma abordagem artística e conceitual.
A proposta trouxe à passarela a transformação de materiais simples em criações sofisticadas, carregadas de humor e ironia. Vestidos feitos de retalhos, casacos montados com amostras de tecido e looks que remetiam a sacos de batata ilustraram a estética inusitada da coleção.
Entre os destaques, peças que dialogavam diretamente com a obra “Vênus dos Trapos”, de Michelangelo Pistoletto, ganharam forma em vestidos e saias de impacto. Já os acessórios reforçaram a irreverência da Moschino, com bolsas em formato de panela e caixas de tomate roubando a cena.
milan fashion week – versace



Dando início a uma nova fase, Dario Vitale fez sua estreia como diretor criativo da Versace com uma coleção que soube equilibrar a elegância atemporal da maison com uma boa dose de nostalgia dos anos 80.
Em vez do glamour maximalista que marcou a marca por décadas, Vitale apresentou uma abordagem mais contida e sofisticada. Os brilhos apareceram em detalhes sutis, os tops ganharam aplicações delicadas e as silhuetas resgataram cortes vintage com ousadia na medida certa.
A paleta de cores seguiu vibrante, mas menos estridente, enquanto estampas como listras e paisley trouxeram um ar boho inesperado a peças-chave como coletes estruturados e calças de corte reto. O resultado foi uma estreia que sinaliza novos caminhos para a Versace — moderna, nostálgica e cheia de frescor.
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