Com sua icônica fenda entre os dedos, os sapatos Tabi não são apenas um sapato — são uma declaração estética. Criado originalmente no Japão como uma meia tradicional no século 15, o modelo ganhou releitura fashion em 1989 por Martin Margiela, que transformou o design anatômico em um símbolo de vanguarda. Desde então, o Tabi se consolidou como um dos calçados mais cultuados (e controversos) do mundo da moda.
Agora, em 2025, os Tabis voltam ao centro das atenções com força total, impulsionados por uma estética que mistura estranhamento, minimalismo e identidade forte. Marcas independentes e grandes casas de moda revisitam o modelo em diversas versões: botas de couro, sapatilhas, tênis e até sandálias — com salto, flat ou plataformas.



A origem dos sapatos tabi
Originalmente, o tabi surgiu no Japão do século 15 como uma meia dividida entre os dedos, usada com sandálias tradicionais como o zori e o geta. Feito inicialmente de algodão branco, o modelo fazia parte do vestuário cotidiano e cerimonial japonês.
Porém, foi só em 1989 que o tabi ganhou status fashion global, quando Martin Margiela, fundador da Maison Margiela, apresentou a icônica bota Tabi em seu desfile de estreia. A versão de couro com fenda entre os dedos — inspirada diretamente nas meias japonesas — causou estranhamento imediato, mas também marcou o início de um novo olhar sobre o “feio” como forma de beleza conceitual. Desde então, o Tabi boot da Maison Margiela se tornou um dos símbolos mais reconhecíveis da moda experimental, desafiando convenções estéticas e conquistando status cult entre fashionistas e colecionadores.



Por que o Tabi está bombando de novo?
Em tempos de saturação visual, onde o diferente chama atenção instantaneamente, o Tabi ocupa um lugar perfeito: é estranho o bastante para gerar conversa, mas elegante o suficiente para funcionar com alfaiataria, jeans ou vestidos esvoaçantes. A sua estética “feia” virou um novo tipo de beleza fashion, disruptiva, conceitual, e, paradoxalmente, atemporal.
Além disso, o modelo ressurge em meio ao fascínio pela cultura japonesa, pelo artesanal e por silhuetas que brincam com o corpo. A nova geração, especialmente a Gen Z, abraça esse visual “não convencional” como símbolo de personalidade e conhecimento de moda.



Como usar o sapato Tabi hoje
O segredo do styling com o sapato Tabi está em tratá-lo como protagonista — uma peça de destaque que, mesmo marcante, abre espaço para muita criatividade. Ele pode ser versátil, ousado ou até discreto, dependendo de como é inserido na produção.
Em looks minimalistas e arquitetônicos, os Tabi boots ganham força ao lado de peças de alfaiataria estruturada, como blazers oversized, calças de cintura alta ou vestidos de linhas retas. Um visual monocromático ajuda a ressaltar a silhueta única do calçado, resultando em um efeito moderno e sofisticado.
Já com uma pegada streetwear ou Y2K, o sapato contrasta com o estilo utilitário de jeans largos, bermudas cargo, moletons oversized ou jaquetas puffer. A mistura inesperada cria uma leitura urbana, jovem e atual — perfeita para quem busca ousadia com conforto.
Para produções românticas, o Tabi pode ser combinado com saias plissadas, vestidos florais ou rendas delicadas. O contraste entre a estética “menininha” e o calçado conceitual dá um toque fashionista e vanguardista ao visual.
As meias também são protagonistas nesse styling. Meias brancas remetem ao Japão tradicional, enquanto versões coloridas ou estampadas adicionam irreverência e personalidade ao look. A combinação entre Tabi e meia-calça é uma escolha certeira para quem quer explorar camadas de estilo.
Looks genderless e andróginos encontram nos Tabi um aliado perfeito. Produções com calças retas, camisas amplas, coletes e peças de cortes neutros ganham ainda mais força com o sapato, que ajuda a construir uma estética fluida e livre de rótulos.
Por fim, os Tabis brilham ao lado de peças oversized ou assimétricas. Vestidos desconstruídos, trench coats volumosos ou alfaiataria com recortes não convencionais dialogam bem com a silhueta do calçado, reforçando um visual conceitual e cheio de personalidade.



Tabi fever: entre o cult e o comercial
Com versões acessíveis surgindo no mercado, o Tabi deixa de ser exclusividade do círculo avant-garde e ganha as ruas com uma nova cara: menos excludente, mais fashion statement. Ele não é mais apenas sobre Margiela, é sobre atitude, ruptura e estilo pessoal.
No fim, amar ou odiar o Tabi é quase inevitável. Mas é justamente essa polarização que faz dele o sapato do momento, estranho, ousado e absolutamente inesquecível.
Se você curte conteúdo sobre moda e lifestyle, acesse o nosso canal do Youtube com a Fabíola Kassin.