Entenda sobre a polêmica das bolsas de luxo feitas por chineses

Vídeos de fabricantes chineses mostrando como são feitas bolsas de luxo tomaram conta das redes nos últimos dias. Mas o que parecia mais uma polêmica sobre falsificação, virou uma discussão muito mais profunda sobre a indústria da moda, o valor das marcas e o que realmente estamos comprando quando escolhemos o “original”.
Lá nos anos 90, grandes marcas decidiram escalar sua produção. Para isso, buscaram polos com mão de obra mais barata — China, Vietnã, Sri Lanka e por aí vai. E não foi só terceirizar: elas treinaram artesãos, modelistas e profissionais locais para produzir com o mesmo padrão de excelência europeu. Deu certo. A produção ficou mais rápida, mais barata e mais eficiente.
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Só que agora, esse conhecimento está sendo usado por fabricantes que replicam as peças com qualidade semelhante, mas sem o logo. São esses os vídeos que viralizaram: pessoas dizendo que produzem as bolsas “iguais”, mas que não levam o nome da marca. E aí vem a pergunta: se o produto é o mesmo, por que continuamos querendo pagar (muito) mais pela versão com etiqueta?
A resposta é simples: marca é valor agregado. E isso tem preço. O desejo está em pertencer àquela marca, mais do que na costura da alça ou no acabamento do zíper. Não são apenas as bolsas de luxo que entram na discussão: é a marca! Isso se chama branding, e é por isso que muita gente paga — e paga caro.
A questão é que o público já não compra mais o storytelling romantizado. A narrativa da marca que valoriza o artesanato e a produção “feita à mão na vila italiana” soa cada vez mais artificial. O que as pessoas querem agora é a verdade. Se a peça é feita na China, ok — desde que isso não seja escondido atrás de uma etiqueta “Made in Italy” colocada após um ajuste final em território europeu (sim, essa brecha existe na legislação).
Esses vídeos não vão fazer as pessoas pararem de consumir marcas de luxo. Mas vão acelerar uma mudança de comportamento: menos ilusão e mais consciência sobre o que se está comprando. No fim, quem realmente está ganhando são os próprios chineses — que dominam a técnica, produzem bem e vendem para quem só quer qualidade, não o nome.
Essa conversa vai muito além de cópia ou original. É sobre transparência, valor real e o fim das historinhas inventadas que não convencem mais ninguém.
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