A colaboração entre Moncler e Jil Sander marca o projeto final de Lucie e Luke Meier à frente da direção criativa da marca alemã. Conhecidos pela estética minimalista e pela precisão escultural, os designers se despedem com uma coleção que une a sofisticação discreta de Jil Sander ao espírito técnico e acolchoado da Moncler. O resultado é um encontro entre suavidade, funcionalidade e elegância, pensado para um inverno contemporâneo e mais sensorial.
Apresentada oficialmente em 18 de novembro, a coleção já havia sido antecipada há mais de um ano durante o evento Moncler Genius, em Xangai. Agora, com visão completa da collab, fica claro que os Meier decidiram encerrar seu ciclo celebrando a essência de ambas as casas, propondo uma leitura mais silenciosa e fluida do que se espera de uma parceria com a Moncler.



A colaboração final de Lucie e Luke Meier para a Jil Sander
Ao longo de sua trajetória, os Meier se consolidaram por uma abordagem poética do minimalismo, sempre combinando funcionalidade e refinamento. Essa colaboração com a Moncler funciona como uma síntese das ideias que desenvolveram na Jil Sander: volumes elegantes, formas puras e uma interpretação mais sensível do design utilitário. A escolha da Moncler como parceira reforça essa interseção entre força técnica e leveza visual.
A saída do casal da direção criativa aconteceu em fevereiro, e a coleção surge como um gesto de encerramento que não busca grandiosidade teatral, mas sim profundidade estética. Em vez de um espetáculo exagerado, eles apresentam peças que ecoam seu legado: roupas que abraçam o corpo e traduzem a busca constante por equilíbrio entre conforto e sofisticação.



Um diálogo entre minimalismo e performance
A Moncler é reconhecida globalmente por seus casacos acolchoados volumosos, formas arredondadas e peles que evocam um luxo tátil. No entanto, a abordagem dos Meier dá um novo contorno a essa identidade. Aqui, o puff ganha linhas limpas, superfícies contínuas e camadas que valorizam a pureza das formas, sem perder a funcionalidade que faz parte da essência da Moncler.
A estética da Jil Sander suaviza o lado maximalista que muitas colaborações da Moncler costumam explorar, como as parcerias com Valentino, Richard Quinn e Simone Rocha. Em vez de drama, encontramos uma interpretação contida, quase meditativa, em que cada volume parece calculado para ser orgânico e silencioso. É uma Moncler mais calma, mais minimalista e mais ligada à sensação de movimento natural.



Natureza como ponto de partida da coleção
A inspiração da coleção nasce da observação das formas encontradas na natureza. Elementos como picos cobertos de neve, colinas arredondadas e seixos polidos orientam as proporções das peças. Essa referência aparece nas jaquetas curvas, nos cardigãs acolchoados e nas saias em formato de cúpula, que criam silhuetas suaves e quase meditativas no corpo.
Mesmo o logotipo da Moncler foi reinterpretado: em vez da tradicional aplicação, a marca aparece como um broche prateado, liso, arredondado e discreto. Esse detalhe reforça a atmosfera sensorial da coleção, que privilegia superfícies lisas, cortes precisos e texturas que remetem ao ambiente natural, mas sem literalidade.

Moncler e Jil Sander: Volumes que revelam uma nova leitura do inverno
A paleta de cores é contida e elegante, com brancos, off-whites, cinzas e tons naturais que remetem à paisagem de inverno. As peças foram construídas para transmitir amplitude sem rigidez, valorizando o conforto sem abrir mão do design. Os casacos acolchoados aparecem com camadas fluídas, enquanto malhas estruturadas criam formas tridimensionais com leveza.
Esse enfoque permite que o inverno seja reinterpretado não como uma estação de exageros, mas como um período de introspecção, calma e contemplação. A coleção equilibra calor e suavidade, reforçando a assinatura dos Meier: um olhar minimalista que nunca perde conexão com a prática e o gesto cotidiano de vestir.
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Um encerramento coerente e memorável
A colaboração Jil Sander x Moncler se soma a uma longa lista de parcerias da Moncler, mas se diferencia por propor uma espécie de “silêncio visual” em um universo marcado por exuberância. Lucie e Luke Meier encerram sua passagem pela Jil Sander mantendo sua identidade intacta e reafirmando sua visão de moda como disciplina de precisão, sensibilidade e funcionalidade.
Com essa coleção final, os designers deixam um legado que dialoga tanto com o universo técnico da Moncler quanto com a estética clean que marcou a direção na Jil Sander. É um encerramento coerente, poético e refinado, uma síntese da linguagem que cultivaram nos últimos anos.
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