A demissão em massa de funcionários do X no Brasil revela uma disputa acirrada entre o bilionário Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes, expondo os limites entre liberdade de expressão e decisões judiciais
Neste final de semana, o X, antigo Twitter, decidiu encerrar suas operações no Brasil, demitindo todos os seus cerca de 40 funcionários. A notícia pegou muitos de surpresa, mas as razões por trás dessa decisão já vinham se desenhando há meses, em uma escalada de tensão entre Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Na manhã de sábado (17), os funcionários receberam um convite inesperado para uma reunião online, marcada poucas horas antes. Quem conseguiu acessar a reunião, foi demitido na mesma hora. Essa ação abrupta colocou um fim às atividades da rede social no Brasil, país onde já não mantinha uma sede oficial há cerca de dois anos.
Pouco depois, Elon Musk foi ao seu perfil no X e justificou a decisão, apontando diretamente para Moraes. Segundo Musk, a rede social estaria sendo pressionada a cumprir ordens de censura que ele considerou inaceitáveis. “A decisão de fechar o escritório X no Brasil foi difícil, mas, se tivéssemos concordado com as exigências de censura secreta (ilegal) e entrega de informações privadas de @alexandre, não haveria como explicar nossas ações sem ficarmos envergonhados”, afirmou Musk.
A tensão entre o bilionário e o ministro não é novidade. Desde abril, os dois vêm trocando farpas públicas, especialmente após a divulgação dos “Twitter Files Brazil”, uma série de documentos que mostraram trocas de e-mails entre funcionários da rede social sobre decisões judiciais brasileiras. Musk, desde então, vem acusando Moraes de censura e de usar sua posição para silenciar vozes dissidentes na plataforma.
Em resposta, Moraes incluiu Musk no inquérito das milícias digitais, uma investigação que apura crimes como obstrução à Justiça e organização criminosa. A situação se agravou quando, em agosto, o ministro ordenou o bloqueio de sete perfis de apoiadores de Jair Bolsonaro no X, uma decisão que Musk não cumpriu, chamando-a novamente de censura.
A disputa atingiu seu ápice neste final de semana, com o fechamento das operações do X no Brasil. Em uma nota oficial, o perfil governamental da rede social publicou um despacho supostamente secreto de Moraes, no qual o ministro ameaçava prender a representante legal do X no país, caso a rede social não cumprisse suas ordens.
O futuro do X no Brasil é incerto, mas o caso já levanta questões sobre os limites da liberdade de expressão e o poder do Judiciário. Enquanto isso, a plataforma segue disponível para os usuários brasileiros, mas sem uma operação local para gerenciar suas atividades.