O conglomerado de luxo francês Kering confirmou a nomeação de Luca de Meo como novo CEO do grupo. O executivo, que até então ocupava o cargo de CEO da Renault, assumirá oficialmente sua nova função no dia 15 de setembro, após a aprovação do conselho. Com isso, François-Henri Pinault, à frente da Kering desde 2005, permanecerá como presidente do conselho, dando início a uma nova fase de liderança na companhia.
A mudança ocorre em um momento crítico para o grupo, marcado por queda nas receitas, especialmente nas marcas Gucci, Saint Laurent e Alexander McQueen. A expectativa é que Luca de Meo traga uma visão renovada e contribua com sua experiência em transformação de marcas para recuperar o fôlego do grupo no mercado de luxo.
Saída de Pinault do comando executivo marca nova era na Kering
Pinault liderou a Kering por quase duas décadas, período em que consolidou o grupo como potência global no setor de luxo. Sob sua gestão, a antiga PPR deixou de ser um conglomerado varejista para se tornar um player estratégico no segmento de moda e acessórios de alto padrão, culminando na mudança de nome para Kering em 2013 e na venda de negócios como Puma, Conforama e Printemps.
Apesar das conquistas, Pinault já vinha demonstrando insatisfação com o desempenho recente da empresa. Na última reunião com acionistas, ele destacou a necessidade de fortalecer os fundamentos financeiros da Kering. Segundo o próprio executivo, a escolha por Luca de Meo se deu por sua habilidade em liderar grandes grupos, visão estratégica de marca e cultura corporativa respeitosa, fatores considerados cruciais para a nova etapa.
A missão de reverter a crise nas principais marcas do grupo
O maior desafio de Luca de Meo será liderar o turnaround de Gucci, que atualmente responde por grande parte do lucro da Kering, mas vem enfrentando queda de vendas há anos. A marca sofreu uma retração de 25% no primeiro trimestre de 2025, enquanto Saint Laurent caiu 9% e o grupo como um todo perdeu 14% em receita. Marcas como Balenciaga, McQueen e Pomellato também apresentaram desempenho abaixo do esperado.
Analistas como Luca Solca, do Bernstein, e Thomas Chauvet, do Citi, apontam que a chegada de Luca é promissora, mas alertam para a complexidade do processo de reestruturação de marcas de luxo. O setor está menos tolerante a longos períodos de transição e mais orientado por resultados imediatos, o que pode aumentar a pressão sobre o novo CEO.
Luca De Meo é visto como executivo inovador e alinhado ao universo do luxo
Apesar de sua origem na indústria automotiva, Luca tem se destacado por sua afinidade com marcas e lifestyle premium. Durante sua passagem pela Renault, foi responsável pela renovação do portfólio com foco em inovação, eletrificação e reposicionamento de marca. Seu currículo inclui passagens por Fiat, Alfa Romeo, Toyota, Volkswagen e Seat, além de demonstrar interesse pessoal por relógios suíços de luxo, segundo o analista Luca Solca.
A nomeação de um executivo externo à família Pinault segue uma tendência já praticada pela Kering, como em 2004, quando recrutou Robert Polet, da Unilever, para comandar o então Gucci Group. Agora, a chegada do Luca de Meo é encarada como um passo ousado e necessário para reativar a confiança de investidores e redesenhar o futuro do grupo.
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Expectativas para os próximos passos e movimentações criativas
A troca de liderança acontece em meio a importantes mudanças criativas nas casas de moda da Kering. Em setembro, Demna estreia como diretor criativo da Gucci durante a Semana de Moda de Milão, enquanto Pierpaolo Piccioli apresentará sua primeira coleção para a Balenciaga. Já Louise Trotter assumirá a direção da Bottega Veneta, após crescimento modesto no início de 2025.
O cenário exige que Luca de Meo articule uma estratégia coesa que alinhe identidade de marca, performance comercial e inovação. Sua habilidade em estruturar times fortes será determinante para revitalizar os pilares criativos da Kering e responder aos desafios de um mercado cada vez mais competitivo e seletivo.
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