A Acne Studios anunciou a transformação de sua loja original em Paris, no Palais-Royal, em um espaço cultural permanente dedicado à arte contemporânea. Com inauguração marcada para 26 de junho, o novo local funcionará sob o nome Acne Paper Palais Royal e será palco de exposições, conversas com artistas, lançamentos de revistas, sessões de autógrafos e outros eventos culturais.
Para o diretor criativo Jonny Johansson, essa é uma extensão natural do universo que ele construiu com a marca sueca, onde moda, arte e pensamento criativo sempre caminharam juntos. A iniciativa reforça o espírito experimental da Acne, que busca não apenas vender roupas, mas fomentar diálogos culturais relevantes.
Galeria será extensão física do Acne Paper e plataforma para novos talentos
Johansson descreve o novo espaço como um prolongamento do Acne Paper, revista que fundou em 2005 e relançou em 2021. A publicação, que celebrou recentemente uma edição especial de 20 anos com eventos em Paris, Milão, Nova York e Xangai, tem como missão reunir vozes criativas e estabelecer pontes entre moda, arte e sociedade.
A curadoria das exposições ficará a cargo de Thomas Persson, editor-chefe da revista, e Lotta Nilsson, diretora de projetos criativos da Acne Studios. O espaço não será voltado à comercialização de obras, mas sim à valorização de artistas, sobretudo os que ainda não têm o devido reconhecimento, funcionando como uma plataforma cultural pro bono.
Inauguração acontece durante a semana de moda masculina com exposição de Paul Kooiker
A estreia da galeria acontecerá com uma exposição solo de Paul Kooiker, fotógrafo holandês que já colaborou com a marca na campanha de outono 2022 com Rosalía. O projeto, intitulado 2025, apresenta 42 retratos de estudantes da Gerrit Rietveld Academie, em Amsterdã, e explora temas como juventude, identidade e estética fotográfica não convencional.
Um coquetel de abertura está previsto para o dia 25 de junho, durante a semana de desfiles masculinos em Paris. A iniciativa é mais um exemplo do compromisso da Acne em trabalhar com artistas contemporâneos fora do circuito convencional, apostando em colaborações que desafiam normas estéticas e institucionais do mercado de arte.
Acne adota posicionamento cultural autêntico e recusa fórmulas pré-fabricadas
Diferente de muitas marcas de luxo que se posicionam como “culturais” por estratégia, Johansson evita associações óbvias com nomes já consagrados do mercado. “Não faria uma exposição com Warhol”, disse ele, enfatizando que a Acne prefere artistas mais acessíveis, independentes e fora do circuito corporativo tradicional.
Essa abordagem já foi aplicada em outras ações, como a recente mostra na loja da Greene Street, em Nova York, com obras de Jonathan Lyndon Chase, artista que explora identidades queer negras e que também colaborou com a Acne no desfile e coleção cápsula da primavera 2025. As peças chegam às lojas no fim de junho e incluem roupas e objetos de decoração.
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Cultura como processo orgânico e não como ativo comercial
Para Johansson, iniciativas culturais só têm valor real quando surgem de maneira espontânea. “Se você tenta calcular demais, perde a alma do processo”, afirmou, comparando a criação de uma exposição à composição de uma música. A marca defende que a cultura, assim como o amor, não pode ser comprada.
A nova sede da Acne em Paris, que será inaugurada oficialmente em setembro, também refletirá essa filosofia, com obras dos colaboradores frequentes Daniel Silver e Max Lamb. Segundo o diretor criativo, apesar de sua preferência pessoal por música, as feiras de arte continuam sendo fonte de inspiração e provocação estética para o futuro da marca.
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