“Back to Black”, o novo filme biográfico sobre a carreira e vida da cantora britânica Amy Winehouse, chega aos cinemas do Reino Unido hoje (12/04).
Desde o anúncio em julho de 2022, o filme biográfico de Amy Winehouse, “Back to Black”, tem sido alvo de críticas. Fãs questionam desde a escolha da atriz principal (Marisa Abela, da série Industry) até o timing do lançamento, com alguns argumentando que ainda é cedo para abordar a vida da cantora morta por intoxicação alcoólica em 2011.
Biografias de músicos famosos podem ser lucrativas, mas também um campo minado. “Bohemian Rhapsody”, cinebiografia de Freddie Mercury lançada em 2018, foi criticada por minimizar os parceiros gays do cantor para focar em seu relacionamento com Mary Austin, mas ainda assim arrecadou uma fortuna.
Dirigido por Sam Taylor-Johnson (responsável por “Nowhere Boy”, cinebiografia de John Lennon, e “Cinquenta Tons de Cinza”), “Back to Black” é o segundo filme sobre a vida e legado de Winehouse, vindo na esteira do documentário “Amy”, de Asif Kapadia. Embora vencedor do Oscar, o documentário foi publicamente condenado pela família da cantora. O pai de Amy, Mitch Winehouse, declarou ao jornal Guardian pouco antes da estreia em Cannes: “Estão tentando me retratar da pior forma possível”. Os cineastas responderam que contaram com o apoio da família e que o filme refletia suas descobertas em mais de 100 entrevistas com pessoas próximas a Amy.
Claramente, a história de Winehouse é controversa: os envolvidos possuem versões próprias, às vezes contraditórias, sobre o que realmente aconteceu. Soma-se a isso o fato de muita coisa ter ocorrido a portas fechadas, como as nove tentativas de internação de Amy para livrá-la das drogas e do álcool, recentemente reveladas.
Então, como o novo filme retrata a história dela em comparação com os anteriores?
Drogas x adultério: o motivo do divórcio
Apesar de Amy ter tido alguns relacionamentos amorosos, “Back to Black” foca no mais marcante: seu curto casamento com Blake Fielder-Civil, durante o qual ele a introduziu à heroína. O filme mostra o encontro no pub Good Mixer em Camden – mencionando que Fielder-Civil (interpretado por Jack O’Connell) tinha namorada na época – e o subsequente relacionamento conturbado, incluindo o casamento apressado em Miami. Em uma cena, em que Fielder-Civil usa cocaína na manhã seguinte à primeira noite juntos, Winehouse diz: “Drogas pesadas são para otários”. Mitch alega que Amy costumava dizer isso nos shows antes de começar a usar drogas pesadas ela mesma.
No filme, Fielder-Civil vive temeroso de ser trocado por alguém mais famoso, narrativa aparentemente baseada em seu pedido de divórcio em 2009, citando adultério como motivo. Contudo, o filme mostra Fielder-Civil terminando com Amy por conta da natureza autodestrutiva da relação e de sua própria desintoxicação na prisão. Vale lembrar que Fielder-Civil lutou para se manter livre das drogas e voltou à prisão em 2011 por roubar uma casa para financiar seu vício.
Pouca composição e sem vaias da plateia
Embora a produtora StudioCanal tenha dito inicialmente que “Back to Black” focaria no “extraordinário talento, criatividade e honestidade” de Amy, o filme raramente a mostra compondo ou gravando. Na verdade, antes da fama, Winehouse era conhecida como uma talentosa compositora e trabalhadora dedicada. No livro “It Ain’t Retro” (2021), sobre a gravadora Daptone Records, Binky Griptite, guitarrista de “Back to Black”, lembra que Winehouse era “uma musicista autêntica, 100% legítima. Havia indícios dos problemas dela, mas também muito foco no trabalho”.
Em entrevista a Howard Stern em 2019, o produtor de “Back to Black”, Mark Ronson (não retratado no filme), relembrou a rapidez com que Amy escreveu “Rehab”: “Ela sempre foi muito veloz. Tinha a música inteira na guitarra. Só precisei criar uma batida legal”.
Da mesma forma, o filme não aborda a tendência de Winehouse aparecer bêbada e desorientada no palco. Sua turnê de 2007 é mostrada como um sucesso, mas na realidade costumava ser caótica, com Amy ocasionalmente saindo do palco e xingando a plateia. O filme também omite a desastrosa performance final de Winehouse em Belgrado, quando ela subiu ao palco bêbada
