A fundadora Julie Bornstein levantou US$ 50 milhões no último ano para criar uma experiência de compra definitiva com inteligência artificial. Hoje, a IA Daydream é lançada oficialmente em versão beta, prometendo transformar a forma como consumidores encontram seus produtos preferidos no universo da moda online. A proposta da startup é simples, mas ambiciosa: oferecer uma jornada personalizada de descoberta por meio de uma assistente de compras baseada em IA generativa e interface conversacional.
Diferente dos filtros limitados de cor, tamanho ou estilo de plataformas convencionais, a Daydream estimula seus usuários a “dizer mais”. Com perguntas específicas sobre ocasião, clima, gosto pessoal e detalhes técnicos, a IA afina as buscas, tornando os resultados mais relevantes. Essa abordagem está no centro da proposta da empresa e aponta para um futuro em que algoritmos deixam de ser obstáculos e se tornam aliados reais da experiência de compra.

A promessa de uma experiência de compra realmente personalizada
Desde o início do projeto, a equipe da Daydream manteve o mantra “diga mais” como norte para o desenvolvimento da plataforma. Ao buscar, por exemplo, um vestido vermelho, a ferramenta sugere que o usuário seja o mais específico possível: será para um casamento ou uma conferência? Qual a estação do ano? Gola alta ou decote? Curto ou longo? A IA utiliza essas nuances para entregar resultados precisos e contextuais.
Segundo Bornstein, essa experiência de compra mais conversacional representa uma evolução das plataformas anteriores que ajudou a construir, como a The Yes. Com base em modelos de linguagem de última geração e avanços recentes na tecnologia de IA, a Daydream oferece uma interface mais próxima de uma consultoria de estilo em tempo real do que um simples e-commerce.

Como a plataforma funciona na prática e quem são seus parceiros
O lançamento em beta está disponível em Daydream.ing, onde os usuários preenchem um “passaporte de estilo” com preferências de marcas, tamanhos e hábitos de compra. A partir disso, podem conversar com a IA para buscar produtos entre mais de dois milhões de itens de vestuário feminino, masculino e acessórios, vindos de mais de 8.500 marcas. Parceiros incluem nomes como Net-a-Porter, Alo Yoga, Mejuri, Uniqlo, Cult Mia e Dôen.
A interface lembra o ChatGPT, mas com um toque visual mais próximo de um feed do Tumblr misturado com um catálogo de moda. O usuário pode curtir, rejeitar ou refinar resultados, além de subir imagens para encontrar peças similares. A compra é redirecionada ao site da marca parceira e a Daydream ganha uma comissão de 20% sobre cada venda.
IA Daydream: A disputa pelo futuro do varejo de moda com IA
O lançamento da Daydream acontece em meio ao crescimento massivo de soluções de compras com IA. Google, OpenAI e startups como a Alta também estão investindo pesado em interfaces conversacionais e funções generativas. O diferencial da Daydream está no foco exclusivo em moda e na curadoria aliada à inteligência artificial, preenchendo uma lacuna entre tecnologia e sensibilidade estética.
Segundo a CTO Maria Belousova, o grande desafio nunca foi encontrar roupas online, mas sim entender a intenção do consumidor. A IA da Daydream busca exatamente isso: interpretar desejos subjetivos e oferecer resultados que vão além dos filtros tradicionais. Assim, é possível sugerir, por exemplo, que um vestido de linho seja ideal para viagens, ou que uma estampa floral combine com o clima da primavera.
Um novo caminho para marcas se conectarem com clientes
O modelo de negócios da Daydream se diferencia ao não depender de anúncios ou rankings pagos. As marcas são apresentadas com base na relevância e preferências do usuário, e não em lances publicitários. Isso resolve um problema recorrente: a desconfiança dos consumidores em relação aos algoritmos de recomendação usados por plataformas como Google e Meta.
Holly Soroca, presidente da marca Dôen, vê no modelo da Daydream uma forma de atrair consumidores com alta intenção de compra, oferecendo uma experiência menos cansativa que os e-commerces multimarcas tradicionais. A possibilidade de um diálogo interativo com a plataforma ajuda a captar não só a busca objetiva, mas também o desejo emocional por trás da peça.
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Os próximos passos da IA Daydream e os desafios pela frente
A equipe da Daydream já está testando uma segunda versão do algoritmo para melhorar ainda mais a personalização e a precisão das recomendações. No entanto, a plataforma enfrenta obstáculos típicos de qualquer nova ferramenta: problemas iniciais, como links quebrados, podem comprometer a experiência, e conquistar usuários dispostos a testar algo novo ainda é um desafio.
A estratégia de lançamento envolve colaborações com stylists e aposta no boca a boca como principal motor de crescimento inicial. Julie Bornstein, com sua longa trajetória no varejo de moda e e-commerce, acredita que o projeto pode mudar as regras do jogo. “As pessoas esperam muito. Quando alguém usa a plataforma pela primeira vez, esse momento precisa ser perfeito”, afirma. “Moda é complexa, mas é minha obsessão de vida, e vamos fazer isso acontecer.”
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