A Nike se vê no centro de uma controvérsia legal após um grupo de investidores abrir um processo coletivo contra a empresa. O motivo seria o encerramento repentino do projeto RTFKT, subsidiária focada em Web3 adquirida pela marca em 2021. Os autores da ação alegam que a Nike causou prejuízos milionários ao abandonar o projeto de NFTs (tokens não fungíveis) sem aviso prévio, impactando drasticamente o valor dos ativos digitais ligados à marca.
Segundo os documentos apresentados, a Nike teria promovido os NFTs da RTFKT como se fossem investimentos seguros, aproveitando-se da sua força de marketing para impulsionar as vendas. Agora, os investidores buscam mais de US$ 5 milhões em indenizações, argumentando que jamais teriam comprado os ativos se soubessem dos riscos envolvidos e da falta de registro adequado junto às autoridades regulatórias.
Nike é acusada de promover valores mobiliários não registrados
A base do processo é a acusação de que a Nike teria comercializado NFTs que deveriam ser classificados como valores mobiliários não registrados. A empresa teria aproveitado a alta do mercado cripto para vender os ativos, incentivando os consumidores a acreditar que os tokens teriam valorização garantida devido ao apoio de uma marca globalmente reconhecida.
Os investidores afirmam que a dissolução da RTFKT eliminou todas as promessas de benefícios futuros, como acesso a produtos exclusivos, recompensas por missões completadas e oportunidades de revenda lucrativa. Com isso, os NFTs perderam rapidamente seu valor de mercado, deixando muitos compradores com ativos digitais considerados praticamente inúteis.
O argumento central da ação é que o valor dos NFTs estava intrinsecamente ligado ao sucesso da RTFKT e aos esforços de marketing da Nike. Sem a continuidade do projeto, as expectativas criadas foram frustradas, configurando, segundo os investidores, uma violação das leis de proteção ao consumidor em estados como Nova York, Califórnia, Flórida e Oregon.
Problemas técnicos agravam a situação
O descontentamento entre os investidores aumentou ainda mais após uma falha técnica ocorrida em 24 de abril de 2025. Muitos NFTs vinculados à RTFKT ficaram sem imagens visíveis devido a uma falha no contrato de hospedagem com a Cloudflare. Samuel Cardillo, diretor de tecnologia da RTFKT, explicou que a empresa havia decidido migrar para o plano gratuito da Cloudflare, mas o encerramento do contrato aconteceu antes do previsto, causando problemas de exibição dos arquivos.
Para corrigir a situação e evitar novos incidentes, a equipe da RTFKT iniciou a migração dos arquivos para o Arweave, uma plataforma de armazenamento descentralizada. A medida visa garantir maior segurança e estabilidade para os proprietários dos NFTs da marca, embora tenha chegado tarde demais para conter a insatisfação gerada pelo colapso do projeto.
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Investidores buscam indenização e julgamento com júri
Na ação coletiva, os investidores pedem a devolução dos valores investidos e danos adicionais, totalizando mais de US$ 5 milhões. Eles argumentam que foram induzidos a erro por práticas enganosas de marketing e pela omissão de riscos relacionados aos NFTs.
Além disso, o processo levanta questões sobre a responsabilidade das grandes marcas no mercado de ativos digitais, reforçando o debate sobre a regulamentação de NFTs como valores mobiliários. A expectativa agora é que o caso avance para julgamento com júri, o que pode abrir precedente importante para a relação entre moda, tecnologia e direito financeiro.
Enquanto isso, a Nike ainda não se pronunciou oficialmente sobre as alegações. O desfecho do processo poderá impactar a forma como empresas tradicionais se envolvem com projetos Web3 no futuro, exigindo mais transparência e compromisso de longo prazo com as comunidades que ajudam a construir.
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