Olivier Rousteing anunciou oficialmente sua saída da Balmain, encerrando uma das trajetórias mais longas e influentes da moda contemporânea. À frente da maison desde 2011, o designer francês marcou uma geração com seu olhar ousado e sua capacidade de unir herança, diversidade e cultura pop.
Em comunicado, Rousteing declarou: “Tenho profundo orgulho de tudo o que construí e gratidão imensa à equipe excepcional da Balmain, minha família escolhida. Este lugar foi minha casa nos últimos 14 anos. Levarei comigo cada lembrança dessa jornada extraordinária enquanto me preparo para o próximo capítulo da minha carreira criativa.” O CEO da marca, Matteo Sgarbossa, também prestou homenagem, destacando que a contribuição de Olivier “deixará uma marca indelével na história da moda e da Balmain.”

Uma ascensão histórica na moda parisiense
Quando assumiu a direção criativa da Balmain, em abril de 2011, Rousteing tinha apenas 25 anos, tornando-se o designer mais jovem a liderar uma grande maison parisiense desde Yves Saint Laurent na Dior. Ele também foi o primeiro estilista negro a comandar uma casa francesa de luxo em todas as categorias de design.
Durante seu primeiro ano completo no cargo, em 2012, a marca registrou receita de 30,4 milhões de euros. Em 2024, o número ultrapassou 300 milhões, consolidando o impacto de sua gestão. Apesar do crescimento financeiro, a nova liderança da Balmain pretende seguir caminhos criativos diferentes, abrindo espaço para uma nova fase de expansão global.

O início de uma revolução estética e cultural
Antes de ser nomeado diretor criativo, Rousteing trabalhava no estúdio da Balmain sob a direção de Christophe Decarnin, seu antecessor. Sua promoção foi uma aposta ousada do então proprietário Alain Hivelin, que havia resgatado a maison da falência. “Serei eternamente grato pela visão e pela amizade de Alain Hivelin”, afirmou o designer após a morte do empresário, em 2014.
Rousteing estreou com receio na coleção primavera/verão 2012, mas rapidamente encontrou sua voz. Desde o início, ele se posicionou como guardião do legado de Pierre Balmain e, ao mesmo tempo, como um agente de ruptura dentro da indústria. Foi o responsável por criar o conceito de “Balmain Army”, uma comunidade global impulsionada pelas redes sociais e construída em torno da diversidade, da visibilidade e da conexão direta com o público.

A era do glamour pop e o poder da cultura digital
Ao longo dos anos 2010, Rousteing transformou a Balmain em um fenômeno cultural. Suas amizades com Rihanna, Kim Kardashian, Gigi Hadid e Kendall Jenner ajudaram a consolidar a imagem da maison como símbolo do glamour contemporâneo. Em 2015, a colaboração com a H&M marcou um dos momentos mais emblemáticos de sua carreira: filas quilométricas se formaram ao redor do mundo, e a coleção esgotou em poucas horas.
Com o sucesso global, a Balmain se tornou uma marca desejada por uma nova geração. Em 2016, a empresa foi adquirida pela Mayhoola, do Catar, por 500 milhões de euros. Sob o novo comando, Rousteing continuou a expandir os horizontes da maison com desfiles abertos ao público, festivais de moda e apresentações híbridas que uniam música e passarela.
Diversidade, inovação e legado criativo
Durante seus 14 anos de liderança, Olivier Rousteing defendeu uma moda inclusiva e vibrante. Suas coleções dialogavam com o arquivo da Balmain dos anos 1950 e, ao mesmo tempo, incorporavam influências da cultura urbana e da estética hip-hop. Em suas próprias palavras, seu objetivo era “tornar Balmain relevante na cultura pop e, ao mesmo tempo, reafirmar sua identidade como uma casa de herança.”
Seu trabalho também foi marcado por momentos de vulnerabilidade e superação. Em 2019, o documentário Wonder Boy revelou sua busca pessoal por suas origens biológicas. Dois anos depois, ele sobreviveu a um grave acidente doméstico que o deixou com queimaduras severas, experiência que influenciou coleções posteriores. Em 2022, foi convidado como estilista convidado da Jean Paul Gaultier Haute Couture, reafirmando seu prestígio na alta-costura.
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Um novo ciclo para Balmain e para a moda francesa
Ao longo de sua trajetória, Rousteing trabalhou com CEOs como Massimo Piombini, Jean-Jacques Guével e, mais recentemente, Matteo Sgarbossa. Juntos, reintroduziram a linha de alta-costura, lançaram beleza e fragrâncias em parceria com a Estée Lauder e ampliaram a presença global da Balmain.
Em seu último desfile, em outubro de 2025, o designer retornou ao mesmo salão do Hotel Intercontinental onde estreou em 2011. “As pessoas falam sobre novas eras e recomeços, mas acredito que é possível se reinventar permanecendo fiel a si mesmo no mesmo lugar”, disse ele. Agora, aos 40 anos, Olivier Rousteing se prepara para começar esse novo capítulo fora da Balmain, deixando para trás um legado que redefiniu o luxo francês para o século XXI.
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