O estilista Francesco Risso anunciou sua saída da direção criativa da Marni, encerrando um ciclo de quase dez anos como diretor da marca italiana. A notícia foi divulgada pela OTB Group, holding liderada por Renzo Rosso, responsável por marcas como Maison Margiela e Jil Sander. A decisão marca o fim de uma era para a Marni, que viveu uma fase de renovação estética e expansão internacional sob a liderança de Risso.
Em nota oficial, Renzo Rosso agradeceu ao estilista pelo trabalho realizado: “Francesco abraçou o espírito e os valores da casa e os levou a novos territórios. É um artista de coração, e desejo a ele apenas o melhor para o futuro.” A Marni, fundada por Consuelo Castiglioni, teve seu controle total assumido pela OTB em 2015, e Risso foi nomeado diretor criativo logo no ano seguinte.

Uma década de experimentação e liberdade criativa
Desde que assumiu o comando da Marni, Francesco Risso construiu uma identidade marcante para a marca, mesclando irreverência, sofisticação e um toque artístico autoral. Sua abordagem combinava referências excêntricas com cortes precisos e uma paleta vibrante, que colocaram a Marni em destaque dentro do circuito fashion internacional.
Risso cultivou uma linguagem estética própria, com foco na autenticidade e na celebração da individualidade. Em suas próprias palavras, a Marni foi um “estúdio, um palco e um sonho”. A liberdade criativa e o ambiente colaborativo moldaram uma fase em que a moda era tratada como expressão emocional e artística, um reflexo direto da sensibilidade do designer.

Impacto no grupo OTB e futuro da Marni
A saída de Francesco Risso ocorre em um momento de reestruturação do grupo OTB. A mudança representa a terceira alteração criativa recente dentro da holding, que já conta com Glenn Martens na Maison Margiela e Simone Bellotti na Jil Sander. A sucessão na Marni ainda não foi anunciada, mas a movimentação consolida um novo ciclo para as principais marcas do grupo.
Um dado simbólico chama atenção: com a saída de Risso, o grupo OTB passa a não contar mais com nenhuma mulher na direção criativa de suas casas de moda, rompendo com um histórico que até então incluía nomes femininos relevantes. A nomeação de um ou uma sucessora na Marni poderá, portanto, sinalizar não apenas o futuro estético da marca, mas também os valores de representatividade dentro da organização.
A visão de Risso para a Marni: jovialidade com propósito
Logo ao assumir o cargo, Risso definiu a Marni como um “templo da jovialidade”, um espaço que, segundo ele, era inteligente, instintivo e contra estereótipos. Essa perspectiva conduziu coleções que ousaram tanto nas formas quanto nas apresentações, e aproximaram a marca de uma nova geração de consumidores conectados à arte e à liberdade de expressão.
Mais do que criar roupas, Risso conduziu a Marni por uma jornada de identidade e emoção. Ele resgatou o poder do gesto, do toque humano, da construção manual. Em uma indústria muitas vezes moldada por métricas e tendências, ele apostou na emoção e na construção de narrativas sensíveis.
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Expectativas para a próxima fase da direção criativa da Marni
Com a saída de Francesco Risso, cresce a expectativa sobre quem será o próximo nome a liderar a direção criativa da Marni. A nova nomeação poderá definir os rumos da marca em um momento em que as casas de moda enfrentam o desafio de equilibrar tradição, inovação e coerência com o zeitgeist contemporâneo.
Independentemente do próximo capítulo, o legado de Risso é evidente. Ele reposicionou a Marni como uma marca de identidade forte, estética reconhecível e espírito provocador. Seu período à frente da marca será lembrado como uma fase de risco, de liberdade criativa e de impacto cultural genuíno dentro e fora das passarelas.
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