Um dos momentos mais aguardados da moda é o Met Gala, e o tema de 2026, como de costume, será o mesmo da exposição: “Costume Art”, que explora a importância do corpo vestido ao longo da história da arte. A mostra será exibida no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, no dia 4 de maio de 2026.
Sob a curadoria de Andrew Bolton, a exposição foi pensada como uma declaração clara: a moda merece ser vista e discutida no mesmo nível que pintura, escultura e outras expressões artísticas. Para isso, Costume Art coloca lado a lado obras de diferentes períodos, que abrangem cerca de 5 mil anos de arte do acervo do The Met, e peças históricas e contemporâneas do Costume Institute, sempre tendo o corpo vestido como ponto de conexão.



O corpo vestido no centro da narrativa do The Met
A ideia de partida de Andrew Bolton é simples e poderosa: em praticamente todas as galerias do The Met, o corpo aparece vestido, representado ou sugerido de alguma forma. Mesmo quando está nu, ele nunca está “vazio”, mas carregado de símbolos, valores e convenções culturais. Costume Art torna explícita essa presença constante, usando a moda como chave de leitura para toda a coleção do museu.
Para isso, a exposição cria diálogos entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias e roupas de alta-costura. Obras clássicas dividem o espaço com criações contemporâneas, evidenciando como a forma de cobrir, moldar ou expor o corpo está no centro das discussões sobre identidade, poder, gênero, ideal de beleza e transformação social ao longo da história.
A mostra é organizada em torno de diferentes “tipos de corpo”, divididos em categorias que ajudam a questionar hierarquias tradicionais entre arte e moda. Estão lá o corpo clássico e o corpo nu, tão presentes na história da arte ocidental; o corpo anatômico, que revela músculos, ossos e estruturas internas; além de corpos muitas vezes marginalizados nas representações tradicionais, como o corpo grávido e o corpo envelhecido.



Bolton também provoca uma reflexão sobre por que a moda ainda enfrenta resistência para ser plenamente reconhecida como arte. Segundo ele, essa resistência está ligada ao fato de o vestuário estar diretamente associado ao corpo, ao uso e à vida cotidiana. Por muito tempo, a moda só foi aceita como “arte” quando afastada da experiência corporal, tratada como imagem pura ou objeto de contemplação distante.
Em Costume Art, o curador faz o movimento contrário: recoloca o corpo no centro e assume que a força da moda está justamente na experiência vivida. Roupas são pensadas para serem vestidas, para se moverem com quem as usa, para existir no atrito entre o ideal e o real. Ao reconhecer essa dimensão, a mostra propõe que a moda tem uma vantagem particular em relação a outras formas de arte: ela está mais próxima da vida, dos afetos, das tensões e das contradições de quem a veste.



o que podemos esperar dos looks do met gala 2026
O tema, “Costume Art”, explora a importância do corpo vestido ao longo da história, colocando o corpo e suas diversas fisionomias como ponto central.
Pensando nisso, as principais referências devem ser peças que, de certa forma, “contornam” o corpo, com silhuetas marcadas na cintura e ombros, volumes estratégicos e localizados (como nos seios e quadris), além de drapeados, fluidez e vestidos com aspecto de molhado que realçam as formas. Corsets também devem aparecer com força.
Indo para um lado mais caricato, mas ainda relevante, podemos esperar estampas evidentes de partes do corpo ou até mesmo de órgãos, brincando com a anatomia como arte.
Tendo em vista a ideia de um corpo clássico, uma paleta de cores mais neutras pode dominar, mas também há espaço para ousadia em uma pegada Schiaparelli, com referências a pinturas corporais, tudo com elegância, é claro.

A exposição é a primeira a ocupar de forma permanente um espaço nobre do museu, reforçando o peso da moda dentro da programação do The Met. O título, direto e sem subtítulo, foi escolhido de forma intencional: ao abandonar explicações complementares, a mostra se apresenta como um posicionamento claro de que a roupa, o vestuário, é arte.
Viabilizada com apoio de Jeff e Lauren Bezos e patrocínios de Saint Laurent e Condé Nast, a exposição abre ao público em 10 de maio de 2026 e segue em cartaz até 10 de janeiro de 2027. Sua inauguração acontece na sequência do Met Gala de 2026, evento beneficente que segue sendo a principal fonte de financiamento do Costume Institute. Com Costume Art, a instituição dá um passo decisivo rumo a um futuro em que moda, corpos e imagens sejam entendidos como partes igualmente legítimas da história da arte.
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