A escalada da guerra tarifária e comercial entre China e Estados Unidos em 2025 está revelando os bastidores da indústria do luxo. Com tarifas de até 145% impostas por Donald Trump sobre a maioria dos produtos chineses, e a retaliação da China com tarifas de 125% sobre produtos americanos, o cenário global de comércio está em turbulência. Essa disputa está afetando diretamente o mercado de luxo, que historicamente depende da produção chinesa para manter margens de lucro elevadas.
Marcas como Louis Vuitton, Hermès e outras casas europeias têm utilizado fábricas chinesas para produzir seus produtos, mantendo o padrão de qualidade exigido, mas com custos significativamente menores. No entanto, com as novas tarifas, essa estratégia está sendo questionada, e os consumidores estão começando a perceber a realidade por trás das etiquetas “Made in Italy” ou “Made in France”.
Trump isentou 25% dos produtos chineses das novas tarifas, essa exceção vale para celulares, computadores, televisores e semicomputadores, o que já equivale a quase 1/4 (23,8%) de todas as compras da China. Porém, essa exceção não é válida para produtos de luxo.
Vídeos virais expõem a produção do luxo na China
Nas redes sociais, especialmente no TikTok, vídeos de fábricas chinesas mostrando a produção de itens de luxo têm se tornado virais. Um dos vídeos mais populares mostra a fabricação de uma bolsa semelhante à Birkin por US$ 1.400, enquanto é vendida por US$ 38.000. Esses conteúdos questionam o valor real dos produtos de luxo e sugerem que os consumidores estão pagando principalmente pela marca, não pela qualidade do produto.
Embora marcas como Louis Vuitton e Lululemon neguem a veracidade desses vídeos, afirmando que não finalizam seus produtos na China, especialistas alertam que muitos desses conteúdos podem ser produzidos por fabricantes de falsificações tentando legitimar seus produtos. Independentemente da autenticidade, esses vídeos estão afetando a percepção dos consumidores sobre o valor dos produtos de luxo.
Impacto nas vendas e estratégias das marcas de luxo
A LVMH, conglomerado que inclui marcas como Louis Vuitton e Dior, reportou uma queda de 3% nas vendas orgânicas no primeiro trimestre de 2025, com destaque para uma redução de 11% na Ásia (excluindo o Japão) e 3% nos Estados Unidos. A empresa atribui essa queda à diminuição da demanda chinesa e ao aumento das tarifas comerciais.
Para mitigar os impactos, algumas marcas estão considerando expandir a produção nos Estados Unidos. A Louis Vuitton, por exemplo, já fabrica um terço de seus produtos de couro nos EUA. No entanto, essa transição requer tempo e investimento, e não é uma solução imediata para os desafios atuais. Afinal, dificilmente um produto seria 100% produzido em algum território, em questões de divisões de matéria-prima, isso é praticamente impossível.
Consumidores questionam o valor do luxo
A exposição dos bastidores da produção de luxo está levando os consumidores a questionarem o valor real desses produtos. A percepção de que estão pagando principalmente pela marca, e não pela qualidade ou exclusividade, pode afetar as decisões de compra, especialmente entre os consumidores aspiracionais.
Apesar disso, o desejo de pertencimento e o status associado às marcas de luxo continuam sendo fatores importantes para muitos consumidores. A narrativa e a experiência oferecidas por essas marcas ainda têm um apelo significativo, mesmo diante das revelações sobre a produção.
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Perspectivas futuras para o mercado de luxo
A guerra tarifária entre China e Estados Unidos apresenta desafios significativos para o mercado de luxo. Além das tarifas, a exposição dos bastidores da produção e a mudança na percepção dos consumidores exigem que as marcas repensem suas estratégias.
Investimentos em transparência, autenticidade e produção local podem ser caminhos para reconquistar a confiança dos consumidores. Além disso, a diversificação das cadeias de suprimentos e a adaptação às novas realidades do comércio global serão essenciais para a sustentabilidade das marcas de luxo no futuro.
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