MSCHF lança escultura “King Solomon’s Baby” que será dividida entre compradores

O coletivo criativo MSCHF está prestes a apresentar sua nova obra provocativa, intitulada “King Solomon’s Baby”. A escultura em grande escala será exibida no Pioneer Works, no Brooklyn, a partir de 10 de julho. Inspirada na famosa parábola bíblica do Rei Salomão, a peça será literalmente fatiada dependendo do número de compradores interessados. Trata-se de uma crítica contundente ao mercado de arte, unindo performance, ironia e reflexão sobre valor.

A proposta é simples e ousada: caso um único comprador esteja disposto a adquirir a obra, ela custará US$ 100 mil e permanecerá intacta. No entanto, se houver mais de um interessado, o valor será dividido proporcionalmente e a escultura será cortada em partes iguais, com cada participante levando sua fatia. A ação convida o público a entrar em um “pacto de confiança financeira”, nas palavras da MSCHF, apostando no engajamento coletivo para justificar o investimento individual.

MSCHF lança escultura "King Solomon’s Baby" que será dividida entre compradores
Foto: Cortesia da MSCF

Uma nova provocação no mercado da arte contemporânea

“King Solomon’s Baby” marca o retorno do MSCHF às suas raízes em Nova York, após o projeto Material Values, apresentado em Tóquio no início deste ano. A nova obra mantém a essência participativa e crítica da coletiva, expondo as contradições do sistema de valores no universo da arte contemporânea. O ato de cortar fisicamente uma escultura conforme a quantidade de compradores transforma a aquisição em performance pública, com forte carga simbólica.

Durante dois dias, o processo de fatiamento será realizado ao vivo, no espaço do Pioneer Works, e transmitido online. A primeira incisão será feita às 20h30 no dia 10 de julho, durante o evento de recepção que ocorrerá entre 19h e 21h. O resultado final, no caso, as partes fragmentadas da escultura, permanecerá em exibição até o “Second Sunday” de julho da instituição.

MSCHF lança escultura "King Solomon’s Baby" que será dividida entre compradores
Foto: Cortesia da MSCF

Participação do público e críticas à lógica de posse

Ao transformar compradores em coautores de sua obra, o MSCHF questiona o individualismo e a lógica tradicional de posse. A provocação lembra outros projetos da coletiva, como o “ATM Leaderboard” exibido na Art Basel Miami ou a obra de Damien Hirst que foi cortada em pontos e vendida separadamente. Cada ação do grupo reforça sua postura crítica diante da especulação financeira em torno da arte.

Mais do que uma escultura, “King Solomon’s Baby” é uma experiência coletiva que convida os participantes a repensar os sistemas de valor que sustentam o mercado artístico. Ao dividir uma obra física entre várias pessoas, o MSCHF propõe um novo modelo de colecionismo: menos centrado na exclusividade e mais baseado em colaboração, risco compartilhado e experimentação conceitual.

MSCHF lança escultura "King Solomon’s Baby" que será dividida entre compradores
Foto: Cortesia da MSCF

Uma solução criativa para problemas logísticos

A obra também atua como uma solução inusitada para as questões práticas envolvidas na compra de arte, como transporte, armazenagem e custo de seguro. “Por que não dividir o fardo?”, provoca o MSCHF. A escultura passa a ser pensada não apenas como objeto estético, mas como entidade fragmentada, cujos significados se multiplicam junto com sua divisão física.

A iniciativa ainda reforça o uso de plataformas digitais para compra e visualização da obra. As vendas serão realizadas exclusivamente no site kingsolomonsbaby.com, a partir das 14h (EST) de 10 de julho. Toda a performance também poderá ser acompanhada ao vivo por meio de transmissão online, ampliando o alcance e o impacto da proposta.

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MSCHF lança escultura "King Solomon’s Baby" que será dividida entre compradores
Foto: Cortesia da MSCF

Humor, crítica e inovação como assinatura do MSCHF

O MSCHF tem se consolidado como um dos coletivos mais inventivos e irônicos do cenário artístico contemporâneo. Combinando elementos da moda, tecnologia e cultura pop, suas obras funcionam como ferramentas de crítica e como dispositivos de engajamento direto com o público. “King Solomon’s Baby” mantém essa assinatura ao unir performance, narrativa bíblica e dinâmica de mercado em um gesto radical e simbólico.

A escultura, como tantas outras criações do coletivo, extrapola o espaço físico para se tornar um convite à reflexão sobre posse, valor e arte no século XXI. Ao fim da performance, o que resta são fragmentos materiais e um conceito poderoso: às vezes, dividir é o ato mais provocativo de todos.

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