Testamento de Giorgio Armani define venda gradual da grife e inicia nova era

O falecimento de Giorgio Armani, em 4 de setembro de 2024, marcou não apenas o fim de uma trajetória criativa de mais de 50 anos, mas também o início de uma nova fase para sua grife. O estilista, conhecido como “Rei Giorgio”, deixou em testamento instruções claras para que seus herdeiros vendam gradualmente parte da empresa ou considerem uma abertura de capital.

A decisão surpreendeu o mercado de luxo, já que Armani sempre rejeitou ceder controle ou listar a empresa em bolsa. Agora, um dos nomes mais emblemáticos da moda italiana poderá ter novos controladores, despertando o interesse de gigantes como LVMH, L’Oréal e EssilorLuxottica.

Testamento de Giorgio Armani define venda gradual da grife e inicia nova era
Foto: Reprodução

Detalhes do testamento e prazos definidos

O testamento, registrado em março e abril de 2024, determina que os herdeiros vendam 15% das ações da Giorgio Armani S.p.A. em até 18 meses após sua morte. Entre três e cinco anos depois, deverá ser negociado um segundo lote, que pode chegar a 54,9% do capital, com o mesmo comprador.

Caso não haja acordo para a segunda venda, a alternativa prevista é um IPO, realizado na Itália ou em outro mercado de igual relevância. Segundo a associação de notários italiana, essas disposições têm caráter vinculativo e podem ser contestadas judicialmente se não forem cumpridas.

Fundazione Giorgio Armani e Pantaleo Dell’Orco no comando

A estrutura societária foi desenhada para garantir a preservação dos valores de Giorgio Armani. A fundação que leva seu nome manterá 30% dos direitos de voto, enquanto Pantaleo Dell’Orco, parceiro de negócios e de vida do estilista, deterá 40%. Juntos, eles controlam 70% do poder decisório.

O estatuto da fundação prevê ainda que ela nunca possua menos de 30% do capital, funcionando como guardiã permanente dos princípios do fundador. Além disso, caberá ao conselho da fundação indicar o sucessor do CEO, garantindo continuidade e alinhamento com a visão de Armani.

Gigantes de luxo como potenciais compradores

O testamento concede prioridade a três players estratégicos: LVMH, L’Oréal e EssilorLuxottica, além de permitir a entrada de outro grupo de “mesmo porte” aprovado pela fundação e por Dell’Orco. Essas companhias já possuem laços comerciais com a Armani, seja por licenciamento de cosméticos (L’Oréal) ou por colaborações no setor de óculos (EssilorLuxottica).

No entanto, analistas acreditam que a LVMH, controlada por Bernard Arnault, é a candidata mais provável. Com valor de mercado de 240 bilhões de euros, a holding francesa tem histórico de aquisições estratégicas e capital suficiente para incorporar a Armani, cujo valor é estimado entre 5 e 7 bilhões de euros.

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Legado criativo e trajetória de independência

Fundada ao lado de Sergio Galeotti nos anos 1970, a Giorgio Armani S.p.A. revolucionou a moda moderna com ternos minimalistas e jaquetas elegantes. Até o fim, Armani manteve controle absoluto sobre as decisões criativas e administrativas, resistindo a propostas de aquisição, incluindo tentativas de John Elkann, herdeiro da família Agnelli, e até da Gucci, nos anos 1990.

Apesar da solidez de receita, que alcançou 2,3 bilhões de euros em 2024, a margem operacional caiu para menos de 3%. Essa fragilidade financeira, somada à ausência de herdeiros diretos, reforça a importância do plano sucessório para garantir a longevidade da marca.

Veja também: Tudo o que sabemos sobre o biopic de Giorgio Armani.

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Desafios e oportunidades para o futuro

Com a nova fase, a Armani entra em uma era de transição delicada. De um lado, a fundação e Dell’Orco atuam como guardiões do legado criativo e dos princípios originais da maison. De outro, o mercado aguarda para ver se a empresa optará pela venda a um conglomerado ou pela abertura de capital.

Independentemente do caminho, o impacto cultural e econômico da marca continua inquestionável. Mais do que uma etiqueta de moda, a Giorgio Armani representa a identidade do luxo italiano e um dos capítulos mais marcantes da história da indústria fashion global.

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