MFW Menswear: D&G, Armani, Prada e mais apresentam coleções masculinas FW25

A Semana de Moda Masculina de Milão, MFW Menswear, ocorre entre os dias 17 e 21 de janeiro. O evento reúne 68 marcas para apresentarem suas coleções de outono/inverno 2025. No entanto, o line-up sofre com ausências importantes devido ao momento desafiador do mercado de luxo.

O estilista francês Pierre-Louis Mascia foi escolhido para dar início à semana de moda. Além dele, Armani, Prada, Dolce & Gabbana e Zegna se destacam entre os desfiles da temporada. Philipp Plein e Pronounce são as marcas que retornam ao calendário após período afastadas. 

Por outro lado, Neil Barrett, J.W. Anderson, MSGM, Moschino, Gucci, Dsquared2, Etro e Fendi são algumas das que decidiram não participar do evento – seja para unificarem suas coleções às femininas ou para adotarem desfiles individuais mais intimistas. 

A seguir, confira os destaques da Semana de Moda Masculina de Milão!

MFW Menswear
Dolce & Gabbana na MFW Menswear. Foto: Divulgação

PHILIPP PLEIN

Phillip Plein apresentou suas criações no primeiro dia da semana de moda. O desfile foi realizado no próprio hotel da marca em Milão, com direito a enormes garrafas de champanhe no cenário e uma performance de French Montana. O clima era de celebração no melhor estilo “rock star” que caracteriza o designer alemão. 

Os looks apresentados carregam a inconfundível assinatura extravagante da marca. Plein traz elementos de rock e college, incluindo tachinhas de metal e jaquetas pesadas. Ainda assim, as formas vistas são muito bem encaixadas, com alfaiataria precisa, calças ajustadas e casacos retos. 

A composição de paletó com gola alta traz elegância à coleção, ao mesmo tempo que os paletós bordados afastam a “caretice”. Os casacos com golas de pele retornam à cena, ao que propõe um inverno em que o conforto é o objetivo principal. 

Tudo isso amarrado a um conceito ousado e, paralelamente, comercial de streetwear faz com que Phillip Plein mereça destaque entre os desfiles da MFW Menswear. 

DOLCE & GABBANA

Após um verão fresco e criativo, Dolce & Gabbana voltam às raízes com um desfile de inverno “de verdade”. Como nos velhos tempos, a cartela de cores na nova coleção é escura (em especial, cinza e preta) e os truques de estilo ficam de fora. Uma prova desse resgate são as golas de pele, que permeiam quase toda a coleção. 

Os estilistas italianos entregam um ótimo mix de materiais e texturas. Eles equilibram o desfile entre momentos de streetstyle e alfaiataria. Os primeiros chamam atenção pelos jeans largos, casacos longos e estampas de leopardos e brilhos. 

Enquanto isso, os momentos mais formais incluem conjuntos completos (e reinventados!) de calça, colete e paletó. Os looks chamam atenção pela alfaiataria mais festiva, ao mesmo tempo que clássica e glamourosa. 

O resultado é uma coleção bem amarrada, que propõe um resgate saudável e maduro da identidade Dolce & Gabbana. Dessa forma, é capaz de agradar os antigos apreciadores da marca a medida em que conquista as novas gerações. 

PRONOUNCE

A chinesa Pronounce apresentou a coleção “Nitidez Romântica” em seu desfile na MFW Menswear. Esse paradoxo é revelado nas formas e nos materiais utilizados – descritos como “uma jornada por armas escondidas e guerreiros gentis”.

Os destaques incluem o uso da corda tridimensional, tecida e trançada à mão, e das armaduras e conchas (que simbolizam proteção!). As peças em lã, cashmere e malhas, adornadas com botões feitos de pedras naturais, também são elementos marcantes da coleção.

Enfim, os acessórios resultam de colaborações da Pronounce com o artista Lu Zheng e com a equipe criativa 998E. Entre eles, uma bolsa de madeira conceitual e óculos com formatos inesperados. O que vimos foram looks elegantes, porém jovens e artesanais.

EMPORIO ARMANI

Emporio Armani entregou um desfile animado, colorido e cheio de energia na Semana de Moda de Milão. Logo de início, a marca chama atenção com looks em patchwork com essência de esqui/snowboard. 

Na sequência à explosão de cores, Armani retoma sua tradicional estética de alfaiataria elegante, paleta terrosa e silhueta suave. O destaque fica por conta do veludo molhado, que aparece em quase todos os looks. O acabamento dá leveza aos paletós e calças, de forma a criar uma imagem masculina mais delicada. 

Em complemento, a marca utiliza tecidos com efeitos e texturas que contribuem para a narrativa da coleção. Assim, consegue agregar modernidade e frescor às suas formas já conhecidas. 

PRADA

Os codiretores de criação Miuccia Prada e Raf Simons apresentaram a coleção de outono/inverno da Prada em um cenário excêntrico: uma estrutura de andaimes de metal dividida em três andares. O espaço parecia um labirinto, que remetia o interior intimista e permissivo das boates techno.

Em resumo, o tema do desfile da MFW Menswear foi semelhante ao anterior. Trata-se de uma reflexão sobre o instinto humano, noção de proteção e criatividade. A coleção é enxuta, com forte influência do western amarrada a um bom storytelling.

As golas de pele/pelo aparecem em vários momentos. Com isso, se firmam como uma das grandes tendências da semana. Elas vem desconstruídas e irregulares em alguns momentos e se transformam em coletes em outras. O resultado é um efeito mais rústico aos looks.

Em relação ao western, as referências aparecem de maneira sutil, incluindo camisas de cowboy, estampa xadrez e de vaca, franjas e patchwork de couro. Paralelamente, a alfaiataria imprime os códigos de Miuccia: paletó folgado, com calças mais curtas e ajustadas e botas de cowboy (que tem tudo para fazerem sucesso, inclusive).

É possível dizer que o desfile foi menos impactante do que o anterior. No entanto, a coleção apresentada na MFW Menswear se mostra mais madura, sensual e misteriosa do que estamos acostumados da Prada.

MAGLIANO

As criações de Luca Magliano desfiladas na MFW Menswear dividiram opiniões do público. O diretor criativo propôs uma coleção com uma perspectiva particular da Costa Adriática, na Itália. Os looks 35 oferecem ares mais descolados, enquanto as cores são mais escuras. 

O que gerou polêmica em relação às peças é que Magliano parece ultrapassar a fronteira entre o “despojado” e o “desleixado” em alguns momentos. As peças transitavam entre a alfaiataria e o esportivo – ao que alguns ficaram com a sensação de desconexão entre os itens da coleção. 

Entre eles, estavam jaquetas de algodão canelado, calças de mohair transparentes e agasalhos acolchoados. Já os acessórios que mais chamaram a atenção foram a bolsa especial criada com Maeda e as joias que lembravam relíquias desbotadas. 

Vale exaltar a ousadia de Magliano em sair do óbvio. No entanto, o conceito da coleção, que envolvia mitologia, ruínas e memórias perdidas, talvez precisasse de mais refinamento para se destacar na MFW Menswear. 

SAUL NASH

Saul Nash estreou em Milão vindo diretamente do calendário de Londres. Anteriormente, a marca do jovem diretor criativo desfilava como NewGen. O desfile FW25 foi marcado pela jovialidade com doses controladas de ousadia

A nova coleção intitulada “Methamorphosis” mescla elementos de moda casual e sportwear, desconstrói modelagem e entrega silhuetas frescas. Os recortes nas peças esportivas se aliam aos cortes retos, aos abotoamentos deslocados nas jaquetas e camisas. Já os jeans possuem lavagem que se assemelha ao patchwork, ao mesmo tempo em que transmitem rebeldia. 

De maneira geral, as peças apresentadas visam a funcionalidade e a versatilidade. Elas são adaptáveis às necessidades do usuário, sem comprometer o estilo ou o conforto. Tudo é interessante, autêntico e nos deixa com gostinho de “quero mais”. 

DHRUV KAPOOR

Dhruv Kappor apresentou uma de suas coleções mais completas até o momento para a MFW Menswear. O estilista deu espaço para os códigos de moda da Índia, porém de maneira sutil. As peças são mistas, as cores equilibradas e algumas das estampas fazem referência aos anos 1960 e 1970. 

Democráticos, os looks possuem estilo urbano e confortável, com silhuetas arredondadas nas calças, jaquetas e camisas e comprimentos na medida para todas as peças. Enquanto isso, a alfaiataria mais “folgada” estabelece um diálogo possível com o dia a dia nas ruas. 

Vale destacar o uso do verde para iluminar o desfile, dos jeans bordados e das estampas indianas. Juntos, esses elementos ajudam a ancorar a coleção na realidade – adicionando um toque íntimo e expressando a maturidade da marca. 

Giorgio Armani

Após o desfile da Emporio Armani, o estilista voltou à passarela com a coleção FW25 de Giorgio Armani. A apresentação foi dividida em quatro partes: cinzas (um ícone da marca), snow fashion, cores vibrantes (incluindo vermelho Armani, azul e verde) e elegância noturna.

Foram apresentados nada menos do que 112 looks, que seguem fiéis aos códigos da marca, como tricôs de tramas finas e desenhadas, aspecto de “usado” e cortes despojados que trazem uma elegância especial ao homem Armani.

O veludo molhado é uma tendência que aparece na nova coleção. O acabamento adiciona leveza e sensualidade aos looks. Por outro lado, o momento “snowboard glam” parece não ter se encaixado na linha narrativa criada pela marca.

ZEGNA

Alessandro Sartori mostrou a coleção de outono/inverno “The Legend of Vellus Aureum” em homenagem à herança do luxo e à conexão familiar que atravessa gerações. O resultado foi um homem mais “cool”, capaz de equilibrar tradição e inovação, camadas e proporções.

Os tons utilizados são os terrosos, aplicados em peças discretas com excelentes acabamentos. Os tecidos são pesados (ao que sugerem conforto!). Enquanto isso, as padronagens e xadrezes aparecem de maneira despojada, mas ainda sofisticadas.

As jaquetas esportivas convivem em harmonia com alfaiataria xadrez. Nelas, vimos um bom exercício de proporções: ora ajustando os paletós e alargando as calças, ora deixando tudo mais “folgado”, porém sem passar dos limites.

Assim, se encerram os desfiles presenciais da MFW Menswear. O desfecho veio com chave de ouro com apresentação bem editada, pensada para um homem que valoriza o conforto, pela aclamada Zegna.

Conclusão sobre a MFW Menswear FW25

Os desfiles apresentados na MFW Menswear refletem o impacto da crise no mercado de luxo, especialmente devido à ausência de algumas das marcas mais aclamadas e pela monotonia dos looks desfilados. Foram poucas as coleções capazes de romperem com o óbvio e causarem um verdadeiro impacto para a moda masculina. 

Entre as citadas anteriormente, Prada e Dolce & Gabbana são as que mais merecem atenção. Ambas as marcas souberam apresentar looks criativos, porém sem darem as costas para o comercial e para seus códigos tradicionais.

As tendências que mais apareceram na semana de moda para o outono/inverno 2025 foram as golas de pele/pelo e o veludo molhado. Os acabamentos prometem dominar as produções femininas e masculinas para a próxima temporada. 

Passados os desfiles, agora é a Paris Fashion Week Menswear quem atrai os olhares da moda. O evento será realizado entre 21 e 26 de janeiro, com desfiles de Louis Vuitton, Dior, Hermés, Jacquemus e outras. 

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