Maria Grazia Chiuri celebra a herança teatral de Roma com a restauração do Teatro della Cometa

Às vésperas do desfile cruise 2026 da Dior, a diretora criativa Maria Grazia Chiuri revelou sua mais recente iniciativa cultural: a restauração do histórico Teatro della Cometa, em Roma. O projeto, resultado de um investimento pessoal da designer e de sua família, devolve à cidade um espaço artístico íntimo e repleto de história, oferecendo uma nova perspectiva sobre o legado da alta-costura e da dramaturgia italiana.

Roma, conhecida por seus cenários teatrais naturais e por sua ligação com as artes performáticas, ganha um novo fôlego com essa reinauguração. O teatro, concebido originalmente por Tommaso Buzzi e inaugurado em 1958, passou por um complexo processo de revitalização que respeitou elementos originais como lustres em forma de estrelas, portas de latão e a estrutura cênica giratória, ao mesmo tempo em que modernizou o espaço para receber uma nova geração de criadores.

Maria Grazia Chiuri celebra a herança teatral de Roma com a restauração do Teatro della Cometa
Foto: Reprodução

Um tributo à condessa Pecci Blunt e às mulheres na arte

Chiuri encontrou inspiração na condessa Anna Laetitia Pecci Blunt, também conhecida como Mimì, que encomendou o teatro e viveu entre Roma, Paris, Toscana e Nova York. Pecci Blunt era uma figura central no cenário artístico internacional e manteve contato com grandes nomes como Jean Cocteau, Salvador Dalí e Cecil Beaton.

A designer quis celebrar a trajetória da condessa, destacando o papel fundamental de mulheres visionárias no fomento à cultura. “É mais difícil para as mulheres criativas emergirem na arte, e gosto de oferecer diferentes pontos de vista”, afirmou Chiuri. O projeto é também uma extensão de sua proposta estética, que frequentemente incorpora colaborações femininas e homenagens à produção artística feminina.

Teatro della Cometa restaurado, espírito preservado

O novo Teatro della Cometa foi restaurado com direção visual do Studio Sonnoli, mantendo sua essência barroca e íntima. O espaço é descrito como uma “joia aos pés do Monte Capitolino”, segundo o arquiteto e historiador Antonio Muñoz. Desde sua fundação, recebeu espetáculos de Beckett, Ionesco e concertos históricos, até ser fechado em 1968 devido a um incêndio.

A reabertura busca preservar essa vocação multidisciplinar com uma programação que mistura teatro, dança, música, residências artísticas e festivais. Para Chiuri, a proposta é transformá-lo em um ponto de encontro dinâmico e inclusivo para a cultura contemporânea, estimulando o intercâmbio e a inovação artística em Roma.

Maria Grazia Chiuri celebra a herança teatral de Roma com a restauração do Teatro della Cometa
Foto: Reprodução

Dior, figurinos e os bastidores do novo espetáculo romano

O desfile da Dior foi precedido por encenações de tableaux vivants inspirados nas soirées da condessa Pecci Blunt, com figurinos produzidos pela lendária casa de figurinos Atelier Tirelli. A parceria foi uma estreia para Chiuri, que destacou a excelência técnica da equipe responsável por trajes históricos de filmes premiados como “Titanic” e “O Paciente Inglês”.

As roupas, todas brancas, incluíam personagens como Pierrot e o Duque de Orleans, em meio a cenários criados pelo colaborador de longa data da Dior, Pietro Ruffo. A performance funcionou como ponte entre passado e presente, exaltando o artesanato e a teatralidade como elementos centrais na narrativa da Maison.

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Maria Grazia Chiuri transforma Roma em um palco de memórias e novos começos

Além do teatro, a Dior organizou visitas privadas à Domus Aurea, ao estúdio de Ruffo e ao próprio Atelier Tirelli, criando uma experiência cultural imersiva. Essa jornada por locais simbólicos da cidade revelou uma nova faceta de Roma, mais conectada ao cinema e ao teatro, segundo Chiuri.

A diretora comparou o projeto atual à exposição “Mirabilia Romae”, que produziu com Pierpaolo Piccioli em 2015. “Desta vez, quis contar uma história mais conectada ao cinema e à memória da cidade”, afirmou. Com o apoio da filha, Rachele Regini, que lidera o comitê científico do teatro, Chiuri transforma a cena romana em um manifesto de criatividade, tradição e futuro.

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