A Paris Fashion Week começou e segue até o dia 7 de outubro, consolidando-se mais uma vez como a temporada mais aguardada do calendário fashion. Este ano, o line-up está repleto de estreias, retornos e mudanças que prometem marcar a história da moda. Entre os destaques, a Carven apresenta sua nova fase sob a direção criativa de Mark Thomas, enquanto a Loewe recebe a dupla ex-Proenza Schouler, que estreia trazendo sua visão fresca para a maison. Já na Dior, a expectativa é enorme em torno de Jonathan Anderson, agora à frente da coleção feminina, e na Chanel todos os olhares se voltam para Matthieu Blazy, que promete provocar uma verdadeira revolução nos códigos da marca.
Outro ponto alto da temporada é a Balenciaga, que inicia um novo capítulo sob a direção de Pierpaolo Piccioli, embora ainda exista suspense sobre sua estreia acontecer ou não nesta edição. O calendário também reserva momentos especiais, como a estreia do português Miguel Castro Freitas na Mugler, no dia 2 de outubro, e o aguardado retorno do lendário Jean Paul Gaultier, desta vez reinterpretado pelo olhar ousado e irreverente de Duran Lantink.
Com tantas mudanças, novos começos e apostas criativas, esta Paris Fashion Week promete ser histórica, apontando tendências, redefinindo direções e reafirmando seu papel como o maior palco de inovação e espetáculo no mundo da moda.
Paris fashion week – saint laurent



Anthony Vaccarello abriu a temporada em grande estilo com uma coleção teatral e surpreendente, que fugiu totalmente do óbvio e trouxe a moda como discurso político — como o próprio designer fez questão de destacar. O desfile foi marcado por uma atmosfera intensa, onde vestidos dramáticos dividiram espaço com silhuetas fluidas e, claro, os clássicos de couro que já são assinatura da maison: jaquetas estruturadas, saias poderosas e trench coats impecáveis.
O resultado foi uma coleção que une impacto estético e narrativa, reafirmando o talento de Vaccarello em transformar roupas em manifestações de atitude. Uma estreia de temporada que não apenas impressiona, mas também provoca reflexão sobre o papel da moda no cenário cultural atual.
Paris fashion week- louis vuitton



Nicolas Ghesquière apresentou sua coleção de verão em um dos cenários mais icônicos da moda e da arte: o Museu do Louvre. A ambientação majestosa serviu de palco perfeito para uma coleção que explorou estampas florais, tecidos fluidos e silhuetas volumosas, equilibrando de forma sofisticada a casualidade com a opulência característica da maison.
Ghesquière brincou com diferentes texturas, cortes arquitetônicos e contrastes elegantes, criando uma narrativa visual rica e complexa. Cada look parecia contar uma história, convidando o público a refletir sobre o feminino contemporâneo através da visão singular do designer. O resultado foi uma apresentação memorável, que uniu tradição, inovação e uma estética altamente poética.
Paris fashion week – lanvin



Peter Copping fez sua aguardada estreia na Lanvin, apresentando uma coleção que combinou elegância e sensibilidade com a assinatura contemporânea da maison. A apresentação trouxe peças coloridas, silhuetas com costas abertas, jaquetas de alfaiataria com ombros suavizados e saias balão, explorando de forma sofisticada o contraste entre rigidez e fluidez.
Com esta coleção, Copping inaugura um novo capítulo na história da Lanvin, equilibrando homenagem ao legado da marca com uma visão moderna que antecipa o futuro da maison. O resultado é uma narrativa de moda que celebra tradição, inovação e estilo refinado, reafirmando a relevância da Lanvin no cenário internacional.
paris fashion week – dries van noten



Em sua segunda coleção, o designer Julian Klausner apresentou um desfile vibrante que representa uma renovação na estética da marca, mantendo seu DNA original, mas trazendo uma linguagem muito mais contemporânea e conectada às tendências atuais.
A coleção feminina explorou uma mistura ousada de cores, texturas e estampas, criando looks que são ao mesmo tempo elegantes e cheios de personalidade. Os tons de azul, rosa e verde se destacaram em casacos e vestidos impressos, trazendo frescor e modernidade às peças, enquanto a combinação de diferentes materiais adicionou profundidade e movimento aos outfits.
O resultado foi uma coleção que celebra criatividade, sofisticação e inovação, reforçando Julian Klausner como um nome promissor na moda contemporânea.
paris fashion week – stella mccartney



Stella McCartney apresentou mais uma coleção que reafirma sua visão afiada de moda, explorando uma alfaiataria com inspiração oitentista, mas livre de clichês. A paleta veio em tons suaves e adocicados, pontuados por cinzas estratégicos, criando um desfile equilibrado e sofisticado.
A estilista soube alternar sua alfaiataria característica com propostas minimalistas e volumes bem construídos. Cinturas marcadas dialogavam com silhuetas em A de trapézios moderninhos, enquanto ombros retos, calças amplas e cinturas afuniladas reforçavam essa leitura atualizada dos anos 80. O contraste ficou por conta de vestidos mullet ajustados versus drapeados estruturados, compondo um inteligente jogo de proporções.
O jeans apareceu em versão sofisticada, flertando com o streetwear, enquanto bodies drapeados surgiram em harmonia com ternos e blazers. Para arrematar, texturas como paetês e plumas alternativas trouxeram brilho e leveza, sem abrir mão da identidade sustentável e cool da marca.
Mais uma vez, McCartney provou sua habilidade em unir feminilidade, modernidade e consciência, entregando uma coleção que é ao mesmo tempo desejável e cheia de personalidade.
Paris fashion week – dior



Na estreia mais aguardada da temporada, Jonathan Anderson apresentou sua primeira coleção feminina para a Dior, unindo sua assinatura surrealista com releituras cuidadosas dos arquivos históricos da maison.
A proposta desfilou uma paleta de tons neutros, onde vestidos esculturais, drapeados precisos, laços imponentes e cortes inspirados nas décadas de ouro da Dior resgataram a essência sofisticada da marca.
Em contraponto à opulência, Anderson trouxe um lado mais cotidiano, com jeans e camisas de alfaiataria refinada, provando que a elegância também pode se expressar em peças simples, mas trabalhadas nos detalhes.
Fechando a apresentação com um toque de teatralidade, os headpieces geométricos se tornaram protagonistas, reafirmando a ousadia estética de Anderson, agora, sob o olhar icônico da Dior.
Paris fashion week – tom ford



Haider Ackermann apresentou uma coleção mista marcada pelo minimalismo sofisticado e por referências claras à era Tom Ford dos anos 2000. A cartela de cores trouxe vibração e frescor, com tons intensos como laranja, verde flúor, azul cobalto e turquesa, criando um contraste moderno com as linhas limpas da proposta.
Na moda masculina, a alfaiataria ganhou ares descontraídos, com shorts, calças amplas e blazers ajustados, equilibrando formalidade e leveza. Já no feminino, os destaques ficaram por conta dos vestidos retos, das transparências ousadas, da delicadeza das rendas e da força do couro, reafirmando a sensualidade refinada que é assinatura de Ackermann.
A coleção mostrou como a estética minimalista pode ser potente quando unida a cores vibrantes e elementos que transitam entre sofisticação e ousadia.
Paris fashion week – balmain



Olivier Rousteing apresentou uma Balmain surpreendentemente mais orgânica, lembrando os tempos de Christophe Decarnin. A paleta variou dos cerâmicos aos terrosos, passando por areia e verde militar, criando a atmosfera de uma mulher forte, quase desértica, sensual e delicada ao mesmo tempo.
As silhuetas respiravam liberdade: tops amplos, mangas bufantes, shortões, calças Aladin e botas de amarrar. Quase sem ajustes ou recortes, as peças ganhavam forma de maneira intuitiva no corpo. Tricôs confortáveis, vestidos cobertos de miçangas, contas e conchas, além de drapeados complexos, trouxeram textura e um frescor inesperado.
O resultado foi um desfile poderoso, que desconstrói a fórmula habitual da casa. Ao resgatar ecos da era Decarnin, Olivier mostra maturidade criativa: olhar para o passado não como repetição, mas como ponto de partida para imaginar o novo.
Paris fashion week – mugler



Na sua estreia à frente da Mugler, Miguel Castro Freitas optou por um reset: menos espetáculo, mais roupa. Em vez da energia sexual e fetichista que marcou a era anterior, ele apresentou uma coleção discreta, elegante e consistente.
A paleta cremosa, com toques de verde limão e azul céu, sustentou silhuetas bem marcadas, saias longas e blazers quase conservadores, mas com cortes e estruturas que sugeriam um futurismo soft. Tecidos funcionais como cetim, couro e malha ganharam vida com plumas e bijuterias esmaltadas, adicionando textura e sofisticação.
Vestidos alongados e transparentes, decotes acolchoados e franjas discretas reforçaram a proposta de sensualidade velada, saudável e nada óbvia. Foi um início promissor, que sinaliza um novo caminho para a Mugler: menos show, mais essência.
Paris fashion week – rick owens



Disruptivo como sempre, Rick Owens levou sua nova coleção ao Palais de Tokyo com aquele clima neogótico dramático que só ele sabe criar. A paleta enxuta, cinza, preto, branco, off e nude, serviu de base para peças que pareciam saídas de uma ficção científica: calças de couro que se fundiam às botas, bodies drapeados, vestidos com recortes anatômicos e ombros estruturados que impunham força à silhueta.
Os vestidos surgiram longos, retos ou funcionais, com decotes simples de camiseta. Já as franjas assinadas por Straytukay adicionaram textura e tridimensionalidade, enquanto drapeados volumosos e mangas arquitetônicas subvertiam a forma, distorcendo a silhueta de maneira ousada. Transparências e sobreposições completaram o arsenal dramático da apresentação.
No fim, Rick mostrou uma faceta mais leve com shortinhos e jaquetas de couro, além de surpreender com estampas raras em seu trabalho: um mapa astral feito pelo próprio pai, que trouxe uma camada pessoal e emotiva ao desfile.
Paris fashion week – schiaparelli



Daniel Rosenberry entregou para a Schiaparelli um desfile belíssimo, quase com cara de alta-costura, reforçando a maturidade de sua visão criativa. A paleta básica — vermelho, branco, preto e toques de dourado — serviu de base para uma coleção sensual no melhor sentido da palavra, elegante e sem deslizar na vulgaridade.
O show abriu com tailleurs impecáveis e chapéus esculturais, evoluindo para peças que brincavam com o conceito de poás de forma inusitada, pura identidade Schiaparelli. O jogo de vela/revela comandou a narrativa: fendas, aberturas e decotes geométricos iam crescendo a cada look, revelando mais pele de maneira refinada e intrigante.
Texturas em bordados, plumas e tecidos leves trouxeram delicadeza, enquanto calças folgadas e alfaiataria fluida adicionaram conforto e sofisticação. Mas os vestidos foram, sem dúvida, o ponto alto — deslumbrantes, com efeitos de rasgos, fendas ousadas e detalhes exuberantes que mostraram domínio técnico e sensibilidade estética.
Paris fashion week – loewe



Jack McCollough e Lazaro Hernandez, ex-Proenza Schouler, fizeram sua estreia na Loewe, a segunda marca de luxo mais antiga do mundo, e abriram o dia de desfiles com uma coleção colorida e leve, cheia de energia having fun. A graça estava justamente nessa simplicidade aparente: um frescor bem-humorado que deu novo fôlego à maison.
Entre os destaques, peças de couro moldadas como roupas de boneca, em tom lúdico; texturas modernas que quebravam o minimalismo do dia a dia; saias de franja, vestidos com camadas de tecido, estilo mil-folhas, casacos oversized, um aceno tímido ao sportwear e construções geométricas e assimétricas que dialogavam de forma harmônica.
O resultado foi uma estreia inventiva e divertida, que mantém o espírito da casa e soa quase como uma continuidade natural do trabalho de Jonathan Anderson, mas já com a assinatura própria da dupla.
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