A estilista italiana Maria Grazia Chiuri está de volta às suas origens. Após deixar a Dior em maio, a designer foi oficialmente nomeada Chief Creative Officer da Fendi, marcando seu retorno à casa romana onde iniciou sua carreira em 1989. A nomeação confirma rumores de longa data e simboliza uma nova fase criativa para a marca, pertencente ao grupo LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton.
Chiuri será responsável por unificar todas as linhas da Fendi, feminina, masculina e couture, sob uma direção criativa coesa. Sua primeira coleção de moda feminina será apresentada em fevereiro de 2026, durante a Semana de Moda de Milão, seguida das coleções masculinas e de alta-costura nos meses posteriores. Segundo o CEO Ramon Ros, essa nova estrutura criativa trará consistência, visão de longo prazo e identidade renovada à maison.

O retorno à casa que marcou o início da carreira
Maria Grazia Chiuri iniciou sua trajetória na Fendi há mais de três décadas, colaborando no desenvolvimento da linha de acessórios, um segmento que seria decisivo para o crescimento da marca. Em comunicado, ela declarou:
“Voltar à Fendi é uma honra e uma alegria. Foi aqui que comecei minha carreira sob a orientação das cinco irmãs Fendi, mulheres visionárias que transformaram a marca em um celeiro de talentos e criatividade.”
A estilista destacou sua gratidão a Bernard Arnault, CEO do grupo LVMH, pela confiança em liderar essa nova fase. “A Fendi sempre foi um espaço de experimentação e de celebração da mulher criadora. Agora, retorno com o objetivo de escrever um novo capítulo nessa história extraordinária”, completou.
Uma nova era criativa para a Fendi
Para Ramon Ros, o novo papel de Chiuri representa uma transformação estratégica. “O cargo de Chief Creative Officer é inédito para a Fendi. Ele permitirá que Maria Grazia expresse sua visão de forma integral, indo além do design de roupas, criando cultura, comunidade e legado”, afirmou.
O executivo ressaltou que o momento de instabilidade na indústria da moda pode se tornar uma oportunidade quando a criatividade é colocada no centro das decisões. “Chiuri tem determinação, domínio técnico e uma visão clara. Ela consegue eliminar o ruído e focar no essencial: produtos icônicos, duradouros e emocionalmente conectados ao público.”
Ros também destacou o papel de Silvia Venturini Fendi, agora nomeada presidente honorária da maison, como figura essencial na transição. Segundo ele, a convivência entre Silvia e Chiuri reforçará o resgate do acervo histórico e dará mais visibilidade à herança familiar da marca.

A herança Fendi e o olhar feminino sobre o luxo italiano
Com a saída de Kim Jones em 2024, Chiuri assume o desafio de conduzir uma das casas mais tradicionais da Itália para uma nova era. A Fendi, fundada em 1925 e administrada por três gerações da família, é reconhecida por sua maestria artesanal e sua capacidade de unir tradição e inovação.
Silvia Venturini Fendi, que liderou as linhas masculinas e de acessórios entre 1994 e 2019, foi peça fundamental na consolidação do legado da marca, especialmente com os modelos Baguette e Peekaboo, ambos símbolos do design italiano. Agora, Maria Grazia traz sua perspectiva feminina e sensível, consolidada por anos de trabalho em marcas como Valentino e Dior, onde foi a primeira mulher a dirigir as coleções femininas da grife francesa.
De Dior à Fendi: uma trajetória de impacto e inovação
Durante nove anos à frente da Dior, Chiuri combinou sucesso comercial e narrativas feministas que redefiniram o papel da mulher na moda contemporânea. Sob sua direção, a marca quadruplicou o faturamento, passando de 2,2 bilhões de euros em 2017 para 8,7 bilhões em 2024, segundo estimativas do HSBC. Entre suas criações icônicas estão o Book Tote, o slingback J’Adior e a reinterpretação do Bar Jacket, símbolos de sua capacidade de unir tradição e modernidade.
Além de desfiles memoráveis em Mumbai, Tóquio, Marrakech, Atenas e Seul, Chiuri destacou artistas e artesãos locais, reforçando a importância da colaboração cultural na moda de luxo. Sua última apresentação na Dior, em maio de 2025, aconteceu na Villa Albani Torlonia, em Roma, um adeus poético à cidade onde agora inicia um novo ciclo criativo.
Veja também: SPFW completa 30 anos com estreias, retornos icônicos e desfiles abertos ao público.

O legado de Maria Grazia Chiuri e o futuro da Fendi
Com sua nomeação, Chiuri reafirma seu papel como uma das vozes mais influentes da moda contemporânea, unindo arte, feminilidade e consciência social. Seu retorno à Fendi simboliza não apenas um reencontro profissional, mas uma reconexão com as raízes do design italiano e com a energia criativa que moldou sua carreira.
Como observou Ros, “Chiuri tem empatia com o público, entende o mundo ao seu redor e traduz isso em design. Às vezes, designers precisam ser mais sociólogos do que estilistas, e Maria Grazia faz isso com maestria.” Sob sua liderança, a Fendi inicia um novo capítulo guiado pela visão feminina, pela valorização da herança artesanal e pelo compromisso com a autenticidade, marcas registradas de uma maison que segue evoluindo sem perder sua essência.
Se você curte conteúdo sobre moda e lifestyle, acesse o nosso canal do Youtube com a Fabíola Kassin.