Novo museu dedicado à Frida Kahlo será inaugurado na Cidade do México

A Cidade do México vai ganhar um novo ponto de encontro para os admiradores de Frida Kahlo. No dia 27 de setembro, será inaugurado o Museo Casa Kahlo, também chamado de Casa Roja, localizado em Coyoacán, o mesmo bairro onde está a famosa Casa Azul. O novo espaço promete apresentar um retrato mais íntimo da infância e dos anos de formação da artista, por meio de objetos pessoais, documentos e imagens do acervo mantido por sua família.

A Casa Roja será o primeiro museu administrado diretamente pelos descendentes de Frida, reforçando a conexão pessoal e afetiva com o legado da pintora. A iniciativa aprofunda a importância cultural de Coyoacán como polo do turismo fridamaníaco e reforça a projeção global da artista, cuja história e obra seguem despertando fascínio em diferentes gerações e culturas.

Novo museu dedicado à infância de Frida Kahlo será inaugurado na Cidade do México
Foto: Museo Casa Kahlo

Um museu criado a partir da memória familiar

A propriedade da Casa Roja pertenceu originalmente aos pais de Frida Kahlo e, mais tarde, à sua irmã mais nova, Cristina. Durante décadas, o local permaneceu como residência da família e guardião de um acervo privado que inclui cartas, fotos e objetos de infância. Muitos desses itens foram revelados ao público pela primeira vez no livro Frida Kahlo: El Círculo de los Afectos, de Luis-Martín Lozano, publicado em 2007.

Com o tempo, a casa passou a receber pesquisadores, jornalistas e figuras públicas, entre elas, a atriz Salma Hayek, sob a hospitalidade de Mara Romeo Kahlo, neta de Cristina e sobrinha-neta de Frida. A transformação do espaço em museu representa o desejo de compartilhar essas memórias com um público mais amplo, sem perder o caráter afetivo e íntimo do local.

Um contraponto à Casa Azul

Enquanto a Casa Azul é dedicada à vida adulta e obra de Frida Kahlo, a Casa Roja foca na infância e juventude da artista. O acervo inclui desde bonecas, roupas e bijuterias até cartas manuscritas e fotografias feitas por seu pai, o fotógrafo Guillermo Kahlo. Itens únicos também serão exibidos, como um bordado feito por Frida aos cinco anos, sua primeira pintura a óleo e até um mural recentemente descoberto, possivelmente o único criado por ela.

O museu será dirigido por Adán García Fajardo, atual diretor acadêmico do Museu da Memória e Tolerância, na capital mexicana. A gestão ficará a cargo da Fundación Kahlo, uma organização sem fins lucrativos sediada em Nova York e independente do fundo administrado pelo Banco do México, responsável pela Casa Azul, atualmente envolvido em controvérsias sobre a ausência de obras do acervo original.

Coyoacán se fortalece como capital do turismo cultural ligado a Frida

Com a inauguração da Casa Roja, o bairro de Coyoacán se consolida como epicentro da memória de Frida Kahlo. O público poderá visitar dois museus dedicados à artista, além de encontrar murais urbanos, estátuas em tamanho real e outros pontos de interesse voltados para o turismo cultural e artístico.

Essa expansão acompanha uma tendência na Cidade do México: o surgimento de espaços culturais híbridos e de gestão privada. Exemplo disso é a Fundación Fernando Romero, que em breve abrirá ao público a casa La Cuadra San Cristóbal, projeto do arquiteto Luis Barragán, ampliando ainda mais o circuito artístico na região.

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Novo museu dedicado à Frida Kahlo será inaugurado na Cidade do México
Foto: Reprodução/Pinterest

A universalidade de Frida segue em evidência

Mais do que uma artista, Frida Kahlo tornou-se símbolo de identidade, resistência e vulnerabilidade. Para a autora Celia Stahr, a força de sua obra está na capacidade de transformar experiências pessoais em linguagem universal. “Ela permite que as pessoas se enxerguem em suas pinturas, mesmo com décadas de distância cultural e temporal.”

O especialista Gregorio Luke ressalta que o interesse por Frida só cresce. “Há 30 anos, diziam que Fridamania era passageira. Hoje, ela transcende sua própria arte. Frida encenou a própria vida como uma obra.” Já Mara Romeo Kahlo, herdeira da artista, resume: “O legado de Frida pertence ao mundo, mas começa aqui, nesta terra, nestas casas e na cultura que a formou.”

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