New York Fashion Week: Thom Browne, Carolina Herrera e mais destaques do Outono/2025

BRANDON MAXWELL, CRISTIAN SIRIANO, COLLINA STRADA, CALVIN KLEIN, PRABAL GURUNG, KHAITE, ALTUZARRA, LAPOINTE, CAROLINA HERRERA, PATBO, COACH E THOM BROWNE FORAM OS DESTAQUES DA NYFW

A New York Fashion Week reúne 52 desfiles e apresentações entre os dias 6 e 11 de fevereiro. Quem abriu a semana de moda foi Brandon Maxwell, enquanto Thom Browne encerra a temporada de Outono/Inverno 2025.

Além deles, o line-up da NYFW inclui Anna Sui, Carolina Herrera, Christian Siriano, Collina Strada, Michael Kors, Khaite e outros grandes nomes. Menção especial ao retorno da Calvin Klein ao calendário após seis anos de afastamento.

As marcas que estreiam essa edição são: Alexis Bittar, Gabe Gordon, Leblancstudios por Yamil Arbaje, Angelo Beato, Vettese, Zoe Gustavi e Diotima. Por outro lado, Proenza Schouler é uma das ausências mais sentidas da vez.

Abaixo, o Hypnotique analisa os principais desfiles da New York Fashion Week.

Desfile Thom Browne NYFW | Fotos: Daniele Oberrauch / Gorunway.com

BRANDON MAXWELL

Abrindo a New York Fashion Week, Brandon Maxwell traz um inverno clássico e dos bons. No entanto, isso não significa que os looks foram cheios de extravagâncias e invencionismos. Pelo contrário, Brandon apresenta uma coleção confortável e marcada pelas peças básicas e elegantes.

As cores cinza, branco, preto e bege são as que mais aparecem. Elas foram fundamentais para estabelecer o “pé no chão” do desfile. Por sua vez, a estampas étnicas trouxeram uma pegada diferenciada – vistas de longe, elas lembravam um animal print moderno!

Maxwell traz camisas amplas, vestidos e tops ajustados e casacos longe. Além disso, os couros, drapeados, xadrezes e estampa que simula pele compõe uma narrativa chique, porém sem esforço. O estilista não inventa moda, mas entrega uma coleção digna de reconhecimento para o Outono/Inverno 2025.

CRISTIAN SIRIANO

Siriano traz um inverno poderoso, extravagante e exuberante na NYFW – com direito a uma plateia cheia de celebridades! Os looks possuem uma energia menos inventiva do que estamos acostumados do designer. Porém, isso não significa que foram menos glamourosos.

O estilista amarra uma narrativa que fala de poder, desejo e automóveis. Dessa forma, traz drapeados inusitados, vestidos longos dignos de red carpets, alfaiataria desconstruída e combinações entre alfaiataria e vestidos – resultando em looks sensuais e inovadores.

Vale também destacar a feminilidade da coleção. Vemos: decotes arrojados, recortes geométricos, fendas, bordados e tecidos brilhantes e holográficos. Eles criam uma narrativa futurista, capaz de deslocar os vestidos clássicos para um contexto sem clichês.

Em relação à moda masculina, Siriano não tem pudores. Ele celebra os homens com tops delicados, alfaiataria soltinha e fendas que deixam a pele à mostra. Um dos grandes destaques da semana de moda!.

COLLINA STRADA

Hillary Taymour, diretora criativa de Collina Strada, traz um inverno sensual, dramático e romântico. Com uma visão experimentalista de moda, sua coleção imprime um conceito pessoal e inventivo, porém uniforme: você sabe de longe que o look é Collina Strada! 

Trata-se de uma coleção relativamente pequena, de 37 looks, porém com uma energia lúdica, rebelde e um quê de Vivienne Westwood. Os babados, mangas bufantes e volumes se contrapõe às transparências rendadas e drapeados super femininos. 

A estilista combina comprimentos, formas e volumes em camadas de texturas e estampas (em especial, florais e xadrezes). Dessa forma, entrega uma releitura moderna do grunge, meio hippie, em peças bem desenvolvidas, caoticamente dispostas e muito atuais. 

PRABAL GURUNG

Prabal Gurung inspirou sua coleção de Outono 2025 no momento entre a saída noturna das mulheres e a manhã seguinte, em que podem “voltar para casa com as roupas arrancadas por um amante”. Dessa forma, os looks trazem uma pegada mais leve a feminina.

As cores são simpáticas e as silhuetas democráticas, com opções mais ajustadas e outros mais folgados. Os tecidos entregam texturas e trabalhos que deixam o estilo casual de Prabal mais sofisticado.

Os casacos de pele sintética talvez sejam a única lembrança de que é uma coleção de inverno. Já os vestidos trazem estampas abstratas ou drapeados. Eles são acinturados, com babados e decotes que deixam os ombros à mostra. Enquanto isso, as calças volumosas trazem um trabalho complexo de modelagem.

Enfim, Prabal Gurung encerra o desfile com clima leve, delicado e de bom gosto. São diferenças sutis ao que estamos acostumados do estilista, mas ainda com uma identidade muito própria.

KHAITE

Catherine Holstein, proprietária e diretora criativa da marca, encontrou inspiração nas obras do cineasta David Lynch para o desfile na New York Fashion Week. A começar pela passarela dourada circular, que remetia à estrada de tijolos amarelos de “O Mágico de Oz”, obra de Lynch.

O resultado é uma coleção ousada, arrojada e sofisticada. As cores são escuras e as texturas, os cortes geométricos e o couro aparecem na maioria dos looks. Vale destacar também o crochê de ponto grosso, as calças de alfaiataria soltinha, os jeans escuros e as sobreposições inteligentes.

Dessa forma, o trabalho de Catherine é refinado e se mostra, a cada temporada, um nível acima da NYFW. Sua moda tem uma energia cool, adaptável e democrática. A estilista entrega peças sofisticadas e minimalistas, mas ainda assim muito marcantes.

ALTUZARRA

Joseph Altuzarra retornou às passarelas após sua licença paternidade. Dessa vez, o estilista questiona o papel da moda atual em sua coleção. Não existe um fio condutor entre os looks do desfile, porém Altuzarra entrega uma energia madura ao equilibrar cores, materiais e silhuetas diferentes.

A coleção de Outono 2025 é mais conservadora, com referências ao Corp Core. São poucas as estampas, todas muito suaves. Vemos saias godês, camisas, paletós, casacos de abotoamentos duplos, coletes de pele e suéteres. Essas peças se contrapõe à leveza dos tecidos acetinados, transparências e decotes escorregadios.

O saldo final é positivo, com um posicionamento mais maduro de Altuzarra, sem as clássicas estampas étnicas, os tie dyes e as referências ao estilo hippie. As histórias se mixam entre os looks e o exercício entre volumes e silhuetas acontece de forma orgânica.

LAPOINTE

Sally LaPointe comemorou o aniversário de 15 anos da marca em desfile na New York Fashion Week. Os looks chamativos e a apresentação de dança de Supa Girlz trouxeram o clima de festa – que teve como tema principal a resistência durante tantos anos no mercado da moda.

Entre as roupas, vemos as típicas peças ousadas que esperamos da marca – incluindo tons vibrantes, modelagens marcantes e tecidos premium. As penas estão presentes para acentuar sais e calças, enquanto os blazers são cobertos por pele fake. Um visual contemporâneo, luxuoso e forte.

O que fica claro é que LaPointe sabe exatamente o que seus clientes estão procurando. Cada uma das peças parece ter sido projetada para pessoas como os convidados VIP que estavam sentados na primeira fila do desfile. Mais uma vez, a designer reafirma sua assinatura estética, mas com uma dose extra de impacto.

CAROLINA HERRERA

Wes Gordon tem acertado os ponteiros a cada coleção que passa à frente da Carolina Herrera – dessa vez, não foi diferente! Inspirado em “Being There”, filme de Peter Sellers que marcou sua infância, o estilista cobriu toda a passarela com rosas

As rosas serviram como referência e uma espécie de fio condutor para o desfile. Elas aparecem feitas de tecido nos cintos, bolsas e golas dramáticas. Além disso, estampas florais, broches e bordados dourados adornam os looks. 

Uma mudança na coleção de Outono/2025 é que Gordon abandona o estilo colorido, delicado e cheio de laçarotes que vinha trazendo. Agora, ele constrói uma silhueta mais limpa, estruturada e com comprimentos mais democráticos. 

A alfaiataria inclui paletós acinturados, femininos e com desdobramentos. Os looks em risca de giz são chiques e minimalistas – com direito a rendas que exalam bom gosto! Já os comprimentos midi são elegantes, enquanto os vestidos curtos têm uma vibe new preppy que lembram a personagem Blair Waldorf de “Gossip Girl”. Enfim, os longos são descomplicados, fáceis e ornam com a narrativa minimal cool da marca. 

PATBO

Patrícia Bonaldi decidiu fazer algo diferente ao invés de um desfile convencional: um baile de carnaval. Ninguém melhor do que uma marca brasileira para trazer o tema com propriedade – ainda mais com a proximidade da folia! Com isso, a marca acertou em reafirmar sua identidade brasileira em meio à semana da moda americana. 

O carro-chefe dos looks foram seus belíssimos e intricados bordados. Mais uma vez, Patrícia conseguiu mixar peças de roupas casuais com bordados extravagantes em perder sua essência. A coleção de Outono/2025 entrega uma sensualidade elegante, em looks que desenham o corpo, com drapeados e saias com babados e plumas.

Os bordados estão suspensos, sinalizando drapeados ou em franjas dançantes. As peças de PatBo estabelecem um meio do caminho interessante, com preciosismos de Alta Costura, aura efêmera da fantasia e energia sexy – tudo com o DNA ilustre da marca.

COACH

O diretor criativo Stuart Vevers ignorou os protestos do PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) em frente ao desfile e conseguiu entregar uma coleção antenada à Geração Z, extraindo o frescor da moda jovem sem forçar a barra. 

Os looks têm um aspecto vintage meio desgastado, mas traz toda a energia do streetwear. O que vemos são diversos elementos do skate – incluindo calças folgadas, mas com cintura encaixada, em combinação com t-shirts justinhas e curtas. 

Por sua vez, os casacos aparecem ultra longos (quase arrastando no chão!) e levemente ajustados. Os vestidos de cintura baixa surgem sobre as calças, em referência direta aos anos 2000. Túnicas trabalhadas, alfaiataria descolada e jeans com patchworks completam a coleção.  

Vevers é um dos poucos a trazer uma moda jovem, extremamente vida real e que, com os truques de estilo corretos, consegue se apresentar de forma fresca, básica e interessante. 

THOM BROWNE

Thom Browne encerrou a New York Fashion Week com um desfile apoteótico. Isso porque o estilista mostrou seu grande poder em se reinventar e mostrar coisas novas. A começar pela passarela: que tinha aproximadamente dois mil pássaros de origami, os quais serviram de inspiração para a coleção de Outono/2025.

Dessa vez, Browne se arriscou em uma proposta mais pop, em que mescla xadrezes de várias cores e padronagens, além de tecidos de gravataria. As cores são majoritariamente cinzas, porém os patchworks inusitados, feitos com camisas de esporte e pregas, revelam outras tonalidades. Além disso, a alfaiataria é um show à parte – com ternos alongados, de ombros arredondados e cortes diferentes.

Os looks buscam uma perspectiva urbana, divertida e que dialoga com a Geração Z. Mesmo assim, o designer não abandona sua estética clássica. Tanto que ainda vemos os cardigans com as famosas listras tricolores, os bordados, as aplicações de figuras sobre os ternos esculturais e todo o drama que nos faz sonhar, ainda que por apenas alguns minutos, com um mundo mais bonito.

Todos esses fatores mantém Thom Browne como um dos maiores nomes da moda atual. Para finalizar, ele ainda entrou na passarela com um buquê de flores para o marido. Um lindo final para a semana de moda!

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