A partir de 14 de setembro de 2025, o Museu Metropolitano de Arte de Nova York (MET) abre suas portas para uma exposição singular: Man Ray: When Objects Dream. Com mais de 150 peças, entre fotografias, filmes, pinturas e objetos, a mostra convida o público a mergulhar na mente criativa de um dos nomes mais inquietos do surrealismo, revelando o impacto de sua obra multidisciplinar na arte do século XX.
A exposição permanece em cartaz até 1º de fevereiro de 2026 e propõe uma releitura das icônicas rayografias/raiografias de Man Ray. Trata-se de uma homenagem à ousadia com que o artista desafiou as convenções visuais da época, ultrapassando limites formais e experimentando novas linguagens.
A conexão criativa entre Elsa Schiaparelli e Man Ray
A casa de moda Schiaparelli participa dessa celebração não apenas como espectadora, mas como parte ativa da narrativa. A ligação entre Elsa Schiaparelli e Man Ray foi construída com base na admiração mútua e na busca por novas formas de expressão. Eles se conheceram em Nova York em 1919 por intermédio de Gabrielle Buffet-Picabia, crítica de arte e escritora francesa, mas foi em Paris que a colaboração se intensificou.
Em um ambiente de efervescência criativa, não existiam hierarquias entre os dois: artista, musa, designer e modelo ocupavam papéis intercambiáveis. Man Ray captava com sua lente a essência da moda surrealista de Elsa, enquanto suas criações incorporavam os delírios visuais do fotógrafo. O resultado foi uma fusão poderosa entre arte e moda.
Uma relação que desafiou os limites do visível
Na estética compartilhada entre Ray e Schiaparelli, o surrealismo não era apenas um estilo: era uma forma de ver o mundo. Suas colaborações produziram imagens que desestabilizavam o real, fazendo do corpo um terreno para sonhos, símbolos e metáforas visuais. Os vestidos de Elsa tornavam-se miragens nas imagens de Ray, e a fotografia ganhava textura e tridimensionalidade graças aos tecidos e volumes desenhados por ela.
Essa relação simbiótica ajudou a redefinir os contornos da arte e da moda no século XX, abrindo caminhos para colaborações entre criadores de diferentes disciplinas. O trabalho conjunto dos dois permanece como um marco na história da estética moderna e serve de inspiração até hoje.
Daniel Roseberry e a continuidade desse legado
O atual diretor criativo da Schiaparelli, Daniel Roseberry, vê em Man Ray uma figura com a qual se identifica. Ambos são americanos e do signo de virgem: Ray nasceu na Pensilvânia em 1890 e Roseberry é natural do Texas. E os dois compartilham também uma visão outsider diante da cena artística parisiense. Para ele, tanto Man Ray quanto Elsa Schiaparelli foram pioneiros ao borrar as fronteiras entre moda e arte.
Segundo Roseberry, antes de a moda ser um negócio, era uma expressão artística e muito disso se deve à liberdade criativa com que Ray e Schiaparelli transitavam entre linguagens. Essa fluidez criativa é uma das bases da identidade da Schiaparelli até hoje, e a exposição no MET reforça esse elo histórico com o experimentalismo.
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Um convite à imersão sensorial e ao diálogo com o passado
Man Ray: When Objects Dream não apenas revisita a obra do artista, mas propõe uma experiência sensorial profunda. O visitante é convidado a enxergar os objetos como entidades sonhadoras, repletas de significados ocultos e potências transformadoras. A moda, nesse contexto, também sonha, e os delírios criativos de Schiaparelli e Ray seguem pulsando nas salas do museu.
Mais do que um tributo, a exposição é uma reativação de uma linguagem artística que insiste em atravessar o tempo. Entre sombras, silhuetas e flashes, Elsa e Man Ray continuam conversando com o presente, e agora, também com o futuro.
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