A Uniqlo, a Gymshark e a Lush decidiram interromper as contratações por aplicativos da Gig Economy no Reino Unido, como YoungOnes e Temper, após críticas de sindicatos sobre as condições precárias de trabalho. A decisão veio depois de um alerta do Trades Union Congress (TUC), que acusou essas plataformas de precarizar o emprego no setor varejista e comprometer os direitos dos trabalhadores.
Críticas ao Modelo de Trabalho na Gig Economy
O Trades Union Congress (TUC), um dos principais órgãos sindicais do Reino Unido, enviou uma carta às três empresas exigindo o fim do uso de aplicativos que contratam trabalhadores freelancers para atuar como assistentes temporários de loja. Segundo a entidade, esse modelo coloca os profissionais em situação de vulnerabilidade, já que são classificados como autônomos e, portanto, não têm acesso a direitos trabalhistas básicos, como:
- Salário mínimo legal
- Férias remuneradas
- Pagamento por afastamento médico
- Pausas obrigatórias
- Proteção contra demissão injusta
Kate Bell, secretária-geral assistente do TUC, criticou a prática, destacando que as empresas estavam colocando seus funcionários em risco ao evitar contratos formais.
“Qualquer pessoa olhando essa situação de fora consideraria risível a ideia de que o funcionário que os atende em uma loja é um autônomo, como se fosse um prestador de serviços independente, e não um trabalhador temporário ou fixo da empresa”, disse Bell.
A denúncia ganhou repercussão na mídia britânica, e a pressão sobre as marcas aumentou, levando-as a encerrar as contratações por meio desses aplicativos.
Uniqlo, Lush e Gymshark Respondem às Críticas
A Uniqlo, rede de moda japonesa, admitiu que usou brevemente o aplicativo Temper para contratar trabalhadores temporários para complementar sua equipe durante períodos de alta demanda. No entanto, a marca afirmou que não usará mais essa prática.
“Após um breve período de testes com o Temper, a Uniqlo não contrata mais trabalhadores freelancers para funções temporárias em lojas. Preferimos recrutar diretamente ou por meio de outros canais que garantam que todos os nossos funcionários tenham direito aos benefícios trabalhistas aplicáveis”, declarou a empresa.
A Lush, conhecida por seus produtos de beleza e cosméticos naturais, declarou que utilizou a plataforma apenas uma vez, contratando menos de seis trabalhadores temporários por um curto período. A marca assegurou que não pretende repetir esse tipo de recrutamento no futuro.
A Gymshark, gigante do setor fitness, não comentou oficialmente, mas fontes ligadas à empresa afirmaram que ela também abandonou as contratações por aplicativos da Gig Economy.
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Contratações por Aplicativos da Gig Economy e os Desafios no Setor Varejista
A chamada gig economy, que envolve trabalhos temporários, autônomos ou por demanda, tem sido alvo de intensos debates no Reino Unido e em outros países. Embora esse modelo ofereça flexibilidade para trabalhadores e empregadores, sindicatos e especialistas alertam sobre a precarização do trabalho e a falta de direitos básicos.
Em setores como o varejo, a dependência de aplicativos para contratar funcionários temporários tem crescido, especialmente em períodos movimentados, como as festas de fim de ano. Entretanto, a reação negativa do público e de entidades sindicais está forçando algumas empresas a reavaliar suas estratégias de contratação.
O caso da Uniqlo, Lush e Gymshark mostra que as grandes marcas estão cada vez mais preocupadas em manter sua reputação e evitar escândalos trabalhistas. O TUC reforçou que continuará pressionando o setor varejista para eliminar essa prática e garantir que todos os trabalhadores recebam seus direitos de acordo com a legislação do país.
“Os sindicatos e os trabalhadores que representamos lutarão para que essa prática seja eliminada do varejo”, afirmou Bell.
Futuro das Contratações Temporárias no Reino Unido
A decisão das três grandes marcas de moda e beleza de abandonar as plataformas de gig economy pode ter um efeito cascata no setor varejista do Reino Unido. Outras empresas que adotam essa estratégia podem enfrentar pressões similares e precisar repensar seus métodos de contratação.
Ao priorizar modelos de emprego diretos, as empresas garantem que seus funcionários tenham acesso a condições dignas de trabalho, além de fortalecerem sua imagem junto ao público. Essa mudança também reflete um ajuste às novas expectativas dos consumidores, que estão cada vez mais atentos às práticas trabalhistas das marcas que consomem.
Com essa tendência, o varejo pode ser forçado a encontrar novas soluções para atender à demanda por funcionários temporários sem comprometer os direitos trabalhistas. Algumas alternativas incluem:
- Ampliação de contratos sazonais diretos
- Parcerias com agências de recrutamento formais
- Melhoria das condições de trabalho para reduzir a rotatividade
A mudança pode representar um avanço significativo para a valorização dos trabalhadores no setor e um novo desafio para marcas que buscavam reduzir custos por meio de aplicativos da gig economy.
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