Quarenta anos após invadirem a cena de moda internacional com ousadia e criatividade, o coletivo conhecido como Antwerp Six finalmente será homenageado com uma grande exposição individual. Prevista para abrir ao público em 28 de março de 2026 no MoMu, o museu de moda de Antuérpia, a mostra reunirá as trajetórias e os legados de seis dos mais importantes estilistas belgas: Dries Van Noten, Ann Demeulemeester, Walter Van Beirendonck, Dirk Bikkembergs, Dirk Van Saene e Marina Yee.
A curadoria ficará por conta de Geert Bruloot, figura-chave no cenário belga e dono da icônica loja de calçados Coccodrillo, que acompanhou de perto o surgimento do grupo. A exposição promete uma imersão profunda na estética e nas influências desses criadores que, com visões singulares, contribuíram para transformar os rumos da moda contemporânea.
Uma viagem histórica de Antuérpia a Londres
Em 1986, os seis estilistas recém-formados pela Royal Academy of Fine Arts de Antuérpia embarcaram juntos em uma van rumo à London Fashion Week. O objetivo era claro: conquistar visibilidade e provocar impacto com suas criações autorais. Na bagagem, além das coleções, levavam uma ousadia coletiva que viria a definir uma nova linguagem no design europeu.
Apesar de terem sido inicialmente alocados em um andar isolado, tradicionalmente reservado para vestidos de noiva, os designers não se intimidaram. Colaram pôsteres e sinalizações para atrair visitantes, chamando atenção da imprensa britânica e de compradores como a Barney’s. A dificuldade de pronunciar os nomes flamengos fez com que a mídia os batizasse de forma definitiva: Antwerp Six.
Estilos distintos, impacto coletivo
Cada um dos integrantes do grupo seguiu um caminho autoral bastante distinto. Dries Van Noten ficou conhecido pela mistura refinada de estampas e referências culturais; Ann Demeulemeester, por seu romantismo sombrio e poético; Walter Van Beirendonck, pelo uso irreverente da cor e por criações conceituais provocadoras.
Enquanto isso, Dirk Bikkembergs incorporou o universo esportivo à moda de luxo; Dirk Van Saene investiu em narrativas visuais através da desconstrução; e Marina Yee, por sua vez, foi precursora do upcycling e da reflexão sobre consumo consciente. A força do coletivo reside justamente na pluralidade de seus integrantes, unidos pelo vínculo com Antuérpia e por um impulso criativo incomum.
O reconhecimento institucional chega com atraso
Apesar de sua influência duradoura, esta será a primeira vez que uma exposição institucional de grande porte será dedicada aos seis estilistas em conjunto. A diretora do MoMu, Kaat Debo, destacou a importância do projeto como forma de reavaliar a contribuição do grupo para a moda global. “Estamos imensamente orgulhosos de poder reunir o trabalho desses designers icônicos e oferecer uma visão única sobre sua herança”, afirmou.
A mostra deve abordar desde os primeiros anos na academia até os momentos decisivos que colocaram os Antwerp Six no centro da moda internacional. Documentos de época, vídeos de desfiles, peças de arquivo e colaborações inéditas estão previstos para compor o percurso expositivo, que ficará em cartaz até janeiro de 2027.
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Uma homenagem à criatividade belga
Mais do que relembrar um capítulo específico da história da moda, a exposição celebra a ousadia de um grupo que desafiou convenções e mostrou que inovação pode vir de qualquer lugar. Ao contrário de outros polos consolidados como Paris ou Milão, Antuérpia passou a ser reconhecida, a partir dos anos 1980, como um centro de vanguarda criativa.
A influência dos Antwerp Six segue viva nas passarelas e nas salas de aula, inspirando novas gerações de estilistas e reafirmando o papel da moda como expressão cultural. Com a mostra no MoMu, essa herança será registrada de forma simbólica e acessível, reforçando a importância de preservar a memória de quem transformou a indústria com coragem e originalidade.
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