Paris fashion week mens: destaques da temporada de primavera-verão 2026

A aguardada Paris Fashion Week Men’s teve início hoje, 24 de junho, e promete ser uma das edições mais emblemáticas dos últimos anos. Com desfiles programados até o dia 29 de junho, a semana será marcada por estreias impactantes, retornos significativos e estreias históricas para a moda brasileira.

Um dos grandes destaques é o retorno da Saint Laurent ao calendário oficial, depois de mais de dois anos ausente com seus desfiles masculinos. A grife francesa promete uma coleção que reafirma seu lugar de destaque no cenário fashion global. Wales Bonner e Craig Green também retomam suas apresentações presenciais, reforçando o peso desta edição.

Entre os nomes que continuam em ascensão está o designer mexicano-americano Willy Chavarria, que retorna para sua segunda participação em Paris, consolidando sua voz singular na moda masculina. Já o sempre aguardado Simon Porte Jacquemus encerra a semana no dia 29 com um desfile misto, como de costume, cercado de expectativa.

Mas o momento mais esperado da temporada é, sem dúvida, a estreia de Jonathan Anderson à frente da Dior Men, marcada para o dia 27 de junho. A entrada do estilista promete uma reviravolta criativa na maison e já é apontada como um dos desfiles mais influentes do ano.

Para o Brasil, esta edição é histórica: pela primeira vez, uma marca nacional entra para o calendário oficial da Paris Fashion Week Men’s. A P.Andrade, comandada pelos designers Pedro Andrade e Paula Kim, se apresenta no dia 29 de junho com um formato inédito: uma performance artística, em vez de um desfile tradicional. A estreia representa um marco para a moda brasileira em território internacional.

paris fashion week mens: saint laurent

Abrindo com força a temporada de verão na Paris Fashion Week Men’s, após dois anos fora da semana, a marca volta, sob comando do designer Anthony Vaccarello, que apresentou uma coleção poderosa para a Saint Laurent, repleta de significado e refinamento contemporâneo. Em um cenário minimalista, a apresentação reafirmou o domínio da maison no cruzamento entre moda, história e atitude.

A inspiração veio de Fire Island, icônico refúgio nova-iorquino da comunidade LGBTQIA+ e símbolo de liberdade e expressão desde os anos 1970. Essa referência afetiva foi entrelaçada à memória de Yves Saint Laurent e à sua vivência na Paris boêmia e ousada do pós-guerra, criando um elo entre o passado e o presente da marca — e da moda como linguagem identitária.

Na passarela, a proposta visual foi marcada por uma sensualidade sutil, refinada e codificada. Shorts amplos, trench coats com cortes impecáveis e blazers de ombros marcados trouxeram um jogo de proporções envolvente, ao mesmo tempo relaxado e sofisticado. Vaccarello reinterpretou uma famosa imagem dos anos 1950 de Saint Laurent, vestindo um smoking no pós-banho, transformando-a em uma metáfora visual para a nova masculinidade: livre, elegante e multifacetada.

A paleta cromática trouxe um sopro de verão urbano: tons vibrantes como amarelo, vermelho queimado, violeta e verdes profundos dialogaram com os clássicos neutros da alfaiataria, criando um equilíbrio entre ousadia e atemporalidade. As texturas leves — algodão, seda, viscose — reforçaram a fluidez da coleção, perfeita para um verão cosmopolita.

Nos acessórios, o destaque absoluto ficou para os óculos de sol, apresentados em uma variedade de modelos esculturais e cores translúcidas, com apelo futurista e instantaneamente desejável. Com formas angulares, lentes coloridas e armações bold, os modelos prometem ser protagonistas do verão 2026 — e um hit imediato do street style.

Mais do que apenas uma coleção, Vaccarello entrega um manifesto visual de liberdade e sofisticação. Ao abrir a semana com essa declaração estética e política, Saint Laurent reafirma seu papel como uma das maisons mais influentes da atualidade, onde passado e presente se fundem em pura elegância.

paris fashion week mens: louis Vuitton

Pharrell Williams segue à frente da direção criativa da linha masculina da Louis Vuitton e, para a coleção Primavera/Verão 2026, apresentou uma proposta marcante no icônico Centre Pompidou, em Paris. A passarela, concebida pelo arquiteto Bijoy Jain, do Studio Mumbai, foi transformada em um tabuleiro contemporâneo — um cenário simbólico para revelar uma nova abordagem estética do artista à frente da maison.

Inspirado por uma vibrante imersão cultural na Índia — com referências sutis a cidades como Delhi, Mumbai e Jaipur — Pharrell entregou uma coleção que equilibra sofisticação e praticidade. Ao contrário dos desfiles midiáticos de temporadas anteriores, esta apresentação adota um tom mais sóbrio, realista e intimista, sem abrir mão do luxo e da inovação.

Na passarela, tecidos com texturas surpreendentes, bordados em xadrez degradê e materiais com brilho reflexivo traduziram uma alfaiataria leve e moderna. Elementos utilitários convivem com cortes clássicos, criando um diálogo entre tradição e funcionalidade. A proposta flerta com o streetwear, o loungewear e até com o corpcore, mas tudo de forma refinada, com aquele toque “Pharrelliano” de originalidade.

Destaque para os shortões com estética de ceroula combinados a casacos longos e sobreposições elegantes — soluções visuais que funcionam também fora da passarela. A alfaiataria, sempre presente na herança da Louis Vuitton, surge com bordados de palmeiras e acabamentos que trazem leveza tropical às peças.

Nos acessórios, as clássicas bolsas da maison surgem repaginadas, lado a lado com baús ornamentados com pinturas artesanais e referências étnicas sofisticadas. Ilustrações lúdicas de animais, criadas por Eric Anderson, adicionam uma camada divertida à narrativa visual.

Mais do que um desfile, esta coleção marca uma virada na trajetória de Pharrell à frente da Louis Vuitton. Ao abandonar o excesso de espetáculo e se aproximar de uma moda mais funcional, acessível e conectada com os desejos do consumidor contemporâneo, o estilista reafirma sua capacidade de traduzir cultura em estilo — com alma, propósito e muita elegância.

paris fashion week mens: Walter van beirendonck

Walter Van Beirendonck apresentou a coleção “Wink with Starry Eyes” no Théâtre de l’Odéon, em Paris, explorando memórias de infância com um olhar nostálgico e otimista. A passarela foi tomada por cores vibrantes, estampas pixeladas, silhuetas exageradas e elementos lúdicos como chupetas, bobes e chapéus assinados por Stephen Jones.

Misturando padronagens como xadrez, florais liberty e camuflados coloridos, a coleção apostou na desconstrução criativa com ternos e camisas que se desmontavam por botões estratégicos. Apesar do excesso visual, houve espaço para momentos de sobriedade com alfaiataria limpa e formas mais básicas.

Mais uma vez, Walter entregou uma moda livre, ousada e com assinatura inconfundível — equilibrando irreverência e técnica com maestria.

paris fashion week mens: EGONLAB

Mais do que um simples desfile, a EGONlab apresentou uma coleção profundamente emocional e tecnicamente impecável, que prestou homenagem a René Glémarec — avô de Florentin Glémarec, cofundador da marca ao lado de Kevin Nompeix — e a primeira pessoa a vestir uma criação da grife desde sua fundação, em 2020.

Guiados por um tributo pessoal, os diretores criativos transformaram esse sentimento em roupa com maestria. A coleção, inspirada no universo bucaneiro, foi reinterpretada sob uma ótica urbana e contemporânea, resultando em uma alfaiataria de forte presença visual, mas ao mesmo tempo sofisticada e pragmática.

A coleção propôs um equilíbrio entre o conceitual e o utilizável. Peças utilitárias — como jaquetas com acabamento queimado e jeans com aspecto desgastado — apareceram ao lado de ternos de corte preciso e silhuetas bem estruturadas. A cartela de cores, pontuada por tons de bege, preto e branco, conferiu coesão e atemporalidade, enquanto o xadrez surgiu de forma pontual, suavizando o visual mais sóbrio com toques gráficos.

As modelagens foram o ponto alto: paletós ajustados na cintura, ombros retos, casacos longilíneos e calças com barras dobradas trouxeram modernidade a formas clássicas. As jaquetas em construção tipo casulo e os chapéus rendados adicionaram um leve toque dramático à coleção, sem destoar da proposta principal. Tudo foi pensado com precisão, do caimento ao comprimento, passando por punhos dobrados, suéteres justos e peças de aparência artesanal.

paris fashion week mens: lemaire

No seu mais recente desfile, a Lemaire apresentou uma coleção mista que reafirma com precisão o DNA da marca: elegância silenciosa, praticidade refinada e uma estética sutilmente cool. Sob o comando de Christophe Lemaire e Sarah-Linh Tran, a apresentação foi um exercício de coerência e sofisticação atemporal — uma moda pensada para o dia inteiro, sem esforço e sem excessos.

A coleção propôs uma alfaiataria descontraída, com peças leves e fluidas que vestem com naturalidade. Vestidos longos com drapeados, camisas oversized, calças amplas e bermudas desconstruídas surgiram em tecidos de caimento impecável, criando silhuetas que flutuam entre o relaxado e o estruturado. A dualidade entre leveza e densidade — seja em materiais, cortes ou composição — apareceu de forma sutil, mas marcante.

Na paleta de cores, os neutros dominaram com autoridade: tons terrosos, off-whites, pretos e cinzas construíram um universo visual contido, mas cheio de nuances. Texturas elegantes e estampas discretas deram profundidade ao visual sem competir com o minimalismo central da proposta.

A ausência de estruturas rígidas conferiu versatilidade às peças e reforçou o apelo de uma moda democrática e atemporal. Para os homens, a alfaiataria ampla e confortável — com parkas utilitárias, suéteres de trama solta e trench coats longilíneos — apontou para um luxo discreto, focado no uso real. Já no feminino, vestidos fluidos e camisas despojadas se fundiram com elementos tradicionalmente masculinos, como jaquetas, casacos e bermudas, mas reinterpretados com leveza e naturalidade.

O ápice da coleção se deu justamente na fluidez entre os gêneros, provando que a proposta da Lemaire vai além do guarda-roupa: é um estilo de vida. Uma moda que não precisa gritar para ser notada, mas que se impõe com inteligência, suavidade e precisão.

paris fashion week mens: wales bonner

Para celebrar seus 10 anos, a marca apresentou uma coleção que revisita os clássicos do guarda-roupa masculino com uma abordagem contemporânea, sensível e cheia de personalidade.

Em um desfile misto, a proposta revelou uma moda que transita com naturalidade entre o esporte e a sofisticação. Entre os destaques, surgiram shorts curtos com estampas gráficas e aplicações de pedrarias, camisas com transparências suaves que sugerem sensualidade sem exageros, e conjuntos esportivos reinterpretados com cortes precisos e acabamento refinado.

Nos acessórios, dois elementos chamaram atenção: a nova versão da colaboração com a Adidas, chuteiras com laterais vazadas que mesclam funcionalidade e design conceitual, e os chapéus assinados por Stephen Jones, que trouxeram um toque de teatralidade elegante à composição final dos looks.

paris fashion week mens: Dries van noten

Nesta temporada, o diretor criativo Julian Klausner conduziu a marca por caminhos mais leves e despretensiosos, rompendo com a habitual paleta neutra para abraçar uma estética vibrante e solar.

A coleção apostou em cores intensas e estampas marcantes, injetando frescor e espontaneidade às passarelas com uma proposta que celebra o verão em sua expressão mais livre. As sobreposições desempenharam um papel central na construção dos looks: trench coats leves foram usados sobre camisetas amplas e shorts biker, enquanto mini shorts reforçaram o espírito descontraído e jovial da coleção.

Nos pés, calçados em tons vibrantes e clássicos pretos foram combinados com meias coloridas — um detalhe que, longe de ser casual, quebrou a monotonia dos visuais monocromáticos e adicionou uma camada lúdica à estética geral. O resultado foi uma coleção que equilibra funcionalidade e leveza, com personalidade e frescor visual.

PARIS FASHION WEEK – ISSEY MIYAKE

Satoshi Kondo apresentou uma coleção masculina que traduz com elegância a leveza do vestir contemporâneo, equilibrando sofisticação e sensibilidade com uma abordagem modernista.

Em uma paleta vibrante que trouxe energia lúdica ao desfile, as peças exploraram volumes amplos, priorizando o conforto sem abrir mão da construção precisa. A coleção revelou texturas orgânicas — nervuras, tramas elaboradas e acabamentos propositalmente desgastados — evocando uma estética natural e artesanal, sustentada por técnica refinada.

A alfaiataria surge descomplicada e arejada, com formas amplas delicadamente ajustadas por cintos, criando uma silhueta fluida e sutil. Casacos com capuz de apelo levemente distópico, jeans estonados e estampas ampliadas traduzem uma visão futurista do cotidiano.

PARIS FASHION WEEK- RICK OWENS

Rick Owens retornou ao icônico Palais de Tokyo com mais um espetáculo teatral, transformando o espaço em um palco metálico de proporções simbólicas. A estrutura serviu tanto de cenário quanto de plataforma performática: modelos escalaram, se penduraram e atravessaram o espelho d’água central, ampliando o impacto visual e reforçando a atmosfera ritualística da apresentação.

Na passarela, a estética apocalíptica de Owens permaneceu intacta — com influências rocker e fetichistas. Calças com correias, barras alongadas cravejadas de ilhoses e uma paleta escura e opaca reafirmaram sua assinatura visual. A diferença? Um equilíbrio mais sensível entre o drama conceitual e a usabilidade cotidiana.

A silhueta reta dominou a coleção, com jaquetas de couro, jeans e tafetá em comprimentos que variaram entre spencers curtos e peças longas e imponentes. Bermudas estruturadas, puffers robustos, franjas dramáticas e equipamentos de alpinismo usados como acessórios adicionaram tensão e textura aos looks. Já túnicas de paetê trouxeram brilho inesperado à coleção sóbria.

PARIS FASHION WEEK – YOHJI YAMAMOTO

Yohji Yamamoto apresentou uma coleção que sinaliza uma transição significativa em sua trajetória. Mantendo sua icônica paleta de preto e branco — agora com toques sutis de marrom e azul — o estilista se distancia, ainda que com elegância, da estética rebelde e desconstrutivista que o consagrou.

A nova proposta dialoga com o cotidiano e assume um viés mais comercial, mas sem jamais ceder ao previsível. A alfaiataria se apresenta “invertebrada”: fluida, confortável, destituída da rigidez tradicional. Camisas de tecidos finos, adornadas por frases silkadas e estampas que flertam com o streetwear, criam uma atmosfera etérea e urbana. A camisaria longa e ampla, sobreposta de forma leve a bermudas e calças encurtadas, injeta frescor e juventude ao conjunto.

Blazers com mangas curtas e cortes mais ajustados evidenciam essa reinvenção silenciosa. Tecidos acetinados, secos ou com desenhos sutis na trama adicionam sofisticação tátil e visual, elevando o valor estético da coleção.

PARIS FASHION WEEK – DIOR

Em sua aguardada estreia na Dior Men, JW Anderson surpreendeu com uma coleção marcada por precisão, sofisticação e maturidade criativa. Optando por um desfile intimista, o estilista priorizou a proximidade com o público e a substância das peças, sinalizando o fim da era Kim Jones e de seu estilo “fofo”.

Longe de excessos conceituais, Anderson adotou uma abordagem estratégica e respeitosa: mergulhou na herança da Dior para construir algo novo e relevante. O resultado foi um equilíbrio refinado entre tradição e inovação — com silhuetas enxutas, jeans democráticos, blazers acinturados, coletes rococó e uma paleta sofisticada de tons suaves.

A coleção demonstrou domínio estético, inteligência criativa e total adequação à maison, superando expectativas e marcando o início de uma fase sólida e inspiradora para a Dior Men.

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