O estilista italiano Riccardo Tisci, conhecido por sua atuação à frente de marcas como Givenchy e Burberry, está enfrentando uma acusação formal de agressão sexual. A denúncia foi apresentada na Suprema Corte do estado de Nova York, onde o autor do processo, Patrick Cooper, afirma ter sido drogado e violentado por Riccardo Tisci após um encontro em um bar no bairro de East Harlem, em junho de 2024.
Segundo o documento judicial, Cooper alega que Riccardo Tisci teria se aproximado dele em um bar chamado 2 Sisters 4 Brothers Restaurant & Lounge, iniciado uma conversa e, em um momento de distração, colocado uma substância em sua bebida. Após os efeitos do suposto entorpecente, Cooper relata ter perdido a capacidade de reagir ou resistir e ter sido levado ao apartamento do estilista, onde os abusos teriam ocorrido.
O conteúdo da denúncia e a resposta da defesa
Na ação de 11 páginas apresentada pela firma Held & Hines, o advogado de Cooper afirma que seu cliente acordou nu, com Riccardo ao seu lado, sem ter consciência do que havia acontecido nem capacidade de consentimento. O documento solicita indenizações compensatórias e punitivas acima dos valores estipulados pelos tribunais inferiores, além do pagamento de honorários advocatícios e demais custos legais.
A defesa de Tisci respondeu por meio de um porta-voz oficial na quinta-feira, classificando as alegações como “categoricamente falsas”. O comunicado afirma ainda que o estilista está comprometido a provar sua inocência e pretende limpar seu nome por meio do devido processo legal. O advogado de Cooper informou que não faria comentários adicionais até que seu cliente estivesse disponível para se pronunciar.
A trajetória de Riccardo Tisci na moda e seus projetos atuais
Riccardo Tisci construiu uma carreira de destaque no cenário da moda internacional. Entre 2005 e 2017, foi o responsável por transformar a estética da Givenchy com uma abordagem ousada, combinando referências urbanas, religiosas e de alta costura. Em seguida, assumiu o cargo de diretor criativo da Burberry, onde permaneceu até 2023. Durante seu período na casa britânica, renovou a identidade visual da marca e aproximou celebridades como Nicki Minaj do universo da label.
Mais recentemente, Tisci tem trabalhado como fotógrafo artístico em um livro de mesa de luxo ainda não divulgado e estaria próximo de anunciar uma colaboração com uma marca de moda lifestyle. Ele também foi o responsável pelo vestido branco usado pela artista performática Marina Abramović durante a performance silenciosa “736 Hour”, apresentada no Festival de Glastonbury em 2023.
Repercussões e silêncio das partes envolvidas
A denúncia contra Tisci foi revelada inicialmente pelo jornal The Independent e tem repercutido amplamente nos meios de moda e cultura. Apesar da gravidade das alegações, nem o restaurante mencionado nem os representantes da agência United Talent Agency, que representa Riccardo, responderam às solicitações de comentários até o momento. Representantes da Skims e de outras marcas com as quais Riccardo Tisci colaborou anteriormente também não se pronunciaram.
A seriedade do caso e o envolvimento de um nome tão relevante da moda internacional reacendem o debate sobre poder, consentimento e responsabilização no setor criativo. À medida que o processo judicial avança, cresce a expectativa por declarações formais e por uma apuração justa que esclareça os fatos.
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A resposta da mídia e o silêncio de grandes marcas
Desde que as acusações contra Riccardo Tisci vieram à tona, o caso tem sido amplamente divulgado por veículos jornalísticos generalistas e independentes. No entanto, chama atenção o silêncio por parte das principais plataformas de moda e das marcas com as quais o estilista manteve relações profissionais recentes. Até o momento, nomes como Burberry, Givenchy e a United Talent Agency, que representa Tisci, não emitiram declarações públicas sobre o assunto, optando por manter uma postura de distanciamento diante das denúncias.
Esse silêncio coletivo também se estende à mídia de moda tradicional, que historicamente tem demonstrado certa resistência em abordar temas sensíveis envolvendo figuras de prestígio na indústria. A falta de posicionamento mais crítico ou transparente por parte de veículos especializados reforça um padrão recorrente de proteção a grandes nomes do setor, alimentando discussões sobre responsabilidade editorial e ética jornalística. Em um momento em que a moda se vê pressionada a lidar com questões estruturais de abuso, diversidade e integridade, a forma como esse caso será tratado publicamente pode sinalizar avanços, ou a repetição de silêncios convenientes.
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