O mundo da moda sempre reconheceu Yves Saint Laurent por suas festas impecáveis e seu excepcional sentido de glamour. O ouro era uma verdadeira obsessão e sempre esteve presente nas criações do estilista, um dos nomes mais significativos da alta-costura do século XX. Até 14 de maio de 2023, o Museu Yves Saint Laurent, em Paris, exibe “Gold, os Dourados de Yves Saint Laurent”, e convida o visitante a redescobrir um abundante patrimônio de roupas, joias e móveis do couturier.
Apesar do tema nunca ter sido abordado, a paixão do estilista pelo metal vem de sua infância na cidade de Oram, norte da Argélia, onde o sol sempre se fez presente de forma intensa nas paisagens. Como se revisitasse essas lembranças, Yves Saint Laurent usou o ouro de maneira preciosa tanto em bordados, couro e botões, quanto em criações com lantejoulas, lamê e acessórios.
Com curadoria de Elsa Janssen, diretora do museu desde março deste ano, e colaboração artística de Anna Klossowski, a exposição conta com mais de 40 vestidos, joias, acessórios, entre outras peças nunca vistas, separadas cronologicamente em cinco temas. São eles:
- As joias de Claude Lalanne da coleção Outono-Inverno 1969-1970
A escultora francesa Claude Lalanne, cuja forma de combinar artesanato com poesia era tão admirada por Yves Saint Laurent, foi convidada pelo estilista para colaborar com sua coleção outono-inverno 1969-1970. Para a ocasião, a artista desenhou anéis decorados com flores e folhas, bem como os icônicos moldes da barriga e do peito da modelo Veruschka, que adornavam vestidos de chiffon (trabalho inspirado nos trajes de palco do ballet “Lamentação”, da coreógrafa Martha Graham, de 1930).
- O vestido de noite “Time To Shine” da coleção Primavera-Verão de 1981
Para Yves Saint Laurent, a noite deveria brilhar. Sempre acompanhado de suas musas e de alguns artistas, o estilista fez da noite seu refúgio e presenciou o surgimento de lugares da moda como o Chez Régine e o Le Privilège, onde todos podiam expressar livremente sua personalidade e estilo. Na coleção alta costura Primavera-Verão de 1981, toda essa vida noturna cintilante tomou forma em um vestido. Usado pela atriz Violeta Sanchez, a criação com mangas de morcego e ombros nus, feita em tecido lamê, era hipnotizante.
- O Vestido “Jewel” da coleção de Outono-Inverno 1966-1967
Essa foi a peça que inspirou a ideia da exposição: o vestido-joia da coleção de alta costura Outono-Inverno 1966-1967, todo ornamentado por lantejoulas douradas e bordado com rubis, esmeraldas e safiras. Capturado em dezembro de 1966 pelas lentes do fotógrafo e realizador britânico David Bailey, para Vogue Paris, o vestido foi imediatamente considerado uma obra de arte.
- O Cabelo Trançado da coleção de alta costura do Outono-Inverno 1966-1967
No final do desfile Outono-Inverno de 1966-1967, uma modelo de cabelos loiros, dourados como o sol, cruzou a passarela com uma longa trança nos cabelos, adornada com correntes de ouro, enfeites e pérolas. Mais uma vez Yves Saint Laurent fez alusão à sua infância em Oran, cidade argelina onde nasceu. Recordando o cabelo de Vénus de Botticelli ou de Ticiano, o estilista invocava a imaginação alimentada pela literatura e pelas artes.
- A joalheria “espiga de trigo” de Loulou de La Falaise
Yves Saint Laurent nunca desenhou roupas sem as combinar com joias. Para a designer Loulou de La Falaise, que trabalhou com o estilista de 1972 a 2002, os acessórios eram a outra forma de vestir Saint Laurent. As coleções assinadas por La Falaise eram uma ruptura completa com as joias de alta qualidade da Place Vendôme. Os broches leves que parecem espigas de trigo cobertas de ouro, símbolos de sucesso, eram uma obsessão do costureiro. Era comum encontrar espigas de trigo em todas as salas do seu estúdio de design, como pequenos talismãs, sinais de sorte e proteção.
O percurso da mostra inclui também uma visita imersiva ao estúdio de Yves Saint Laurent, com seus livros, desenhos e fotografias penduradas na parede. Rolos de tecido brilhante expostos em um canto parecem ter sido escolhidos para a próxima coleção; a caixa cheia de botões, de todas as formas, deixada entreaberta sobre a mesa, dá ao visitante a sensação de que o estilista acabou de sair dali. Uma ótima maneira de celebrar os 60 anos do primeiro desfile do costureiro e os cinco anos do museu dedicado à sua obra.
“Gold, os Dourados de Yves Saint Laurent”
De 14 de outubro de 2022 a 14 de Maio de 2023
Museu Yves Saint Laurent
Avenida Marceau, 5
Paris – França
