Vale assistir Frankenstein, de Guillermo del Toro, com Jacob Elordi e Mia Goth?

O aguardado Frankenstein (2025), de Guillermo del Toro, chega à Netflix em 7 de novembro de 2025 após a estreia na 82ª Mostra de Veneza (27 de agosto a 6 de setembro). O filme confirma a predileção do diretor por monstros trágicos, almas feridas e mitologias sombrias, agora revisitadas sob a ótica lírica que lhe rendeu o Oscar por A Forma da Água (2017).

Trata-se de um projeto acalentado por mais de uma década, marcado por tentativas, rumores e idas e vindas de estúdio, até finalmente receber sinal verde. O resultado é um drama gótico de alta voltagem estética, cujo encanto reside tanto no espetáculo visual quanto na dor íntima de suas criaturas, fiéis ao espírito do romance de Mary Shelley (1818).

Vale assistir Frankenstein, de Guillermo del Toro,  com Jacob Elordi e Mia Goth?
Foto: Divulgação/Cortesia

O retorno de del Toro ao mito: poesia e escuridão

Del Toro abraça Frankenstein como meditação sobre paternidade, rejeição e redenção. A criatura deixa de ser apenas um símbolo de horror e torna-se espelho de uma pergunta persistente: “Quem são os verdadeiros monstros?” Ao reposicionar o mito, o cineasta amplia sua tradicional empatia pelos “excluídos”, compondo um conto moral sobre desejo de pertencimento.

A estreia na Mostra e a chegada global via streaming sugerem um filme pensado para diálogo amplo: poético e sombrio, acessível e, ao mesmo tempo, rigoroso no ofício. O equilíbrio entre intimismo e grandiosidade reafirma a marca autoral de del Toro, que volta a cruzar fantasia e dor humana sem perder o pulso do entretenimento.

Vale assistir Frankenstein, de Guillermo del Toro,  com Jacob Elordi e Mia Goth?
Foto: Divulgação/Cortesia

Elenco magnético: Oscar Isaac, Jacob Elordi e Mia Goth

Oscar Isaac interpreta Victor Frankenstein como um gênio consumido pela ambição e por conflitos afetivos, incapaz de amar o “filho” que cria a partir de corpos. O ator entrega um Victor febril e contraditório, cuja arrogância científica expõe feridas morais profundas.

Jacob Elordi surge como a Criatura em registro comovente e físico, longe de estereótipos de “galã”. Entre florestas ásperas, um velho solitário e ratos que fazem às vezes de companhia, ele compõe um ser incompreendido e de olhar devastador, um dos papéis mais potentes de sua carreira recente. Mia Goth, musa do estranho, ocupa dois papéis que atravessam o desejo e o luto; sua graça macabra e presença icônica, ainda que parcimoniosa em cena, deixam rastro. Christoph Waltz adiciona tensão discreta em participação enigmática.

Vale assistir Frankenstein, de Guillermo del Toro,  com Jacob Elordi e Mia Goth?
Foto: Divulgação/Cortesia

Um fetiche visual: expressionismo, luz lívida e figurinos exuberantes

O filme ostenta cenários expressionistas, iluminação de tons lívidos e figurinos exuberantes, compondo um gótico luxuoso que não deve nada ao cinema de tela grande. A direção de arte e a fotografia criam uma atmosfera de beleza tensa, onde cada sombra parece respirar.

Se o orçamento foi amplamente noticiado como elevado, o que salta aos olhos é o uso preciso e sensorial de cada recurso: composições que remetem a pinturas antigas, texturas úmidas de laboratório e uma paleta que alterna romance fúnebre e fulgor espectral. O design de produção conversa com o passado do mito sem cair em pastiche, atualizando o imaginário vitoriano com a sofisticação contemporânea.

Frankenstein na cultura: ecos, reinvenções e urgência contemporânea

Adaptar Shelley é dialogar com uma tradição rica: do clássico de James Whale (1931) com Boris Karloff às leituras de Kenneth Branagh e Danny Boyle, passando por hipóteses pop que vão de Warhol ao rock teatral de Alice Cooper. Del Toro se insere nessa linhagem buscando afetos e ética, não apenas pavor.

Fora do cinema, a criatura virou metáfora do artista e de sua obra amaldiçoada; nos quadrinhos, na música e nas artes visuais, ela encarna o corpo recomposto e o desafio às normas. Já na TV e nas distopias tecnológicas, Frankenstein é sintoma do nosso tempo: IA, transumanismo, solidão digital. Em 2025, a lenda retorna com pertinência: uma criatura que só quer ser amada em um mundo que a rejeita.

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Vale a pena ver? Onde assistir e para quem é o filme

Apesar de eventuais longitudes de ritmo, o conjunto é hipnótico: um espetáculo de sensações que se sustenta no trio de performances e na direção empática de del Toro. Para quem busca horror elegante, drama moral e um artesanato visual raro, é imperdível.

Disponível na Netflix em 7 de novembro de 2025, Frankenstein é ideal para quem se interessa por fantasia gótica, adaptações literárias e cinema de autor de alto refinamento plástico. A pergunta final, fiel ao espírito de Shelley, permanece reverberando após os créditos: o monstro criou o monstro, ou fomos nós?

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