A Paris Fashion Week 2025 transformou desfiles em experiências imersivas, misturando moda, arte e arquitetura de forma única
A Paris Fashion Week 2025 não foi apenas sobre roupas incríveis, mas também sobre a criação de experiências visuais que desafiaram os limites entre moda, arte e arquitetura. A cada temporada, os desfiles se tornam verdadeiros espetáculos imersivos, onde os cenários não apenas complementam as coleções, mas contam histórias próprias. Este ano, algumas marcas elevaram o conceito de cenografia a um novo patamar, transformando a passarela em um universo próprio. Confira os 7 cenários mais impactantes da temporada e como eles redefiniram o conceito de desfile.
1. Dior: Uma Viagem Teatral Inspirada em Orlando
Para a coleção de outono-inverno 2025/26, a Dior convidou o renomado diretor de teatro Robert Wilson para criar um cenário dinâmico e envolvente. Inspirado no romance Orlando, de Virginia Woolf, o desfile foi pensado como um espetáculo teatral, onde uma cortina subia lentamente, revelando uma sequência de paisagens mutantes. Rochas, icebergs, crateras e outros elementos naturais foram moldados pelo jogo de luz e sombra, criando um ambiente em constante transformação.
O conceito reforçou a ideia de fluidez temporal e identidade, temas centrais no livro e que dialogam com a moda contemporânea. Cada mudança no cenário parecia traduzir um novo capítulo da história da coleção, dando ao desfile um tom quase cinematográfico.
2. Acne Studios: Quando a Natureza Encontra a Arquitetura Futurista
A Acne Studios levou a relação entre natureza e urbanismo ao extremo com um cenário que misturava elementos naturais e artificiais em perfeita harmonia. A dupla de designers Front criou esculturas orgânicas e entrelaçadas que evocavam a paisagem sueca, terra natal da marca, enquanto ao fundo se erguiam estruturas arquitetônicas de estética futurista.
Essa dualidade entre o orgânico e o industrial gerou um diálogo visual poderoso, explorando o contraste entre o passado e o futuro, o natural e o criado pelo homem. A coleção refletia essa fusão com tecidos fluidos e cortes arquitetônicos, ressaltando como a moda pode ser um espelho do mundo ao seu redor.
Confira os principais desfiles da Paris Fashion Week 2025 aqui.
3. Courrèges: Minimalismo e Movimento com Confetes Multicoloridos
A abordagem da Courrèges foi totalmente inovadora, transformando a passarela em um campo de movimento constante. O diretor criativo Nicolas Di Felice trabalhou com o coreógrafo Rémy Brière para criar um cenário vivo: um tapete de confetes multicoloridos, que se levantava a cada passo das modelos.
Esse efeito visual simples, mas impactante, transformou o espaço em um turbilhão de cores em movimento, criando um contraste interessante com a estética minimalista da marca. A ideia de que cada passo deixa uma marca visual na história da moda foi uma metáfora brilhante para a coleção, que apostou em formas futuristas e cortes limpos.
4. Tom Ford por Haider Ackermann: Estética Refinada com Toque Decadente
Em sua estreia na Tom Ford, Haider Ackermann não economizou no impacto visual. O desfile aconteceu no histórico Pavillon Vendôme, e a cenografia apostou em uma mistura de sofisticação e decadência.
Espelhos foscos, grafites gravados e uma paleta intensa de azul da Prússia criaram um ambiente misterioso e enigmático, remetendo aos clubes noturnos de Antuérpia, cidade natal do designer. A referência às cenas underground europeias trouxe um ar de rebeldia e sofisticação para o desfile, enquanto as roupas seguiam uma linha de alfaiataria impecável, mas com um toque desestruturado que evocava o passado glamouroso de Tom Ford na moda.
5. Off-White: Monumentalidade Brutalista no Espace Niemeyer
Para a Off-White, o diretor criativo Ibrahim Kamara escolheu um cenário que conversava com a arquitetura brutalista do Espace Niemeyer, um dos edifícios mais icônicos de Paris.
Sob a gigantesca cúpula branca do espaço, Kamara apostou em um minimalismo calculado: bancos geométricos, iluminação suspensa e um novo piso cor de areia com o logotipo da marca. A interação entre os elementos cenográficos e a estrutura brutalista do local criou um ambiente futurista e imponente, realçando a estética vanguardista da Off-White.
Esse jogo entre monumentalidade e simplicidade trouxe um impacto visual intenso, sem precisar de excessos. A coleção seguiu essa mesma linha, com modelagens experimentais e volumes esculturais.
6. Givenchy por Sarah Burton: Homenagem ao Arquivo da Maison
A grande estreia de Sarah Burton na Givenchy foi marcada por uma homenagem à história da marca. O cenário do desfile foi montado como um verdadeiro arquivo vivo, onde cada detalhe remetia ao passado da maison.
A cenografia apresentava pacotes de papel contendo designs de alta-costura de 1952, criados pelo próprio Hubert de Givenchy. Esses pacotes foram distribuídos pelo espaço, e os convidados foram posicionados sobre envelopes empilhados, evocando o ateliê da marca.
Essa estética de descoberta e resgate do passado trouxe um tom intimista ao desfile, mostrando como Burton pretende honrar a tradição da Givenchy enquanto traz sua própria identidade para a marca.
7. Rabanne: Arquitetura Modernista na Sede da UNESCO
Para a apresentação da coleção Outono-Inverno 2025/26, a Rabanne escolheu um dos marcos da arquitetura modernista: a sede da UNESCO em Paris. O edifício, projetado em 1952 por um time de arquitetos de peso, incluindo Marcel Breuer e Le Corbusier, serviu como pano de fundo para um desfile que explorou a relação entre moda e arquitetura.
O espaço principal, o Secretariado, é um prédio em forma de Y elevado sobre pilotis esculpidos. No interior, a monumental Sala das Assembleias destacou a estrutura de concreto dobrado de Pier Luigi Nervi, criando um cenário de brutalismo sofisticado.
A escolha desse local reforçou a estética visionária e experimental da Rabanne, que sempre flertou com a fusão entre moda e tecnologia. A coleção seguiu essa linha, com materiais inovadores e uma paleta de cores que remetia à sobriedade arquitetônica do espaço.
A Paris Fashion Week 2025 mostrou que a moda vai muito além das roupas. Cada desfile foi uma experiência imersiva, onde espaço, luz e conceito se fundiram para criar narrativas visuais impressionantes. Seja com minimalismo impactante ou cenários teatrais, os designers mostraram que a passarela pode ser uma extensão da criatividade, transformando-se em um palco para histórias que transcendem o tempo e o espaço.
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