Entre os dias 22 e 27 de abril, a Semana Fashion Revolution 2025 chega com o tema “Pense Global, Aja Local”. A proposta deste ano, que é a 11ª edição, reforça a importância de refletir sobre a realidade brasileira na cadeia produtiva da moda, valorizando saberes locais, direitos trabalhistas e soluções sustentáveis. Com ações simultâneas em todo o mundo, o evento se consolida como uma das maiores mobilizações por responsabilidade e transparência na indústria fashion.
Brasília, que participa da iniciativa desde 2016, será novamente palco de uma programação intensa e plural. Oficinas, palestras, rodas de conversa, exibição de documentários e performances fazem parte das atividades previstas. O objetivo é engajar diferentes públicos e ampliar o debate sobre o papel da moda na construção de um futuro mais justo, ético e consciente.

A origem do movimento e sua força global
O Fashion Revolution surgiu em 2013, após o colapso do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, onde mais de mil trabalhadores da indústria têxtil perderam suas vidas. O acidente escancarou as condições precárias enfrentadas por quem costura para grandes marcas globais e impulsionou a criação de uma rede internacional que atua hoje em mais de 90 países.
Desde então, o movimento levanta questionamentos fundamentais sobre os bastidores da moda: quem fez nossas roupas? Em que condições? Do que são feitas? A cada edição da Semana Fashion Revolution, esses questionamentos ganham novos contornos, impulsionando ações voltadas à transparência, à valorização das técnicas manuais e ao combate às injustiças da cadeia produtiva.
O recorte brasileiro: saberes locais e urgências sociais
Para além das discussões globais, a edição de 2025 propõe um olhar aprofundado sobre o Brasil. Um país diverso, criativo e, ao mesmo tempo, marcado por desigualdades. Por aqui, a moda é potência econômica e simbólica, com uma cadeia produtiva que ainda carrega desafios estruturais, como a informalidade, a precarização do trabalho e o apagamento de saberes ancestrais.
Nesse contexto, o evento promove encontros que reforçam o papel dos territórios e da memória coletiva na construção de uma moda mais democrática. Oficinas de costura manual, rodas de bordado, performances e debates abordam o tempo do fazer, a resistência através do conserto e o respeito às múltiplas formas de criação. São ações que revelam o quanto o ato de vestir pode (e deve) ser político.
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Programação em Brasília: moda como diálogo e transformação
Em Brasília, as atividades acontecerão em locais diversos como o Cine Brasília, a Biblioteca Salomão Malina e o campus do IESB. A cidade será palco de exibições de documentários, oficinas de estamparia, rodas de conversa com coletivos têxteis, debates sobre moda e ressocialização e encontros que celebram o fazer manual como gesto de cuidado e resistência.
Destaques da programação incluem o fashion film “Tudo Vira Fio”, o debate “Moda é Política” com a pesquisadora Iara Vidal e o “Crochetaço coletivo” no Perifa Runway, reafirmando o espaço urbano como território criativo. Também haverá ações educativas com jovens sobre consumo consciente e oficinas conduzidas por artistas e ativistas locais.
Terça-feira (22/4) – IESB Campus Sul:
- Exibição do documentário Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar (Marcelo Gomes);
- Estreia do fashion film Tudo Vira Fio e roda de conversa com o Coletivo Centopeia Têxtil;
- Oficina de estamparia manual com Thaty Cunha;
- Ação educativa com jovens estudantes sobre consumo e moda consciente, conduzida por Gia Dachi.
Quarta-feira (23/4) – Texturas Ateliê Criativo:
- Encontro: Remendos Visíveis – Reparar é Resistir.
Quinta-feira (24/4) – Cine Brasília:
- Exibição do premiado documentário O Ponto Firme, de Laura Artigas;
- Mini Encontro de Festivais de Brechós com performance de costura interativa;
- Debate Moda, Ressocialização e Futuro com Mara Belo, Samanta Farias e Didas;
- Palestra Moda é Política com a pesquisadora Iara Vidal;
- Ação integrada de gestão de resíduos sólidos, com participação de catadores e estações educativas de descarte.
Sexta-feira (25/4) – Biblioteca Salomão Malina (Conic):
- Oficina de estamparia manual com Thaty Cunha;
- Oficina de costura à mão com Rafaella de Castro Lacerda e Rafaela Fernandes;
- Atividades voltadas à valorização do tempo do fazer, do conserto e do cuidado como resistência cotidiana.
Sábado (26/4) – Dia das Manualidades na Rua:
- Roda de bordado com o Coletivo Linhas da Resistência na Feira Agroecológica da 216 Norte;
- Crochetaço coletivo no Perifa Runway (Complexo Cultural de Samambaia), reafirmando o espaço urbano como território de criação, afeto e política.
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