H&M no Brasil: marca chega com operação robusta e aposta em fast fashion sustentável

H&M no Brasil: finalmente após anos de expectativa, a H&M chega ao Brasil com a promessa de repetir seu sucesso internacional. A estreia da marca sueca no país marca um movimento estratégico importante, que combina expansão física, presença digital e compromisso com práticas sustentáveis. As primeiras lojas abrem nos dias 23 de agosto e 4 de setembro, nos shoppings Iguatemi e Anália Franco, ambos em São Paulo. O lançamento do e-commerce nacional acontece simultaneamente à inauguração da loja no Iguatemi.

Mesmo sendo nova no país, a H&M já tem trajetória consolidada na América Latina, com presença no Uruguai, Peru e Chile desde 2012. O CEO do grupo, Daniel Ervér, classifica a entrada no Brasil como o passo mais relevante da marca em décadas. Além da dimensão continental, o país apresenta um mercado aquecido para o setor de moda acessível, com consumidores conectados às tendências e ao consumo digital.

H&M no Brasil: marca chega com operação robusta e aposta em fast fashion sustentável
Foto: Divulgação/Cortesia da marca

Primeiras lojas, coleções globais e distribuição estratégica

Além dos dois primeiros pontos físicos confirmados, a H&M já anunciou outras duas unidades: Shopping Morumbi (São Paulo) e Shopping Parque Dom Pedro (Campinas), ainda sem datas de abertura definidas. A loja do Iguatemi será voltada exclusivamente à linha feminina, enquanto as demais terão seções masculina e infantil. As coleções seguem o calendário internacional, com adaptações para o hemisfério sul, além de lançamentos simultâneos nas linhas Studio e colaborações especiais.

Para garantir agilidade na operação, a empresa instalou um centro de distribuição em Extrema (MG), local estratégico entre São Paulo e Rio de Janeiro. As mercadorias chegam ao Brasil por meio de uma rede global de cerca de 570 fornecedores terceirizados, majoritariamente localizados na Ásia, como China e Bangladesh. Estima-se que mais de 1,4 milhão de pessoas estejam envolvidas nessa cadeia, com 61% de participação feminina.

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Foto: Divulgação/Cortesia da marca

Mercado brasileiro: um terreno fértil para o fast fashion

A entrada da H&M no Brasil acontece em um cenário favorável. Grandes varejistas nacionais como Renner, C&A e Riachuelo apresentaram forte desempenho em 2024, com lucros expressivos. A Renner, por exemplo, registrou R$ 1,1 bilhão no período, enquanto a C&A e a Riachuelo obtiveram R$ 452 milhões e R$ 235 milhões, respectivamente. Esse ambiente demonstra o apetite do consumidor brasileiro por moda acessível e de rápida renovação.

A concorrência internacional também já deixou sua marca no país. A Shein, presente desde 2022, alcançou mais de 50 milhões de consumidores brasileiros e representa entre 10% e 15% do faturamento global da marca chinesa. A chegada da H&M, portanto, amplia a disputa por atenção e preferência em um setor dinâmico e altamente competitivo.

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Foto: Divulgação/Cortesia da marca

Transparência, IA e sustentabilidade como pilares estratégicos

A H&M tem investido fortemente em transparência e inovação. Desde 2013, divulga publicamente sua lista de fornecedores e monitora as condições de trabalho em suas cadeias produtivas. A empresa também passou a utilizar inteligência artificial na produção de campanhas, como no caso da modelo digital Mathilda Gvarliani, criada por meio de mapeamento corporal com tecnologia da UnCut.

Essas mudanças são acompanhadas de compromissos ambientais. Em 2025, 89% das matérias-primas da marca já têm origem sustentável, e 29,5% são recicladas. A meta é atingir 100% de insumos sustentáveis até 2030. Além disso, a rede implementou iniciativas de circularidade, como a plataforma Pre-Loved, que revende peças de segunda mão em lojas selecionadas, ainda não disponível no Brasil, mas já testada em outros mercados como o europeu.

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Foto: Divulgação/Cortesia da marca

Uma trajetória global de crescimento e reinvenção

Fundada em 1947 por Erling Persson, a H&M começou com roupas femininas e evoluiu para um império global com mais de 4.300 lojas. A sigla atual surgiu em 1968, após a fusão com uma loja masculina chamada Mauritz. Desde então, a marca passou por uma expansão contínua, chegando aos Estados Unidos em 2000 e à China em 2004. Atualmente, o grupo inclui outras labels como COS, & Other Stories, Arket, Monki e Weekday.

Uma das figuras mais influentes na história da H&M foi Margareta van den Bosch, que liderou o design da marca por mais de duas décadas. Ela foi responsável por consolidar a estratégia de colaborações com grandes nomes da moda, como Karl Lagerfeld, Stella McCartney e Maison Margiela. As parcerias se tornaram símbolo da marca, combinando exclusividade com preços acessíveis e visibilidade global.

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Foto: Divulgação/Cortesia da marca

H&M no Brasil: novo foco na reestruturação global

A expansão para o Brasil é parte do plano de reestruturação iniciado por Daniel Ervér em 2024, após anos de estagnação nas vendas globais. Com a retomada do crescimento e sinais positivos no faturamento recente, a marca busca reafirmar seu propósito: tornar a moda mais acessível e conectada ao cotidiano das pessoas. Segundo Ervér, entender o papel da H&M em um mundo digital e competitivo é essencial para seguir relevante.

O desafio agora é equilibrar volume, velocidade e responsabilidade. Em um setor marcado por denúncias passadas e exigências crescentes de consumidores por transparência e ética, a H&M precisa mostrar que é capaz de crescer sem comprometer seus valores. A chegada ao Brasil representa não apenas um novo mercado, mas uma nova fase para a marca em sua jornada global.

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