Um ano após o lançamento de Chromakopia, Tyler, The Creator revisita o álbum que marcou uma nova fase de sua carreira, lançando uma edição deluxe com a faixa Mother, retirada da versão original pouco antes do lançamento. A música, segundo o artista, foi a primeira composta para o projeto e representa o ponto de equilíbrio de toda a obra.
O rapper compartilhou a novidade no Instagram, junto a uma reflexão sobre o significado do lar e suas memórias de infância. Na legenda, escreveu sobre andar de bicicleta por seus antigos bairros, Inglewood, Hawthorne e South Bay, e as conversas que teve com a mãe durante o processo criativo. “Descobri coisas que contrariavam as histórias que eu mesmo havia criado”, afirmou, em um texto que acompanhava uma foto dele ainda criança ao lado da mãe.

“Mother”: a peça que faltava em Chromakopia+
Tyler descreve “Mother” como o alicerce emocional do álbum, a faixa que traduz o sentimento de origem e introspecção que permeia todo o projeto. Produzida em 2020, a música combina elementos de percussão manual e experimentalismo sonoro, refletindo a estética que o rapper buscava desde o início da concepção do disco. “Queria que este álbum fosse cheio de percussão feita à mão, queria a cor verde Kelly em todos os lugares, e que os vídeos parecessem estranhos. Eu até queria usar uma máscara de mim mesmo”, explicou.
Ao incluir “Mother” na nova edição, Tyler afirma que finalmente conseguiu apresentar o álbum em sua totalidade, sem deixar de lado o contexto que o inspirou. O lançamento marca não apenas a celebração de um ano de sucesso, mas também um retorno simbólico às raízes emocionais do projeto, uma homenagem à sua própria trajetória e à relação com a mãe, uma das presenças mais recorrentes em sua obra.

Reflexões sobre identidade, medo e crescimento
Em sua postagem, Tyler revelou que abordou “Chromakopia” como um diário pessoal. “Falei sobre coisas que já mencionei antes e sobre outras que nunca havia explorado: a pressão da monogamia, o medo da paternidade, o julgamento sobre a liberdade sexual, minha paranoia e até como me sinto em relação ao meu cabelo.”
O artista ressalta que o processo não foi exatamente profundo ou sombrio, mas uma tentativa de dar forma aos pensamentos que permanecem em repetição. Essa abordagem confessional reforça o lado humano e vulnerável de Tyler, que nos últimos anos tem transitado entre a introspecção artística e o sucesso comercial com equilíbrio raro. “O álbum me levou a lugares que os anteriores não levaram. Quinze anos de carreira e este é o maior até agora. Fico em choque com o sucesso”, escreveu.
De “Chromakopia” ao topo das paradas
Lançado em 28 de outubro de 2024 pela Columbia Records, o álbum original contou com 14 faixas e estreou diretamente no topo da Billboard 200, onde permaneceu por três semanas consecutivas. Com colaborações de nomes como Daniel Caesar, GloRilla, Sexyy Red e Lil Wayne, o projeto gerou três hits no Top 10, incluindo “Noid”, “St. Chroma” e “Sticky”.
Mesmo com um lançamento fora do ciclo tradicional, em uma segunda-feira, o disco vendeu cerca de 299.500 unidades equivalentes em sua primeira semana, consolidando-se como o maior sucesso da carreira de Tyler até então. Para ele, o impacto do álbum superou as expectativas e consolidou uma fase mais madura e confiante. “Eu planejava que este fosse meu último álbum por um longo tempo. Lançar, fazer uma grande turnê e depois desaparecer para viver a vida fora do trabalho. Mas é difícil, porque eu amo criar coisas”, escreveu.
Entre o sucesso e a reinvenção
Apesar de ter cogitado uma pausa, Tyler continuou a expandir seus horizontes criativos. Em julho de 2025, lançou “Don’t Tap the Glass”, seu nono álbum de estúdio, que também estreou em primeiro lugar nas paradas e lhe garantiu o quarto número 1 da carreira. Paralelamente, o artista se prepara para sua estreia no cinema, atuando ao lado de Timothée Chalamet no filme “Marty Supreme”, dirigido por Josh Safdie.
Essa transição entre música e cinema reafirma a versatilidade de Tyler, que sempre desafiou rótulos e expectativas. De rapper provocador a ícone de autenticidade criativa, sua trajetória reflete um artista que se reinventa sem perder o controle de sua narrativa, um equilíbrio entre vulnerabilidade, humor e genialidade estética.
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Um legado que continua crescendo
Ao celebrar o primeiro aniversário de “Chromakopia”, Tyler reconhece o peso emocional que o álbum conquistou entre seus fãs. Em suas palavras, trata-se de uma obra que busca ressignificar o conceito de lar, não como um lugar físico, mas como um estado de espírito. “Para quem ama este álbum, me contem o que ele significa para vocês. Espero que ele tenha peso na vida de cada um.”
Com “Mother”, a peça final de seu quebra-cabeça criativo, Tyler, The Creator reforça seu domínio artístico sobre o próprio universo sonoro e visual. Mais do que um músico, ele se consolida como um contador de histórias de si mesmo, alguém que transforma memórias, medos e reflexões em arte que ecoa além do tempo.
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