“Karl”: Novo documentário inédito sobre a vida de Karl Lagerfeld

Poucos nomes na moda carregam tanta força e mistério quanto Karl Lagerfeld. Ícone incontestável, criador incansável e personagem multifacetado, ele marcou gerações com sua visão criativa à frente da Chanel, Fendi e de tantas outras colaborações. Agora, sua história ganha um novo capítulo nas telonas com o documentário “Karl”, dirigido por Nick Hooker e apresentado neste fim de semana no Festival de Cinema de Telluride, no Colorado (EUA).

Longe do estereótipo do gênio inacessível, o filme se propõe a revelar a essência do homem por trás dos óculos escuros. A produção costura sua trajetória desde a infância em Hamburgo até os 36 anos em que comandou a Chanel, passando ainda por sua atuação em casas como Balmain, Patou, Chloé e Fendi.

O grande diferencial está no acesso a correspondências pessoais nunca antes vistas e em uma série de entrevistas exclusivas que trazem à tona a intimidade de Karl com seus colaboradores mais próximos. Entre eles, o lendário diretor de som Michel Gaubert, a chefe de comunicação da Chanel Marie-Louise de Clermont-Tonnerre e o cenógrafo Stefan Lubrina, que ainda hoje se emocionam ao relembrar histórias com o estilista.

“karl”: mais que um documentário

O documentário também abre espaço para figuras que viveram de perto o impacto de Lagerfeld no universo da moda e da cultura pop. Tilda Swinton, Lily-Rose Depp e Tom Ford estão entre os nomes que dividem memórias e percepções sobre sua genialidade criativa.

Assistir a “Karl” é também revisitar a transformação da moda ao longo das décadas. O estilista atravessou marcos históricos: dos anos 60 com a juventude rebelde e a Beatlemania, passando pelos 70 com a ascensão do prêt-à-porter e pela célebre “Batalha de Versalhes”, até chegar aos 80, quando o luxo e o glamour atingiram seu auge.

Foi nesse contexto que, em 1983, Lagerfeld assumiu uma Chanel considerada “presa ao passado” desde a morte de Gabrielle Chanel, em 1971. Muitos duvidaram do que ele poderia fazer. O próprio Hubert de Givenchy chegou a questionar: “O que ele vai conseguir lá?”. Karl respondeu à altura: reinventou a marca preservando sua essência, mas também rompendo com tradições, trazendo frescor, ironia e ousadia. Sua famosa frase resume bem: “Quero fazer exatamente o mesmo, mas também o oposto”.

Mais do que um retrato biográfico, “Karl” é um convite a entender como um homem transformou não só uma maison, mas a forma como enxergamos os estilistas até hoje. Nick Hooker não apenas reconstrói a carreira brilhante de Lagerfeld, mas também mostra as nuances de sua personalidade, contraditória, intensa e cheia de humor ácido.

O resultado é um filme que emociona tanto fashionistas quanto cinéfilos, celebrando o legado de um criador que nunca teve medo de provocar. Afinal, como o próprio Karl dizia, o importante era que Chanel permanecesse viva, mesmo que isso significasse revirar Gabrielle em seu túmulo.

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